quarta-feira, 30 de novembro de 2011 | | 0 comentários

"Decolagem autorizada!"

“Se nossa vida fosse dominada por uma busca da felicidade, talvez poucas atividades fossem tão reveladoras da dinâmica dessa demanda – em todo o seu ardor e seus paradoxos – como nossas viagens. Elas expressam – por mais que não falem – uma compreensão de como poderia ser a vida, fora das restrições do trabalho e da luta pela sobrevivência.”
Alain de Botton em “A arte de viajar”, Editora Rocco, p. 17


Caros leitores, vou lhes confessar uma coisa: fazia mais de um ano que eu não viajava (sim, isto para mim conta muito...) e quando me vi decolando novamente, aquela fantástica máquina voadora partindo rumo a um novo lugar, senti com força todas as emoções que sempre me acompanharam nas viagens.


Emoções indescritíveis que só um viajante apaixonado pode sentir.


Em 2012, o mundo será minha casa! Quero ouvir muitas vezes: "tripulação, decolagem autorizada!"

sexta-feira, 25 de novembro de 2011 | | 0 comentários

Eles conseguiram...

... colocar Limeira no "Jornal Nacional" por causa de suspeita de corrupção.



E domingo tem o "Fantástico" com as "primeiras-damas da corrupção"...

terça-feira, 22 de novembro de 2011 | | 0 comentários

Frase

"A minha alma é isto: aqui vivo, aqui sofro. Porque a vida neste país é um sofrimento, como você sabe, e os livros me salvam."
Rafik, livreiro iraquiano, citado no livro "101 dias em Bagdá", de Asne Seierstad

segunda-feira, 21 de novembro de 2011 | | 0 comentários

Fragmentos de história 1

Quando ainda era repórter do "Jornal de Limeira", decidi certa vez escrever uma série de reportagens sobre um personagem importante da história da nossa região e do Brasil: o senador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro.

A série foi fruto de pesquisas feitas nos arquivos do Senado Federal, via Internet. O resultado pode ser revisto aqui, em imagens.


A seguir, duas das seis reportagens, publicadas originalmente no caderno "Jornal de Domingo":


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Frase

"Entre o Universo e o Submarino, entre tudo o que existe e além das leis conhecidas, nada é branco e preto ou quadrado e redondo, assim como, muito provavelmente, nada está ligado a leis inalteráveis."
Luiz Biajoni, na resenha "Uma obra-prima" no site Amálgama

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O dia em que eu irritei o governador

O ex-governador Mário Covas (1930-2001), do PSDB, era o que se pode chamar de uma figura. Turrão, sangue espanhol, não tinha papas na língua. Nem fazia questão de sair agradando todo mundo – um estilo muito diferente do seu então vice e hoje governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Como repórter do “Jornal de Limeira”, tive alguns encontros interessantes com Covas. O Estado fervilhava naquela época com o início do programa de concessões rodoviárias (e os pedágios) e as mudanças na educação (a tal progressão continuada). A cada lugar que o governador ia, surgiam os repórteres com os mesmos questionamentos: “E o preço do pedágio?”, “O aluno vai passar de ano sem aprender?”.

Covas não deixava barato. Respondia à altura o que muitas vezes considerava provocação. Em outras ocasiões, chegava a ser mesmo mal-educado diante de um profissional cuja função é questionar.

Certa vez, o governador tinha um compromisso agendado na cidade de Conchal. Faria lá entrega de viaturas para a polícia da região. Fui escalado pelo “JL” para cobrir o evento, mais especificamente para entrevistar a “fera”. Era período eleitoral e o então prefeito de Limeira, Pedro Kühl, buscava a reeleição pelo PSDB tendo como uma de suas bases de apoio a amizade com Covas. O adversário era o hoje prefeito Silvio Félix (PDT). A disputa estava relativamente apertada.

No dia anterior à visita, a assessoria do governador ligou para o jornal a fim de saber quais assuntos seriam abordados na entrevista. Isto parece ridículo, mas é praxe no meio.

Cumprido o protocolo, lá fui eu para Conchal. Aguardei as sempre intermináveis horas de discursos e puxa-saquismos tradicionais nas visitas de autoridades até que, no fim do evento, um assessor veio na direção da imprensa para avisar que o governador não daria entrevistas. Não me conformei. “Como assim?”, questionei. “Ligam num dia, fazem a gente vir até aqui e depois ele simplesmente não vai falar?”. A resposta foi curta: “A agenda está atrasada”.

