Para quem acha que preconceito é uma palavra superada na sociedade atual, não é preciso recorrer aos eventos de Baltimore ou Charleston, nos EUA (tema sobre o qual já escrevi neste blog). No Brasil, não faltam exemplos de intolerância racial, religiosa, sexual, política e afins.
Exemplo recente é a pichação na rua contra o humorista Jô Soares. Tudo por causa de uma entrevista feita por ele com a presidente Dilma Rousseff, considerada "dócil demais".
Discordo radicalmente de 99% das medidas adotadas por Dilma em seus mandatos (aprovo algumas, como o corajoso debate a respeito dos limites da Previdência Social), mas tampouco posso considerar normal o nível de radicalismo que tomou conta de alguns oposicionistas no país (e não me refiro apenas à oposição formal, partidária).
E o que falar da exigência feita por um famoso clube da elite paulistana de que babás usem roupas brancas no local? Por sorte, neste caso o Ministério Público entrou na história - que repercutiu até na Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Também recentemente, uma menina de apenas 11 anos foi atingida por uma pedra ao sair de um culto de candomblé no Rio de Janeiro. Não sei se há relação de causa-efeito, mas desconfio que a onda conservadora (parte dela apoiada por alas cristãs extremistas) que tomou conta do Congresso Nacional possa servir de estímulo para que pessoas ou grupos ajam de forma criminosa contra alguém que é apenas diferente.
Esta semana, ao entrevistar para o "Jornal da Cultura" (TV Cultura, seg. a sáb., 21h) um especialista em recrutamento de pessoas, ouvi que uma determinada empresa o contratou para intermediar o preenchimento de uma vaga de trabalha. Recomendação importante: o contratado não poderia ser obeso ou homossexual. "Às vezes nem acredito no que eu ouço", observou o especialista.
Neste último caso, o preconceito se dá de forma velada, ou indireta, ou encoberta, porque só o recrutador toma conhecimento, mas não deixa de ser grave da mesma forma.
Ao ver tantos episódios no intervalo de alguns dias, fico me perguntando se estamos mesmo no século 21...
Em tempo: creio que a onda do "politicamente correto" tenha também alguma relação com o conservadorismo latente. Como explicar as críticas a uma propaganda de remédio feminino e à nova novela da TV Globo?
Falta de humor é outro sintoma de uma sociedade doente.
sexta-feira, 19 de junho de 2015 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 15:01 |
Preconceito é sintoma de uma sociedade doente
Marcadores: preconceito, racismo, sociedade
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