quinta-feira, 28 de janeiro de 2010 | |

Miep Gies, uma mulher, uma história

“Of course it’s nice to be appreciated. But I only did my duty to my fellow man. I helped people in need. Anyone can do that, can’t they?”

Miep Gies sempre recusou o rótulo de heroína. Considerava-se simplesmente um ser humano que fez o que era preciso ser feito. “Eu ajudei pessoas que estavam necessitando. Qualquer um pode fazer isso, não?”, perguntava humildemente.

Não, poucos podem. Poucos poderiam fazer o que ela fez.


Miep foi uma das cinco pessoas que esconderam por dois anos oito judeus – entre eles Anne Frank, a autora do famoso diário - num esconderijo anexo a um escritório durante a perseguição nazista na Segunda Guerra Mundial. Durante esse tempo, Miep e os outros quatro foram o único contato do grupo de judeus com o mundo exterior.


“Eu estou no fim da fila, de uma longa fila de bons holandeses que fizeram o que eu fiz ou mais – muito mais – durante aqueles tempos terríveis e sombrios”, disse em certa ocasião.


Miep ajudou mais pessoas - um jovem ficou escondido em sua casa. Ela diz que 20 mil holandeses esconderam judeus dos nazistas. Miep fez sua pequena parte e também o marido dela, Jan. “É sempre melhor tentar do que não fazer nada porque não tentar seguramente é um completo fracasso”, escreveu.


Coragem? “Ajudar pessoas que estão em perigo não é uma questão de coragem, mas de tomar uma decisão que qualquer ser humano tem que tomar em sua vida quando distingue entre o bom e o mau”, afirmou certa vez. Nem sempre, porém, é fácil fazer essa distinção, principalmente em tempos sombrios.


Miep soube distinguir e agir. E o esforço valeu a pena? “É verdade que para minha grande tristeza não fomos capazes de salvar Anne, mas conseguimos estender a vida dela em dois anos e nesse período ela escreveu o diário com uma mensagem de tolerância e compreensão.” Miep foi responsável por preservar essa mensagem. Foi ela que entrou no esconderijo e pegou o diário de Anne Frank. Foi ela que posteriormente o entregou ao pai da garota, Otto.

A cada ano, em 4 de agosto – o dia em que as oito pessoas que estavam no esconderijo foram denunciadas (somente Otto sobreviveu aos campos de concentração) –, as cortinas da casa de Miep ficavam fechadas e o telefone fora do gancho.


Miep morreu em 11 de janeiro último, aos 100 anos de idade, pouco mais de um mês antes de comemorar mais um aniversário (em 15 de fevereiro).

Dedicado à memória de Miep, de Anne Frank e de todos os que sofreram as agruras da guerra e da insensatez humana.

Em tempo: mais informações no site oficial de Miep e no site da Casa de Anne Frank.


PS: revi ontem "A vida é bela". O filme é realmente magnífico e o Holocausto é, talvez, a mancha mais marcante na história da humanidade. Inaceitável sob todos os aspectos!

4 comentários:

Unknown disse...

Gostei de saber e ter um maior conhecimento sobre esta parte vivida há tempos e que foi tão triste. Obrigada por poder acrescenter um maior conhecimento...

Iracélia Zeni disse...

Adorei encontrar esta postagem.Com sua permissão, vou utilizá-la como link para complementar meu trabalho com meus alunos de oitava série, na aula de Português. Acho linda a história de Miep e lamentável o que ela e seu povo viveram na época do holocausto.

Rodrigo Piscitelli disse...

Prezada Iracélia

Fique à vontade para usar o texto. Será uma honra!

Abraços

Wagner Gonçalves disse...

Olá Rodrigo!

Li o artigo e gostei da homenagem a essa grande pessoa!
Indico ainda um flme, caso você não tenha assistido, que cita o diário de Anne Frank e mostra uma atriz representando Miep.
Creio que você irá gostar, pois a história é de uma professora de Português que transmite seus valores, por meio das aulas, a alunos que enfrentam problemas.
O filme chama-se "Escritores da Liberdade"