domingo, 13 de julho de 2008 | |

Curso online 3

O meu mais recente exercício no curso de roteiro foi a elaboração da escaleta, que vem a ser a previsão das cenas de uma obra. Por ser um pouco extensa, decidi coloca-la como comentário a esta postagem. Portanto, quem desejar lê-la, é fácil. A seguir vai o comentário do professor.

“Rodrigo, sua história está bem estruturada, amarrada e a escaleta está ok e num tamanho adequado para um roteiro de 15 minutos. Agora é seguir em frente e partir para os diálogos.”

2 comentários:

Rodrigo Piscitelli disse...

ESCALETA

CENA 1 – SEMI-ÁRIDO MINEIRO – EXT – DIA
João Jagunço caminha, errante, sob um sol forte, e fala consigo mesmo apresentando a vila dos “eleitos”, sua origem e seu estágio atual.

CENA 2 – VILA DOS “ELEITOS” – EXT - DIA
Antônio da Matta discursa para um grupo de “eleitos” falando sobre a terra prometida, o Juízo Final e atacando o prefeito Zé Bode, identificado como o “demo”.

CENA 3 – PREFEITURA – INT – DIA
Prefeito Zé Bode, irritado, reforça junto a assessores os argumentos contrários à vila dos “eleitos”, uma ocupação irregular. E dá a ordem para que uma equipe vá ao local e dê um ultimato para que Antônio da Matta e seu grupo deixem a área.

CENA 4 - SEMI-ÁRIDO MINEIRO – EXT – DIA
João Jagunço conversa com um passarinho e faz alguns comentários a respeito do comportamento/caráter de Antônio da Matta e do prefeito Zé Bode. Dessa forma, mostra o confronto de pensamentos e dá a entender que um confronto “corporal” é iminente.

CENA 5 – VILA DOS “ELEITOS” – EXT – DIA
Equipe da prefeitura chega à vila e dá de cara com Antônio da Matta falando para seu grupo. Rapidamente, o grupo se mobiliza e cria-se uma situação tensa entre os que querem ficar e os que querem tirar o pessoal do lugar. Antônio da Matta é incisivo, mas sempre usando a retórica e identificando os inimigos como os “anjos do mau”. A equipe decide deixar o local, mas com um aviso de que o tempo é curto.

CENA 6 - NO CÉU
Deus, que é apenas uma voz numa paisagem, faz um discurso dúbio sobre o que está acontecendo na vila dos “eleitos”, apontando críticas indiretas a Antônio da Matta e ao prefeito Zé Bode.

CENA 7 – PREFEITURA – INT - NOITE
A equipe está finalizando o relato da resistência do grupo de Antônio da Matta ao prefeito Zé Bode, que tem um ataque de raiva e diz: “agora chega”. A decisão está tomada: retirar as famílias e derrubar a vila.

CENA 8 – VILA DOS “ELEITOS” – EXT – DIA
Logo ao amanhecer, Antônio da Matta está andando pela vila, ainda vazia, e “conversando” com Deus, anunciando que o grupo não deixará o local até que o esperado dia do Juízo chegue.

CENA 9 - SEMI-ÁRIDO MINEIRO – EXT – DIA
João Jagunço antecipa um relato da batalha que virá para a retirada das famílias da vila dos “eleitos” e faz lamentações.

CENA 10 – PREFEITURA/PÁTIO – EXT – DIA
O prefeito Zé Bode pessoalmente comanda a mobilização da equipe que, com tratores, ferramentas e armas, fará a retirada das famílias da vila dos “eleitos” e a derrubada das casas.

CENA 11 – VILA DOS “ELEITOS” – EXT – DIA
Equipes da prefeitura chegam para retirar as famílias e derrubar as casas. Antônio da Matta inicia uma mobilização. Usa sua retórica para dar força às famílias para que resistam. Como a equipe da prefeitura mostra-se disposta a agir, Antônio da Matta faz um discurso de luta. Os tratores avançam sob ordem do próprio prefeito Zé Bode. Na hora “H”, as famílias da vila começam a fugir, abandonando o local, ante um misto de apelos, críticas e lamúrias de Antônio da Matta. Os tratores derrubam as casas, Antônio da Matta se vê abandonado, faz um ataque verbal ao prefeito Zé Bode, rogando-lhe uma espécie de “praga”. Refugia-se na praça central da vila, vê atônito ela ser destruída e morre no meio dos escombros, de desgosto.

CENA 12 – PREFEITURA – INT – DIA
O prefeito Zé Bode comemora o sucesso da operação e canta vitória com alguns assessores. Ataca Antônio da Matta, faz um discurso que mistura o objetivo de preservar a área ocupada irregularmente e de mostrar seu poder para manter seu domínio. Os assessores deixam a sala. Sozinho, o prefeito caminha e começa a sentir dores. Tem um mal súbito e cai morto, dando a impressão de que a “praga”, o destino que lhe fora traçado por Antônio da Matta, pegou.

CENA 13 – SEMI-ÁRIDO MINEIRO – EXT – DIA
João Jagunço, sempre caminhando errante, fala ao passarinho sobre o desfecho da história da vila dos “eleitos”. Faz uma conclusão profética sobre a humanidade dizendo que ainda virão muitos outros Antônio da Matta e Zé Bode.

CENA 14 – CÉU
Deus, a voz, ante a paisagem deserta e desolada da antiga vila dos “eleitos”, emenda o discurso de João Jagunço sobre os problemas da humanidade e conclui: “eles não me entendem”.

Unknown disse...

Ro,
Ficou muito legal! Tô gostando... É... acho que meu namorado além de ser um grande jornalista, do qual me orgulho e admiro muito, tem grandes probabilidades de ser um ótimo autor.
Beijos