Sou defensor do Sistema Único de Saúde (SUS). Nado contra a maré.
Quem tem um plano de saúde qualquer - e paga caro por isso - sabe da dificuldade para conseguir uma consulta com um especialista ou um exame de alta complexidade. Por que, então, no SUS não admitimos nenhuma demora (tenho experiências na família em que o atendimento público foi mais ágil e eficiente que o privado...)? Claro que uma falha não deve justificar a outra, mas temos que ser justos e levar em conta a alta demanda pelos serviços no SUS.
Além disso, em poucos lugares do mundo o Poder Público se dispôs – até com uma certa pretensão – a bancar um sistema de saúde gratuito e universal (ou seja, para todos os cidadãos) como no Brasil. Veja os Estados Unidos e a luta do presidente Barack Obama para reformar o sistema de saúde, ampliando o acesso aos serviços.
A isso se soma o fato do SUS ser um sistema novo, com pouco mais de 20 anos, passível de correções.
O fato de ser defensor do SUS, porém, não impede que eu veja seus problemas e teça críticas. Quando, por exemplo, um governante precisa recorrer ao sistema privado para ser atendido (e 99,9% dos governantes fazem isso) é sinal evidente de que não confiam no sistema que gerenciam e defendem em suas campanhas.
Melhor do que eu, quem abordou a questão foi o jornalista Fernando de Barros e Silva, da “Folha de S. Paulo”, em sua coluna “A saúde de Lula” (30/1/10):
“Lula brinca com tudo, mas foi contrariado e recebeu os primeiros atendimentos longe da UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) de que tanto havia gostado. Dormiu na suíte triplex do Real Hospital Português, uma instituição privada. Nada contra esse cuidado. A saúde de Lula é uma questão de Estado.
O problema não está no zelo com o presidente, mas num sistema público que não consegue suprir demandas básicas dos brasileiros. (...)
Um exame laboratorial pelo SUS para diagnosticar um câncer pode levar seis meses, até um ano. A morte muitas vezes chega antes.
Mas cerca de 150 milhões de brasileiros estão condenados ao atendimento precário do SUS. O sistema foi concebido, no entanto, para atender a todos, gratuita e integralmente, conforme o sonho da Constituição de 1988, que decretou uma sociedade do bem-estar de nível nórdico num país com nível de renda que era um décimo do europeu.”
* Para ler todo o artigo, clique aqui (é preciso ser assinante da “Folha” ou do UOL)
0 comentários:
Postar um comentário