Confesso que me irritei, mas não me preocupei muito. Sabia qual estratégia usar. Simplesmente aguardei no caminho entre o palanque e a van que trouxera o governador e me coloquei na frente dele, de modo que o forcei a pelo menos me ouvir. Na tumultuada roda que sempre se forma ao redor das autoridades, disparei uma pergunta que não havia sido passada à assessoria no dia anterior:

- Governador, em Limeira a disputa eleitoral está apertada entre o candidato do PSDB e do PDT. Os tucanos dizem por lá que se a oposição ganhar o Estado pode não mais ajudar a cidade. O que o sr. tem a dizer?

Covas enfureceu. Foi a segunda estratégia para fazê-lo parar e falar. O governador não deixava uma provocação passar em branco:

- Quem te pagou para fazer esta pergunta?

Mantive a calma e usei da ironia:

- Quem me pagou foi o Jornal de Limeira, Avenida Comendador Agostinho Prada, 2.651, em Limeira.

O tucano não se deu por rogado e repetiu a indagação. Eu repeti a resposta. Até que Covas falou: “Meu governo nunca discriminou nenhum partido...”. E seguiu citando exemplos de ajuda do Estado a cidades administradas pelo PT.

É importante salientar que, embora tenha sido uma provocação, a minha pergunta era pertinente. Aliados de Kühl usavam na campanha eleitoral o discurso de que o Estado deixaria de ajudar Limeira caso Félix vencesse – o que Covas negou (embora o governo dele tenha paralisado obras na cidade, como as da escola “Ely de Almeida Campos” e da duplicação da via Limeira-Piracicaba durante o fim da administração Jurandyr Paixão, com quem não mantinha laços de cordialidade).

Antes de Covas entrar na van, ainda tive tempo de fazer outra pergunta, uma das que estavam “combinadas” com a assessoria. E o governador se foi, bravo. Eu voltei ao jornal, satisfeito.

PS: uma outra visita de Covas a Limeira também rendeu uma boa matéria. Os professores estavam em greve e a situação esquentou, como pode-se ver na reportagem a seguir, assinada junto com a colega Renata Caram:


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Jornalismo pago e game-notícia

O jornalista Bill Keller liderou a construção do mais discutido modelo de negócios para a mídia no ano: o chamado "muro de cobrança" do jornal "The New York Times".

Inaugurado em março, o "paywall" do diário envolveu todas as plataformas e abriu um novo caminho para a velha discussão sobre cobrar ou não pelo conteúdo.

O pulo do gato do "NYT" foi montar um sistema flexível, que busca conciliar o modelo de assinaturas, originado do jornal impresso, com a corrida por audiência na web.

Cada internauta pode ler gratuitamente 20 textos do "NYT" por mês. A partir daí, o jornal oferece pacotes para leitores que querem ver o jornal sem restrições - o sistema contempla tablets e celulares. A assinatura começa em US$ 15 mensais (R$ 26).

O modelo, porém, tem "furos" propositais. A "home page" não é contada entre os 20 cliques gratuitos. Links colocados em redes sociais também não. Em seu mais recente balanço, divulgado no mês passado, o jornal disse ter 324 mil assinantes digitais.

"Está funcionando tão bem quanto esperávamos ou melhor", afirma Keller. Em setembro, após a implantação do novo modelo, ele deixou, a pedido, o cargo de editor-executivo do "NYT" e retomou sua função anterior, de colunista do jornal.

Folha - A era da informação totalmente gratuita acabou?
Bill Keller - Não sei se é o final de uma era, mas é certamente o fim de um mito. Os profetas da internet argumentavam que tudo era gratuito e que as pessoas não pagariam por nada, que a informação em todos os seus formatos seria livre. Mas então apareceu o iTunes e viu-se que as pessoas ainda queriam pagar por música. Desapareceu toda essa noção, que é um eco dos anos 60, de que tudo deveria ser gratuito, que o comércio é de certa maneira ilícito. É natural que as notícias sigam [esse caminho]. Isso não significa que as pessoas vão pagar por todo tipo de coisa. Jornalismo de serviço público exige muito tempo e investigação. É preciso ter advogados do seu lado. Jornalismo que exige ir a lugares longínquos e perigosos não estará disponível gratuitamente. Jornalismo muito local, aquele tipo realmente importante de jornalismo sobre o que está acontecendo na sua vizinhança, ou na capital do seu Estado, esse tipo de coisa ninguém está fazendo gratuitamente.

