Grandes jornais e pequenos projetos comunitários. É essa a receita de dois dos mais relevantes especialistas em mídia noticiosa nos EUA para o futuro do jornalismo.
"As questões mais sérias, de importância para o país, ainda são cobertas pelos grandes jornais, onde se faz reportagem muito bem. E há os pequenos veículos de jornalismo hiperlocal, um modelo crescente", afirmou Jan Schaffer, diretora do Instituto para Jornalismo Interativo da Universidade Americana.
"Quem está tendo problemas são os jornais regionais", disse em debate sobre o futuro da notícia no Center on Foreign Relations (Washington).
Para seu colega Tom Rosenstiel, que dirige o Projeto para Excelência no Jornalismo no Centro de Pesquisa Pew, pesquisas com o leitorado indicam que os grandes veículos se tornarão maiores.
"A concentração [de leitores] em cima vai aumentar", afirmou. "Os números indicam que há crise de financiamento, não de audiência."
Os analistas afirmam que os jornais de porte médio tendem a sobreviver apenas na versão digital, com edições dominicais impressas.
O desafio é criar um modelo rentável na transição para as plataformas digitais, onde os anúncios escasseiam e são baratos.
"No 'New York Times', enquanto quase dois terços da audiência vem das plataformas eletrônicas hoje, somente 15% da receita vem daí", diz Rosenstiel. Os dados são anteriores ao início da cobrança pelo acesso digital.
Mas ambos se dizem otimistas com a tecnologia. "Houve uma série de previsões sobre queda na qualidade, mas estudos mostram que jornalismo hoje é feito com o mesmo cuidado e as mesmas técnica de antes."
Rosenstiel e Schaffer afirmaram que, com a enorme capacidade de disseminação que as ferramentas digitais trazem, a reprodução e a ressonância do noticiário aumentaram. Por isso, disseram caber às empresas jornalísticas continuar investindo no conteúdo da cobertura.
"Falta repertório nessa cadeia de disseminação", afirmou. "Não há ainda nenhum grande site de engenharia - como o Google - investindo em bom jornalismo."
Schaffer vê um leitor mais seletivo. "O volume de informação é tamanho, há tanta coisa no meio disfarçada de notícia - campanhas políticas, publicidade -, que é preciso ter esperteza de consumidor para discernir o que é notícia de fato."
Fonte: Luciana Coelho, “Folha de S. Paulo”, Mercado, 12/11/11.
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