domingo, 24 de janeiro de 2010 | |

A visita de Dilma

Estava preparado para o famoso mau-humor da pré-candidata do PT à Presidência da República, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Estava preparado para uma “operação de guerra” que costuma caracterizar visitas desse tipo, com seguranças por todo lado. Estava preparado para a correria e o amontoado de repórteres.

E eis que a porta do carro se abre e a toda-poderosa ministra desce, tranquilamente e sorridente. Para, espera o prefeito Silvio Félix, cumprimenta a primeira-dama Constância e posa com o casal para fotos. Na frente deles, o fotógrafo da prefeitura, o câmera da TV Jornal, Rodrigo Pereira (espertíssimo na cobertura, registre-se), e eu.

Não acreditei que estava ali sozinho (refiro-me aos colegas de imprensa). Acreditei menos ainda quando Dilma, demonstrando disposição, aceitou falar de imediato, sem frescuras. Para quebrar o gelo, e aproveitando que estava sozinho e tinha tempo para isso, recorri a um cumprimento. “Boa tarde. A senhora poderia responder a uma pergunta, rapidinho?”. Ela fez que sim com a cabeça. Iniciei com uma pergunta básica para conquistar a confiança dela. “Qual a expectativa de estar em Limeira para assinar um contrato de quase R$ 43 milhões?”

Dilma respondeu com muito bom humor. E respondeu com exclusividade para a TV Jornal!

Um colega comentou que eu tinha sorte. Outro que eu fui o primeiro a entrevistá-la. A ambos, disse que não era sorte e que o fato de ser o primeiro se devia a outra coisa. Eu tinha ficado ligado desde o momento em que cheguei à prefeitura na tarde de sábado. Busquei informações junto ao “staff” oficial para saber qual a estratégia para a chegada da ministra. Armei a minha própria estratégia com o câmera da TV. Não me sentei junto à platéia. Quando Dilma chegou, estávamos lá (o Pereira e eu)!

Na saída, novamente um alerta ao câmera e nos prostramos bem em frente à escada do palanque. A ministra teria que passar por ali. Uma assessora pediu algumas vezes para que nos afastássemos um pouco para evitar a queda de alguém, mas não conseguia me mexer pois o cordão dos puxa-sacos estava lá, firme. A ministra desceu, recebeu uma série de cumprimentos e abraços, posou para fotos e saiu desta vez em disparada (ela tinha hora para pegar um avião em Piracicaba, falou um assessor).

Arrisquei uma pergunta, desta vez direta (afinal, não havia mais tempo): “Ministra, preparada para a campanha?”. Sem parar, Dilma respondeu: “Meu querido, agora é a hora de governar. Campanha é em outra hora”. Olhei para o lado e não vi nenhum colega de imprensa. Mais uma vez não acreditei que a resposta tinha sido exclusiva. Como ninguém ficou ali esperando, já que não havia outro caminho para Dilma passar?

As exclusivas se devem à minha insistência. Quando é para lutar por uma entrevista, eu realmente não desisto. E ali, naquele dia, mais do que ouvir a ministra, nosso desafio (meu e do Pereira) era ouvi-la com exclusividade. Cumprimos nosso papel! (Em tempo: a reportagem foi ao ar no "Jornal da Cidade" de sábado, 23/1, e será reprisada no "Fatos & Notícias" desta segunda, 25/1.)

PS: leia as impressões e bastidores da visita no campo de mensagens desta postagem.

* A segunda foto foi gentilmente enviada pela colega Virgínia Valle.

2 comentários:

Rodrigo Piscitelli disse...

Impressões e bastidores da visita:

- Dilma mostrou-se mais simpática do que a pintam. Claro, o referencial negativo ajudou para a surpresa positiva (já falei sobre referencial neste blog).

- A ministra é técnica e tenta ser didática. Tem domínio das palavras e sabe das ações do governo, mas precisa ser mais treinada para o discurso (no palanque, falou grande parte do tempo de lado e de costas para a platéia, uma falha inadmissível para uma futura candidata a presidente; como nenhum assessor a orientou a respeito?).

- Segundos antes de subir ao palanque, um assessor parou Dilma para passar um paninho no rosto dela.

- Durante o evento, um outro assessor anotou num pedaço de papel os dizeres dos cartazes mostrados por membros do Movimento dos Sem-Terra: “Definição de terras do assentamento Elizabeth Teixeira”.

- O prefeito Silvio Félix apresentou desta forma a primeira-dama à ministra: “Esta é minha esposa, ela é candidata a deputada estadual”. E Dilma emendou: “já está eleita” ou “será eleita” (não me recordo com exatidão).

- Dilma me pareceu segura, o que reforça a ideia de que, independentemente de quem vencer a eleição, ela ou José Serra, o Brasil estará bem servido. O problema da candidatura da ministra é a presença dos “aloprados”, como relata reportagem da “Folha de S. Paulo” deste domingo (24/1).

- A troca de elogios entre Félix e a ministra indica uma série de situações:
1) o PT de Limeira não é capaz de orientar o alto escalão federal sobre sua posição de oposição na cidade, ao menos para atenuar os discursos;
2) o alto escalão federal desconhece as realidades locais, notadamente as políticas;
3) o que resta de oposição ao PT local depois da troca de elogios?
Pode-se alegar que os elogios são protocolares, mas para Félix as palavras de Dilma são armas numa campanha eleitoral. Não é à toa que partiu de um membro do PT de Limeira a observação que dá o tom do “o que nos resta?”...

- A presença de Dilma em Limeira foi a primeira visita de um alto membro (alto mesmo) do governo federal em anos. Os governos tucanos de Pedro Kühl e José Carlos Pejon (hoje no PSC) não conseguiram trazer à cidade ninguém de peso do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso. A figura mais proeminente a estar em Limeira na época foi o então ministro da Justiça, José Gregori, presente à inauguração do Centro de Ressocialização.
Ou seja: a visita de Dilma (quem sabe a futura presidente do Brasil) é mérito de Félix - que andou dizendo que ouviu de Lula o compromisso de que virá a Limeira antes de terminar seu mandato presidencial. A conferir.

Unknown disse...

Ro,
Parabéns pela entrevista, eu assiti e como telespectadora posso dizer que foi muito boa.. gostei das exclusividades!
bj