Em uma famosa palestra em 2007, o sr. chamou a internet de elemento de ruptura da imprensa. As coisas mudaram em que sentido desde então?

Keller - A internet mudou quase tudo na maneira como colhemos informação, como disseminamos informação e como pagamos pela informação. Ela causou ruptura de uma maneira que é ameaçadora, mas também de algumas maneiras muito boas. Nós agora usamos a internet não apenas para transmitir notícias, mas também para colher informação. Um exemplo óbvio é o da Primavera Árabe. Se só tivéssemos as mídias sociais, não seria suficiente. Mas as mídias sociais foram muito importantes em dar uma percepção do que estava acontecendo nas ruas. Algumas vezes você não tem como chegar até a rua, ir até o país. A maneira como apresentamos a informação hoje é totalmente diferente da de dez anos atrás. É mais rápido, mais gráfico, com vídeo e áudio quando achamos que eles acrescentarão algo. Todo mundo fica focado na circulação impressa, mas nós agora temos 40 milhões de usuários únicos. Estamos chegando a mais pessoas.

Fonte: Roberto Dias, “Caiu mito do jornalismo grátis, diz Keller”, Folha de S. Paulo, Mercado, 16/11/11 (para ler a íntegra, clique aqui - é preciso ter senha do jornal ou do UOL)

***

Videogame: plataforma versátil de entretenimento que pode ser utilizada em parceria com o jornalismo para noticiar acontecimentos.

A definição é do pesquisador e designer norte-americano Ian Bogost, um dos pioneiros no uso do termo "newsgames", modelo de jogo eletrônico que usa fatos em suas narrativas.

Ele é professor do Georgia Institute of Technology e fundador da Persuasive Games, que cria esse tipo de jogo.

(...) A seguir, trechos da conversa com Bogost:

Folha - Como é possível explorar jogos no jornalismo?

Ian Bogost - Os "newsgames" podem trazer ao campo do jornalismo propriedades dos jogos, como simulações de sistemas complexos e ferramentas de RPG. Além disso, indicam uma (de talvez muitas) novas formas de fazer jornalismo, além dos textos, dos vídeos e das trasmissões de áudio.

Folha - Você os vê como uma ferramenta complementar na tarefa de informar as pessoas?
Bogost -
Os "newsgames" só vão se tornar importantes se os jornalistas o utilizarem. Não estou sugerindo a substituição das formas atuais de distribuição de notícias pelos games: eles são complementares ao jornalismo tradicional. Esses jogos têm a capacidade de atrair pessoas para o conteúdo tradicional, como cartuns e charges fazem.

Fonte: Alexandre Orrico, “Game-notícia complementa o jornalismo, diz professor”, Folha de S. Paulo, Tec, 16/11/11 (para ler a íntegra, clique aqui)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011 | | 0 comentários

Frase

“Sempre me pareceu que estaria bem onde não estou, e essa questão da mudança é um tema que estou sempre cogitando na minha alma.”
Charles Baudelaire, citado por Alain de Botton em “A arte de viajar”, Editora Rocco, p. 42)

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Gerson, o escolhido (?)

O secretário Gerson Hansen Martins acompanhou o prefeito Silvio Félix (PDT) na decisão do Campeonato Paulista da Segunda Divisão, no Pradão, ocasião em que o Independente venceu o Capivariano por 2 a 0 e conquistou o título. Foi há 15 dias. Mais recentemente, dr. Gerson – como é conhecido – esteve numa solenidade no 36° Batalhão da Polícia Militar, no Jardim Laranjeiras.

Não haveria nada demais se não fossem dois detalhes: 1) dr. Gerson é secretário da Saúde (nada a ver com esporte e segurança); e 2) ele nunca participou de eventos semelhantes.

Somados os fatores, tudo leva a crer que Félix já escolheu o candidato à sua sucessão (já que não tem um candidato natural, como este blog já comentou).

Dr. Gerson confidenciou a interlocutores recentemente que topa entrar na disputa pela cadeira principal do Edifício Prada.

De Félix, só partem elogios ao secretário. O prefeito o considera um bom administrador, “o melhor prefeito que a cidade poderia eleger”. A dificuldade do possível futuro candidato é a falta de traquejo político (o que sobra em Félix). Dr. Gerson é técnico (servidor de carreira na Secretaria da Saúde).

Ou seja, Félix quer repetir em Limeira o enredo que Lula fez em Brasília com a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, uma técnica que nunca tinha disputado um cargo eletivo.

Ah, só para registrar: Dilma hoje é presidente do Brasil.

