Em meio às recentes polêmicas envolvendo o terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos, o primeiro do governo Lula (os outros dois planos são de 1996 e 2002, feitos no governo Fernando Henrique Cardoso), li uma interessante entrevista feita pela Agência Brasil com o jurista Fábio Konder Comparato, de 73 anos.
Entre outras coisas, Comparato diz que “o presidente Lula jamais enfrentou a oposição do poder econômico e do poder militar. Mas isso não deixa de ser surpreendente porque em toda a história republicana do Brasil ele é o presidente que contou com a maior aprovação popular. A impressão é que estamos onde sempre estivemos: uma espécie de cena política em que o povo, na melhor das hipóteses, é mero figurante. (...) Nós temos uma democracia de fachada que mal esconde a oligarquia”.
O jurista afirma ainda que “os militares no Brasil gozaram de absoluta impunidade no que diz respeito ao cometimento de atos criminosos contra o povo e contra a ordem política. Nunca ninguém pensou em pô-los no banco dos réus”.
Sobre a polêmica criada com o setor do agronegócio, ele diz que “está em causa a questão da função social da propriedade. (...) Os maiores crimes para a consciência conservadora brasileira não são contra a vida e a integridade pessoal, mas contra a propriedade. A propriedade está acima da dignidade da pessoa humana”.
Sobre a possibilidade de controle editorial dos meios de comunicação, Comparato fala que “a democracia exige a educação política do povo. Numa sociedade de massa essa educação se faz pelos meios de comunicação de massa. Eles ocupam um espaço público (rádio e televisão). O público significa espaço do povo, não é do Estado nem de particulares. Nós conseguimos essa proeza no Brasil: esse espaço público foi apropriado por empresários. Eles são donos da televisão, donos do rádio e, por conseguinte, do espaço de comunicação pública”.
Para quem interessar, o texto pode ser acesso na íntegra aqui. Eu recomendo a leitura.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 19:33 |
O polêmico plano dos Direitos Humanos
Marcadores: Opinião
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4 comentários:
Rodrigo,
Bacana a entrevista. Acredito, assim como o jurista Fábio Konder Camparato, que o essas são questões inegociáveis. Mas, como ele diz, o povo é apenas um coadjuvante na política nacional. Ultimamente, o presidente anda politicando muito e governando pouco.
É sempre bom passar por aqui, sempre uma leitura interessante.
Abraços.
Ah, hahaha
agora começou o Big Brother. O povo se preocupa demais com o paredão e esquece (alguns fingem) Brasília.
É a hora certa pra politicagem... ahhahahaa. Ou será que ainda lembram do nome do Governador do Distrito Federal? Ou da violência da polícia contra estudantes e professores, enquanto eles protestavam e pediam o impeachemant?
Sabe, eu com meu pouco conhecimento das coisas, acredito que tudo o que acontece tem um motivo, eu acho que as coisas são bem planejadas e tudo acontece da forma que eles querem. Talvez seja bobagem estudantil da minha parte. hahahaha
abraço.
Ah,uma observação...
acho que os dois primeiros PNDH, do governo Fernando Henrique Cardoso, ocorreram em 1996 e 2002. Eu vi lá na entrevista. Você escreveu 1988.
Vinícius
Você tem toda razão. Escrevi 1988 por erro. Grato pelo alerta.
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