Vou contar o que fiz ontem: escrevi um e-mail a um amigo. Para atualizar as notícias (e sequer havia novidades a contar). Ainda assim, escrevi com entusiasmo. E recebi, logo na manhã seguinte, uma resposta também com entusiasmo – sim, percebi isto pelo texto.
Você pode pensar: e daí? Pois um gesto simples como este esconde uma mudança radical que afeta a vida de todos nós.
Com o passar do tempo e o avanço das tecnologias, as pessoas estão cada vez mais “conversando” pelo Twitter, MSN, Orkut, Facebook e cada vez menos cara a cara ou que seja por e-mail (mas um e-mail pessoal).
Que me perdoem os modernos, mas não é possível manter um diálogo minimamente consistente com alguém por meio de 140 caracteres.
Por isso decidi escrever para um amigo. E na noite anterior, liguei para outro a fim de cumprimentá-lo pela passagem de mais um aniversário (algo que poderia ter feito pelo Twitter...).
Vou fazer uma confissão: durante mais ou menos dois anos, decidi isolar-me do mundo. Por motivos diversos, incluindo o afastamento de alguns amigos, optei por recolher-me à solidão. Para quem passa por esta experiência ou pensa em fazer isto, dou uma dica: não perca tempo. O mais frutífero é cultivar as amizades.
O verbo “cultivar” não foi usado ao acaso. A amizade é como uma planta, que precisa ser regada, cuidada, para estar sempre bonita e viçosa.
E como fazer esse cultivo? Simples: mantenha contatos – por e-mails, telefonemas, etc. Por isso, liguei para um amigo, escrevi para outro e ainda marquei uma visita a uma amiga que mora em outra cidade. E vou continuar fazendo isso.
As pessoas cada vez menos se lembram de perguntar “como vai?”, “o que tem feito?”, “precisa de algo?”, “quais seus planos?”, etc. Tudo isso deu lugar a “Blz? E aí?”, “O q vai fazer hj?”, “Veja isso – www........”. Assim, em 140 caracteres.
O ser humano está perdendo a essência do convívio. Tem-se “um milhão de amigos” virtuais, mas basta precisar de alguém que você terá sorte se encontrar uma mão amiga.
Teste você mesmo: quando foi a última vez que escreveu para um amigo ou parente? Quando ligou para perguntar como estão as coisas?
Não se engane: a tela de um computador é mais fria do que você pode imaginar. E ela pode esfriar seus relacionamentos (sejam amorosos, familiares ou com seus amigos).
Fale com as pessoas, escreva para elas, ligue, mantenha contatos reais. Tenha certeza de que isto será muito mais valioso do que qualquer coisa que você possa escrever em 140 caracteres.
Em tempo: no e-mail que recebi como resposta, o amigo propôs lançar uma campanha contra as redes sociais (ou algo mais ou menos assim). Claro que não é bem isso, o exagero apenas serve para reforçar o conceito proposto: retomar o contato mais pessoal, menos virtual.
De minha parte, vou endossar a campanha “Abaixo as redes sociais!”. Assim mesmo, com o radicalismo que a questão exige.
PS: estou esperando o seu e-mail ou o seu telefonema (risos)!
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