PS: hoje (e o cenário ainda pode mudar muito até julho de 2012, quando as candidaturas serão oficializadas), só um nome considerado natural poderia fazer Félix mudar de candidato. Este nome natural seria o do vice-prefeito Orlando José Zovico, recém-ingresso no PDT.

terça-feira, 15 de novembro de 2011 | | 0 comentários

Geração beat!!!

“O momento de Lucien Carr sob os refletores, como jovem e despreocupada estrela polar dos Beats – o brilhante e carismático Claude de Maubris, o celebrante sacrificial deles, estimulando-os a “Plonger au fond du gouffre/ Enfer ou Ciel, qu´importe?” (“Mergulhar no fundo do abismo/ Inferno ou Céu, o que importa?”) -, aqueles dias tranquilos tinham terminado havia muito tempo, numa noite quente de verão durante a guerra, quando Lucien tirou, ou recebeu, a vida de seu mentor submisso, seu perseguidor e brinquedo em suas mãos, seu criador e destruidor, David Eames Kammerer.”
James W. Grauerholz, no posfácio de “E os hipopótamos foram cozidos em seus tanques”, obra de William S. Burroughs e Jack Kerouac

segunda-feira, 14 de novembro de 2011 | | 0 comentários

Frase

"Hoje o ser humano precisa ter uma experiência autêntica na sua vida. (...) Dizem que o grande prazer na vida no final das contas é poder viajar. Eu fiz desse prazer a minha profissão."
Amyr Klink, navegador, no quadro "O que vi da vida", do programa "Fantástico", da TV Globo, exibido em 13/11/11. Para assistir, clique aqui. Vale a pena!!!

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Limeira em destaque na Europa

Há quase três décadas dedicando-se à pesquisa a respeito da história de Limeira, José Eduardo Heflinger Júnior, o Toco, está levando o nome da cidade mundo afora. Ele acaba de retornar de mais uma turnê do Projeto “Imigração Resgate” pela Europa. Desta vez, o objetivo da viagem foi a inauguração de uma mostra permanente sobre a emigração europeia para as fazendas de café do Brasil no século 19.

A exposição – chamada “Auswanderung nach brasilien über das Halbpachtsystem” – foi aberta no último dia 2 no Ballin Stadt, em Hamburgo, na Alemanha. Ela é composta por uma série de paineis com imagens raríssimas obtidas por Toco durante suas pesquisas nos últimos seis anos pelos arquivos da Europa. A mostra foi destaque em veículos da imprensa brasileira e internacional, como a Hamburg Magazin, a Kultur Port, a BrasilienMagazin e a Kultur News.

Segundo o pesquisador, a abertura da mostra superou as expectativas. “Uma baita representatividade e amarração de novos projetos que serão importantes para a produção de novidades que serão incorporadas à exposição para que ela tenha uma dinâmica interessante”, citou em e-mail.

Tive o prazer de acompanhar Toco e sua esposa Maria Helena na primeira viagem do projeto à Europa, em 2005. Na ocasião, passamos por três países – Alemanha, Suíça e Portugal. Palestras e pesquisas foram feitas em vários locais. Uma semente foi plantada e seus frutos já aparecem. Um dos parceiros do projeto na Europa, o professor Gilberto Calcagnoto, por exemplo, foi contatado casualmente durante aquela primeira viagem.

Conhecendo Toco, seu esforço e sua dedicação a esta causa, tenho certeza que novidades surgirão, em breve. Espero estar junto numa próxima oportunidade.

Em tempo: quem estiver em Hamburgo poderá conferir a exposição no Ballin Stadt. Ele fica na Veddeler Bogen 2. O telefone é +49 40/31979160. Mais informações aqui.

sábado, 12 de novembro de 2011 | | 0 comentários

Frase

“Ai, a necessidade! Fazer o que espera que se façam; ser sempre, de acordo com as circunstâncias (e apesar da aversão do momento), o que esperam que um rapaz, um turista, um artista, um filho ou um cidadão seja! (...) O que é isso, ó Senhor, essa lassidão permanente que arrasto comigo de um lado para o outro...”
Flaubert, citado por Alain de Botton em “A arte de viajar”, Editora Rocco, p. 105

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SWU - Snoop Dogg

Pra falar a verdade, achei o SWU meio sem graça, mas o problema era eu – pessoa errada em lugar errado -, não o festival, que estava legal e organizado (apesar dos preços impeditivos!). 

Para ajudar, nada saiu como planejado, mas tá valendo.

