Por mais que o futebol seja um patrimônio nacional, uma atividade de interesse público, os clubes e entidades que o gerenciam e executam são de direito privado. Como tal, obtêm lucros (no Brasil, mais prejuízos do que lucros...). Justamente por isso, nunca consegui entender porque o Poder Público é obrigado a disponibilizar dezenas (algumas vezes centenas) de policiais para vigiar um espetáculo que, ainda que de interesse público, é de direito privado.
Policiais têm seus salários custeados pelo Estado, por meio dos impostos pagos pelos cidadãos. Nem todos estes cidadãos apreciam futebol ou comparecem aos estádios. Logo, são obrigados a custear a segurança de um espetáculo de direito privado e interesse restrito.
Nunca vi um show de uma banda qualquer ou a apresentação de um circo, por exemplo, ter a segurança feita pelos policiais militares. Por que, então, no futebol eles são obrigados a estar lá?
Se vivêssemos num país onde a criminalidade ocupasse a rabeira das preocupações, ainda assim seria discutível o uso de pms para fazer a segurança dos jogos. No Brasil, onde a carência de policiais nas ruas é flagrante e revoltante, constatar que dezenas ou centenas de homens - pagos para garantir a segurança da sociedade - ficam durante horas à mercê de um grupo é incompreensível e intolerável.
E antes que pensem que falo isso porque não gosto de futebol, sempre frequentei estádios.
Quando muito, a PM deveria fazer a segurança externa, das ruas, para garantia da ordem daqueles que NÃO querem participar da bagunça que envolve os nossos estádios em dias de jogos. Daí a ficar dentro dos gramados, perto de vestiários e protegendo atletas da insanidade de vândalos-torcedores me parece demais.
Faço este desabafo depois de ver uma foto na “Folha de S. Paulo” desta sexta-feira (26/3) mostrando ao menos seis pms fortemente armados, com metralhadoras, protegendo o atacante Ronaldo de um grupo de torcedores que protestavam na saída dele do estádio de Barueri após uma derrota do Corinthians.
Ora, se o espetáculo é privado, se os clubes e entidades que o organizam são de direito privado, se o atleta não estava numa atividade que envolvia segurança pública, por que a PM tem que fazer esse trabalho? O lucro do espetáculo não fica com os organizadores?
Para mim, clubes e federações devem ser responsáveis pela segurança do espetáculo que promovem e não o Estado. Clubes devem ser responsáveis pela segurança de seus atletas, não o Estado. Contratem seguranças particulares! Lugar de policial com metralhadora é na rua, protegendo o cidadão, não o Ronaldo.
Até porque lugar de torcida é na arquibancada, não na porta de estádio para agredir atleta. No esporte, um dia você ganha, em outro você perde. E é preciso saber vencer e perder. Isso, porém, vale para torcedores, não para bandos, gangues, que vão para os estádios como quem vai para uma guerra.
sexta-feira, 26 de março de 2010 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 20:53 |
Lugar de policial é nas ruas, não nos estádios
Marcadores: futebol, Poder Público, segurança
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