Lima sedia desde abril a 2ª Bienal de Fotografia. O evento,
espalhado em 21 pontos da capital peruana, teve como um dos destaques o Brasil.
A galeria “Pancho Fierro”, no centro histórico, abriga 86 imagens da fotografia
modernista brasileira da coleção Itaú Cultural. Muitas exibem uma íntima
ligação com a arquitetura, que teve no modernismo um dos seus momentos de
glória no Brasil.
Estão lá nomes como Paulo Pires, Ademar Manarini, José
Yalenti, Geraldo de Barros e Thomas Farkes.
“Nos interessava ter uma mostra da fotografia brasileira, o
Brasil para nós é um vizinho muito importante, talvez mais em termos de
comércio e turismo, e há certas similaridades, como com todos os países
sul-americanos, mas há algumas diferenças em alguns casos, como no caso da
fotografia. Neste caso, a fotografia modernista brasileira entre os anos 50 e
70 é muito distinta do que tínhamos nessa época na fotografia peruana. Então é
um espelho interessante para que os fotógrafos peruanos possam ver como houve
uma história distinta na fotografia do Brasil”, diz o curador Carlo Trivelli.
A bienal traz também fotos documentais, artísticas e
contemporâneas de fotógrafos peruanos e internacionais. Num outro espaço,
também no centro, o destaque é o fotolivro latino-americano com imagens da venezuelana
Caracas, da cubana Havana e de São Paulo, por exemplo.
Também chama a atenção o trabalho do fotógrafo Shahidul Alam, de Bangladesh. Suas fotos impressionam pela plasticidade e o caráter de denúncia social. A riqueza de detalhes ressalta, por exemplo, a expressão sofrida de muitos rostos.
Já no centro cultural da PUCP, os visitantes podem conferir
uma mostra antológica com trabalhos de Roberto Fantozzi.
E num outro espaço, as fotos de Luz María Bedoya, artista
plástica e fotógrafa peruana que retrata de modo intimista as relações do homem
com o espaço. “Meu trabalho trata de investigar problemas vinculados ao espaço,
tanto urbano como natural. A cidade, a costa peruana, o deserto, e fazer um
vínculo entre eles e a linguagem verbal como um instrumento que permite
desmontar a experiência que temos das coisas. Creio que é uma maneira de
compreender e entender as coisas que temos ao redor”, diz ela.
Ao todo, serão mais de 30 exposições na bienal. A expectativa dos organizadores é superar os 250 mil visitantes da primeira edição. A programação segue até o dia 22 de agosto e a entrada em todos os recintos é livre.
* Texto originalmente escrito para o programa "Mais Cultura" (TV Cultura, seg. a sex., 13h)
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