Eis o momento musical mais legal (do meu pobre ponto de vista, já que quase não vi show algum...).

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"Futuro é dos grandes jornais, diz analista"

Grandes jornais e pequenos projetos comunitários. É essa a receita de dois dos mais relevantes especialistas em mídia noticiosa nos EUA para o futuro do jornalismo.

"As questões mais sérias, de importância para o país, ainda são cobertas pelos grandes jornais, onde se faz reportagem muito bem. E há os pequenos veículos de jornalismo hiperlocal, um modelo crescente", afirmou Jan Schaffer, diretora do Instituto para Jornalismo Interativo da Universidade Americana.

"Quem está tendo problemas são os jornais regionais", disse em debate sobre o futuro da notícia no Center on Foreign Relations (Washington).

Para seu colega Tom Rosenstiel, que dirige o Projeto para Excelência no Jornalismo no Centro de Pesquisa Pew, pesquisas com o leitorado indicam que os grandes veículos se tornarão maiores.

"A concentração [de leitores] em cima vai aumentar", afirmou. "Os números indicam que há crise de financiamento, não de audiência."

Os analistas afirmam que os jornais de porte médio tendem a sobreviver apenas na versão digital, com edições dominicais impressas.

O desafio é criar um modelo rentável na transição para as plataformas digitais, onde os anúncios escasseiam e são baratos.

"No 'New York Times', enquanto quase dois terços da audiência vem das plataformas eletrônicas hoje, somente 15% da receita vem daí", diz Rosenstiel. Os dados são anteriores ao início da cobrança pelo acesso digital.

Mas ambos se dizem otimistas com a tecnologia. "Houve uma série de previsões sobre queda na qualidade, mas estudos mostram que jornalismo hoje é feito com o mesmo cuidado e as mesmas técnica de antes."

Rosenstiel e Schaffer afirmaram que, com a enorme capacidade de disseminação que as ferramentas digitais trazem, a reprodução e a ressonância do noticiário aumentaram. Por isso, disseram caber às empresas jornalísticas continuar investindo no conteúdo da cobertura.

"Falta repertório nessa cadeia de disseminação", afirmou. "Não há ainda nenhum grande site de engenharia - como o Google - investindo em bom jornalismo."

Schaffer vê um leitor mais seletivo. "O volume de informação é tamanho, há tanta coisa no meio disfarçada de notícia - campanhas políticas, publicidade -, que é preciso ter esperteza de consumidor para discernir o que é notícia de fato."

Fonte: Luciana Coelho, “Folha de S. Paulo”, Mercado, 12/11/11.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011 | | 0 comentários

Flagrante italiano 12 (ou flagrante japonês)

Tenho uma leve desconfiança a respeito dos japoneses, principalmente aqueles que viajam ao exterior. Eles devem bastante dinheiro... Uma vez, deparei-me com uma excursão de japoneses numa loja da Godiva na Grand Place, em Bruxelas. Quase não sobrou chocolate para eu comprar.

No ano passado, encontrei um grupo de japoneses na Galeria Vitorio Emanuelle II, um dos centros do consumo em Milão, na Itália. Só lojas de grife. E as japonesas carregavam muitas sacolas...



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Frase

"A vida requer sacrifícios."
Léo Batista, radialista, locutor e jornalista, em discurso após receber da Câmara de Cordeirópolis a Medalha "João Pacífico" nesta sexta-feira

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Alckmin, Kassab, Constância e a eleição de 2012

Ao ler o título desta postagem, você deve estar perguntando: o que tem a ver a eleição para a Prefeitura de São Paulo e a conquista de uma vaga de deputada pela primeira-dama de Limeira, Constância Félix (PDT)?

A resposta é: tudo!

A chamada “grande imprensa” tem noticiado nos últimos tempos as articulações de bastidores visando a eleição para a prefeitura paulistana em 2012. No campo da situação, as conversas giram em torno da manutenção da aliança PSDB-DEM que conquistou o poder há oito anos. Para tanto, há dois caminhos:

1) a candidatura do vice-governador Guilherme Afif Domingos, aliado de primeira hora do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, na fundação do PSD;

2) o racha da aliança e o lançamento de candidaturas próprias do PSD e PSDB.

No primeiro cenário, Afif seria cabeça de chapa e o PSDB indicaria o vice. A chapa teria apoio de Kassab e do governador Geraldo Alckmin (PSDB), mantendo a aliança. O grande problema é convencer o PSDB a abrir mão da disputa como cabeça da chapa. O tucanato tem quatro pré-candidatos e nenhum deles parece disposto a deixar o páreo em favor da aliança.

