Desde que a crise financeira mundial tornou-se também econômica, em meados de outubro, a palavra "crise" passou a dominar o noticiário. Natural, afinal a função da imprensa é tratar dos principais assuntos do dia. Houve, porém, quem visse a imprensa - o que não é raro - como a vilã dessa história ou, indo além, como a inventora da tal crise.
Alguns amigos, em tom de brincadeira (e provocação), já manifestaram esse pensamento para mim.
Curiosamente, a propalada crise trouxe junto a manifestação de oportunidade. Assim, várias foram as propagandas na virada do ano que buscaram e ainda buscam transmitir otimismo.
Creio, sinceramente, que uma boa dose de equilíbrio é fundamental. A crise não é o fim do mundo e tampouco é a "marolinha" propalada pelo presidente Lula. Em Limeira, centenas de trabalhadores perderam seus empregos (notadamente no setor automotivo, um dos mais influentes na economia da cidade) como reflexo da crise. O Poder Público acaba de anunciar um corte de 10% no orçamento de 2009 - o que significa R$ 44 milhões.
Naturalmente, há setores e pessoas ganhando com a crise. Não se pode ignorar, porém, que em alguns ramos a situação é delicada. Lendo anteontem uma matéria no "Los Angeles Times", por exemplo, deparei-me com um número chocante: "Para onde foram todos os empregos? 200.000 demissões anunciadas só em 2009 (nos EUA)".
Ser otimista é importante, mas não se pode deixar que o otimismo impeça-nos de ver a realidade. Pois é o diagnóstico o primeiro passo para a cura. Assim, enxergar com nitidez o que está ocorrendo na economia mundial é essencial para, efetivamente, buscar na crise as oportunidades necessárias. É mais ou menos o que disse uma propaganda que eu li ontem:
"O pior efeito de qualquer crise é o pessimismo. Ele barra novos investimentos, impede contratações, traz incertezas, tudo que só faz a situação ficar ainda pior. E ser otimista, em um momento assim, não significa ser irresponsável. Significa conhecer a própria força e competência para superar as dificuldades, além de colocar tudo isso em prática. (...) Estamos fazendo a nossa parte. Acreditando que a crise fica menor quando a gente trabalha mais e reclama menos."
Acho que é por aí. Só não podemos nos esquecer que o texto é de uma propaganda. E entre o que se pretende mostrar e o que de fato se está praticando muitas vezes vai uma longa distância...
domingo, 1 de fevereiro de 2009 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 19:54 |
As visões da crise
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