Quando o assunto é jornalismo em meios digitais, Rosental Calmon Alves é um referencial. Considerado um dos grandes teóricos do assunto na atualidade, o fundador do Centro Knight para Jornalismo nas Américas foi responsável pelo primeiro curso de jornalismo online na Universidade do Texas, em Austin, é idealizador e organizador do Simpósio Internacional de Jornalismo Online (ISOJ, na sigla em inglês) e se considera um “evangelizador digital”.
Após ser homenageado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) no 6º Congresso Internacional da entidade, Alves falou para uma plateia de mais de 500 pessoas sobre os impactos das novas tecnologias no jornalismo.
O professor, um aficionado confesso por redes sociais, sintetizou suas ideias em sete tuítes que publicou sobre o tema:
* Revolução digital impõe mudanças radicais e cria um novo ecossistema de mídia;
* Lenta ruptura dos modelos de negócio, produção e distribuição do jornalismo continuará impiedosamente;
* Jornalismo investigativo tem sido a primeira vítima dessa ruptura em muitas redações nos EUA;
* Já há resultados da mobilização nos EUA para salvar o jornalismo investigativo por sua importância para a democracia;
* Há terreno fértil para o jornalismo investigativo florescer no novo ecossistema de mídia digital que enfatiza transparência;
* Um dos maiores fenômenos da evolução da mídia nos EUA é o jornalismo sem fins de lucro;
* A transição de ecossistemas de mídia precisa desta nova disciplina: jornalismo empreendedor.
Segundo ele, saímos da aridez do ecossistema industrial, caracterizado pela escassez de informação, para a floresta digital, em que a abundância predomina. A nova realidade determina novos rumos para a produção de notícias e quem não souber se adaptar pode perder espaço. "Os avanços tecnológicos nunca afetaram tanto a forma de fazer jornalismo. Há mais de uma década que eu venho alertando para isto: não dá mais para continuar fazendo jornal do mesmo jeito", ressaltou.
Maior quantidade de informação e de canais, baixas barreiras de entrada e de custos de produção, maior concorrência e uma comunicação horizontal e multidirecional foram as características apontadas por Alves para retratar a revolução digital.
As novidades não se restringem aos campos da técnica e da linguagem. A economia jornalística também foi bastante afetada. Nos últimos cinco anos, o faturamento de publicidade dos jornais americanos caiu 45% e a circulação continuou a despencar, de acordo com o teórico. Com isso, houve um encolhimento das redações de quase 50% nos EUA.
Apesar do quadro crítico, Alves é otimista em relação ao futuro do jornalismo investigativo que, segundo ele, “tende a florescer no ecossistema midiático, baseado em bases de dados, onde fica mais fácil ter acesso a informações públicas que nutrem reportagens investigativas”.
A dica para sobreviver nas novas mídias é empreender, razão pela qual o professor sugere “Jornalismo empreendedor” como uma nova disciplina necessária nas faculdades. Inovação é a palavra-chave para os jornalistas da floresta digital.
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