No segundo cenário, o PSD lançaria um candidato (Afif ou o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles) sem apoio dos tucanos. Neste caso, o PSDB entraria na disputa, o que exigiria a formação de um bom arco de alianças.

É neste momento que Constância pode se dar bem. Sabedor dos obstáculos internos que se apresentam, Alckmin está articulando para reforçar sua base aliada na Assembleia Legislativa e, consequentemente, a aliança eleitoral. Depois de atrair o PP de Paulo Maluf (a quem ofereceu o comando da CDHU, a companhia habitacional do Estado), o governador foca agora o PDT do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força. Ambos já iniciaram as conversas, conforme relato recente do jornal “Folha de S. Paulo”.

Para contar com o apoio do PDT (o partido apoiou o PT na eleição de 2010 no Estado), Alckmin está disposto a oferecer um cargo no alto escalão. Ou seja, uma secretaria. Neste caso, é provável que um deputado estadual seja o escolhido. Isto abriria uma vaga na Assembleia para o primeiro suplente do partido, que vem a ser justamente Constância.

Não é à toa que o prefeito Silvio Félix (PDT) vem buscando, desde o início do ano, estreitar os laços com Alckmin após tecer duras críticas no ano passado ao “jeito PSDB de governar”, como este blog já mostrou (ver aqui).

Félix sabe que a vaga de Constância na Assembleia passa necessariamente pelo governador (ou pela disposição deste de “puxar” um deputado para o alto escalão do governo).

Independentemente do PSDB optar pelo cenário 1 ou 2, a aliança com o PDT segue em vista, já que a ideia inicial é reforçar o peso do partido para não ficar tão fraco nas negociações com o PSD.

Agora é esperar para ver como é que fica.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011 | | 0 comentários

À flor da pele...

Ando tão à flor da pele
Que qualquer beijo de novela me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que teu olhar flor na janela me faz morrer
Ando tão à flor da pele
Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele tem o fogo do juízo final

Um barco sem porto sem rumo sem vela cavalo sem sela
Um bicho solto um cão sem dono um menino um bandido
Às vezes me preservo noutras suicido

(trecho de “Vapor Barato/Flor da Pele”, de Waly Salomão, Jards Macal e Zeca Baleiro)

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"Il lavoro" (questões sobre o trabalho)

Alain de Botton, em seu clássico “A arte de viajar”, fala de algumas situações que envolvem as viagens de trem, como ouvir a interação entre os passageiros. Esta é, realmente, uma atividade interessante, antropológica até, eu diria.

Numa recente viagem à Itália, como estava sozinho e não havia com quem conversar, pus-me a ouvir. No trajeto de Florença a Milão, quatro jovens discutiam, no que eu pude entender, sobre o futuro do trabalho – e do trabalhador. Achei a discussão interessante porque: 1) dois dos jovens concordavam com um ponto de vista, os outros dois discordavam; 2) compreendi que algumas angústias que nos atormentam são universais.

A grande questão colocada era: qual a garantia de que um jovem hoje encontrará o trabalho que deseja amanhã? Inovações tecnológicas, desemprego, um mercado cada vez mais exigente e competitivo, novas gerações que atendem melhor às habilidades requisitadas..., vários foram os obstáculos apresentados.

Diante de um mundo cheio de incertezas, é inevitável se confrontar com a dúvida: vale a pena investir numa carreira promissora, ainda que não seja a que sonhamos, ou ainda vale mais correr atrás do seu ideal de vida?

Aqueles jovens não encontraram uma resposta. Também não era este o objetivo da conversa.

Um senhor de meia idade que estava ao meu lado, na outra fileira de bancos, ouvindo a conversa (que qualquer um podia ouvir – os italianos não costumam ser muito discretos ao falar...), decidiu se intrometer no assunto. Após pedir licença, soltou a seguinte frase: “E chi garantisce che il lavoro sarà come lo conosciamo oggi?”

Eis a grande questão: e quem garante que o trabalho será como o conhecemos hoje?

A conversa seguiu por todo o trajeto, agora em cinco pessoas. Uma discussão interessante sobre uma questão que diz respeito aos brasileiros e, imagino eu agora, muito mais respeito aos europeus diante da crise que se apresenta naquele continente. Itália, Espanha, Portugal, Grécia, jovens de todos estes lugares enxergam um futuro cada vez mais sem esperança.

