Outro dia, numa ida ao supermercado com a minha mãe, acabei comprando alguns "pocket books" - ou livros de bolso. Fazia algum tempo que queria ler uns clássicos e peguei "O Príncipe", de Maquiavel, e "Hamlet", de William Shakespeare. Também comprei "Adultérios", de Woody Allen, além de um outro livro para um amigo.
Confesso que, no caso de Allen, dois fatores me chamaram a atenção: 1) conhecer um pouco mais deste genial cineasta e escritor; 2) o fato das histórias serem ambientadas em Nova York. Conforme a própria contracapa explica, "Adultérios" traz três histórias "engraçadíssimas, espirituosas e agradabilíssimas". De fato.
Para quem conhece alguma coisa das obras cinematográficas de Allen, mas nunca tinha lido nada dele, facilmente identifica em "Adultérios" as marcas do cineasta. O texto, feito para o teatro, mistura ironia e sarcasmo em situações do cotidiano, obviamente envolvendo adultérios (cada vez mais estou convicto de que a monogamia é um compromisso ao qual a maioria dos seres humanos não está apta a viver).
Quem mais, além de Woody Allen, poderia trazer os seguintes diálogos:
"- Você é radical demais.
- E você é razoável demais."
"- Ninguém faz amor daquele jeito sem sentir amor.
- Um pau duro não tem consciência."
Quem mais poderia definir a impotência com a seguinte frase: "O mesmo que tentar enfiar uma ostra num parquímetro"? Quem mais poderia ir tão profundo na alma humana com a frase: "As pessoas nunca nos odeiam pelas nossas fraquezas... elas nos odeiam pelos nossos pontos fortes"?
Quem mais poderia dar à união conjugal esta definição: "Lembre-se, Juliet... o casamento é a morte da esperança"? E quem mais poderia diminuir uma pessoa (e quantas vezes não temos vontade de fazer isso?) com a seguinte tirada: "Por que você está dando a ele o mínimo de credibilidade? Ele é um desenho animado"?
Este é Woody Allen. No teatro e nos livros tal como no cinema. Genial.
PS: por falar em livros, outro dia decidi limpar minha estante e tirar umas obras para doar à biblioteca. Entre elas, achei um livro escolar que traz datas importantes do País. Usei muito este livro na escola e decidi folheá-lo. Qual não foi minha surpresa ao me deparar logo no início com a seguinte explicação:
"MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO DE 1964 - 31 de março de 1964 marcou uma nova fase política em nosso país. Foi um dia de ansiosa expectativa nas primeiras horas. E somente à meia-noite respirava-se o ar da vitória da democracia.
Devido a inúmeros acontecimentos que vinham perturbando a tranquilidade pública e a segurança da Nação, com grande ameaça às instituições democráticas, o general Olympio Mourão Filho lançou seu manifesto de repúdio às forças anti-democráticas (sic)..."
Assim o livro descrevia a ditadura. Assim se ensinava nas escolas nos anos 80...
1 comentários:
Fiquei com vontade!
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