Há um medo no ar – e ele se manifestou aberta e claramente dentro daquele vagão de trem.

Em tempo: foi também numa viagem de trem na Itália que ouvi histórias incríveis de um homem que viajava com a família. Pelo que entendi, ele contava ao seu filho – já adulto – como se dera a contratação de um jogador que fez muito sucesso num time da “bota” e também em todo o mundo. Um tal Diego. Diego Maradona.

Sim, aquele homem havia participado diretamente da contratação e do acolhimento na Itália do astro argentino quando este foi jogar no Nápoles.

Encontros e histórias assim só uma viagem pode proporcionar.

Até o próximo destino, então!

sábado, 5 de novembro de 2011 | | 0 comentários

Transição

Um prédio histórico que ruiu.
Um casamento que acabou.
Um filho que partiu.
Uma corrente que quebrou.
Um vaso raro que caiu.
Um rio que secou.
Assim estou, em cacos.
Tentando me reconstruir.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011 | | 0 comentários

Frase

“Vagão, leva-me contigo! Navio, carrega-me daqui! Leva-me para longe, bem longe. Aqui a lama é feita das nossas lágrimas!”
Charles Baudelaire, citado por Alain de Botton em “A arte de viajar”, Editora Rocco, p. 43

quarta-feira, 2 de novembro de 2011 | | 0 comentários

Lembranças italianas

Pra dar água na boca:


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"Lula, o câncer, o SUS e o Sírio"

As pessoas que estão reclamando porque Lula não foi tratar seu câncer no SUS dividem-se em dois grupos: um foi atrás da piada fácil, e ruim; o outro, movido a ódio, quer que ele se ferre. Na rede pública de saúde, em 1971, Lula perdeu a primeira mulher e um filho. Em 1998, o metalúrgico tornou-se candidato à Presidência da República e pegou pesado: "Eu não sei se o Fernando Henrique ou algum governador confiaria na saúde pública para se tratar". Nessa época acusava o governo de desossar o SUS, estimulando a migração para os planos privados. Quando Lula chegou ao Planalto, havia 31,2 milhões de brasileiros no mercado de planos particulares. Ao deixá-lo, essa clientela era de 45,6 milhões, e ele não tocava mais no assunto.

Em 2010, Lula inaugurou uma Unidade de Pronto Atendimento do SUS no Recife dizendo que "ela está tão bem localizada, tão bem estruturada, que dá até vontade de ficar doente para ser atendido". Horas depois, teve uma crise de hipertensão e internou-se num hospital privado.

Lula percorreu todo o arco da malversação do debate da saúde pública. Foi de vítima a denunciante, passou da denúncia à marquetagem oficialista e acabou aninhado no Sírio-Libanês, um dos melhores e mais caros hospitais do país. Melhor para ele. (No andar do SUS, uma pessoa que teve dor de ouvido e sentiu algo esquisito na garganta leva uns 30 dias para ser examinada corretamente, outros 76, na média, para começar um tratamento quimioterápico, 113 dias se precisar de radioterapia. No andar de Lula, é possível chegar-se ao diagnóstico numa sexta e à químio, na segunda. A conta fica em algo como R$ 50 mil.)

Lula, Dilma Rousseff e José Alencar trataram seus tumores no Sírio. Lá, Dilma recebeu uma droga que não era oferecida à patuleia do SUS. Deve-se a ela a inclusão do rituximab na lista de medicamentos da saúde pública.

Os companheiros descobriram as virtudes da medicina privada, mas, em nove anos de poder, pouco fizeram pelos pacientes da rede pública. Melhoraram o acesso aos diagnósticos, mas os tratamentos continuam arruinados. Fora isso, alteraram o nome do Instituto Nacional do Câncer, acrescentando-lhe uma homenagem a José Alencar, que lá nunca pôs os pés. Depois de oito anos: 1 em cada 5 pacientes de câncer dos planos de saúde era mandado para a rede pública. Já o tucanato, tendo criado em São Paulo um centro de excelência, o Instituto do Câncer Octavio Frias de Oliveira, por pouco não entregou 25% dos seus leitos à privataria. (A iniciativa, do governador Geraldo Alckmin, foi derrubada pelo Judiciário paulista.)

A luta de José Alencar contra "o insidioso mal" serviu para retirar o estigma da doença. Se o câncer de Lula servir para responsabilizar burocratas que compram mamógrafos e não os desencaixotam (as comissões vêm por fora) e médicos que não comparecem ao local de trabalho, as filas do SUS poderão diminuir. Poderá servir também para acabar com a política de duplas portas, pelas quais os clientes de planos privados têm atendimento expedito nos hospitais públicos.

Lula soube cuidar de si. Delirou ao tratar da saúde dos outros quando, em 2006, disse que "o Brasil não está longe de atingir a perfeição no tratamento de saúde". Está precisamente a 33 quilômetros, a distância entre seu apartamento de São Bernardo e o Sírio.

Fonte: Elio Gaspari, “Folha de S. Paulo”, Poder, 2/11/11.

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O mundo e eu

“Mesmo quando não estamos em desertos, o comportamento dos outros e nossas próprias falhas costumam nos deixar com a sensação de pequenez. A humilhação é um risco perpétuo no mundo dos homens. Não é incomum que nossa vontade seja desafiada e nossos desejos, frustrados. Logo, não são as paisagens sublimes que nos apresentam nossas deficiências. (...) Locais sublimes repetem, em termos majestosos, uma lição que a vida diária costuma nos ensinar com crueldade: que o universo é mais poderoso que nós, que somos frágeis e efêmeros, que não temos alternativa a não ser a de aceitar as limitações impostas à nossa vontade, que precisamos ceder diante de exigências maiores que nós mesmos.”
(Alain de Botton em “A arte de viajar”, Editora Rocco, p. 180)


“Não se surpreenda se as coisas não correrem como você esperava: o universo é muito maior do que você. Não se surpreenda se não entender por que elas não correram como esperado, pois você não tem como penetrar a lógica do universo. Veja como você é pequeno em comparação com as montanhas. Aceite o que é maior, e que você não compreende. (...) Nossas vidas não são a medida de todas as coisas: contemple lugares sublimes como um lembrete da fragilidade e insignificância do ser humano.”
(Idem, p. 190)

* A foto que ilustra esta postagem, do Grand Canyon, nos EUA, foi tirada pelo meu pai

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O problema das drogas

“Está difícil criar filho aqui, viu!” A manifestação - em claro tom de desabafo e numa voz um tanto sufocada pelo medo - partiu de uma mãe, moradora no Jardim Odécio Degan, em Limeira. Ela telefonou para a redação da TV Jornal com o objetivo de denunciar a presença constante do tráfico de drogas no bairro - um dos pontos nevrálgicos da criminalidade no município.

No telefonema, a moradora citou pelo menos dois pontos de tráfico. Ela classificou a situação como insustentável e desenhou um quadro preocupante envolvendo a participação de menores na atividade. Paralelamente a isso, diz a moradora, tem crescido no bairro a quantidade de adolescentes grávidas. “Elas ficam nas biqueiras com os moleques”, falou.

O que me chamou a atenção no telefonema não foi a denúncia em si - a presença do tráfico no Odécio Degan é conhecida há tempos. Não é de hoje também que a Polícia Militar e a Guarda Municipal enfrentam resistência de moradores para entrar no bairro durante as ocorrências.

O mais preocupante na denúncia foi a constatação evidente do contágio da infância e juventude pelo crime no bairro. Não que isto seja novidade, mas trata-se de um apelo revelador da ausência do Poder Público e da falta de soluções aparentes para as famílias. Quando uma pessoa se dispõe a telefonar para uma emissora de televisão e manifestar tal situação é porque já não confia mais nos meios tradicionais aos quais deveria recorrer.

Infelizmente, tem crescido a quantidade de denúncias de tráfico que chegam à TV Jornal. Todas com enredo semelhante: casas e áreas abandonadas, atividade criminosa dia e noite, ausência das forças de segurança... São, muitas vezes, relatos desesperados, como de um morador do condomínio “Olindo de Luca” que, em cartas anônimas, denuncia a presença de crianças na venda de drogas.

Hoje, com a experiência acumulada à frente de um programa policial e as seguidas entrevistas com especialistas, não tenho dúvida em afirmar que as drogas são o principal problema de segurança, social e de saúde pública do mundo. No Brasil, a grande maioria dos crimes tem alguma ligação com as drogas.

Também, e infelizmente, não tenho dúvida em afirmar que não há saída a curto prazo para este problema. Se existir uma luz no fim do túnel, ela só aparecerá a médio e longo prazos. E não dependerá de nenhuma medida exclusiva – só um conjunto de ações nas áreas social, educativa, de saúde e segurança poderá apresentar algum resultado eficaz. Se começarmos hoje, nenhum resultado virá em menos de duas gerações.

Por enquanto, é o que há.