quarta-feira, 29 de abril de 2015 | | 0 comentários

Roberto Carlos: sempre um espetáculo

Abertura do show de aniversário de Roberto Carlos no Allianz Parque, em São Paulo, em 18 de abril de 2015. Um momento particularmente emocionante e especial, que seguirá gravado para sempre na minha memória e no meu coração.



Em tempo: esta postagem é dedicada aos meus pais, a quem ofereci o show como presente, e à querida tia Marina (in memorian), que certamente estava ao nosso lado vibrando como sempre com mais um show do "Rei".

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Ditadura nunca mais - um relato para não esquecer

(...) “Fui várias vezes espancada e levava choques elétricos na cabeça, nos pés, nas mãos e nos seios", contou. "Um dos mais brutais torturadores arrastou-me pelo chão, segurando pelos cabelos. Depois tentou estrangular-me e só me largou quando perdi os sentidos. Esbofetearam-me e me deram pancadas na cabeça”. 

“Fui estuprada duas vezes por Camarão [codinome de um militar] e era obrigada a limpar a cozinha completamente nua, ouvindo gracejos e obscenidades os mais grosseiros”. (...)

Os relatos acima são de Inês Etienne Romeu, ex-presa política que morreu recentemente. Foram citados na coluna de Bernardo Mello Franco na “Folha de S. Paulo” do último dia 28 – cuja leitura recomendo, principalmente para aqueles que, de modo inconsequente, pregam por aí a volta dos militares. 

quarta-feira, 22 de abril de 2015 | | 0 comentários

O futuro da TV

Reportagem publicada hoje (22/4) pela “Folha de S. Paulo”, assinada por Nelson de Sá e Fernanda Reis, sobre o futuro da Rede Globo por ocasião das comemorações dos 50 anos da emissora, traz uma espécie de diagnóstico desse importante meio de comunicação.

Reproduzo a seguir um trecho da reportagem justamente pelo fato da análise extrapolar os muros da Globo e valer para a TV em si:

Para começar, fala Boni, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, seu principal executivo por três décadas: "Capacitada a produzir conteúdo em escala, o caminho da Globo será investir cada vez mais em qualidade, para utilizar todas as plataformas. Não importa onde, pelo ar, cabo, internet. O importante é ter conteúdo que atraia visibilidade". 

Nizan Guanaes, dono do maior grupo publicitário do país, o ABC, vai na mesma direção: "Vivemos a era do conteúdo e do 'storytelling' [contar histórias]. As próximas décadas vão ser desafiadoras para ela como vão ser para todo o mundo. Mas ela está muito bem posicionada porque é craque em padrão mundial nas duas coisas". 

Para Esther Hamburger, da USP, e Vanderlei Dias de Souza, do Mackenzie, a TV aberta seguirá firme. "Tem gente que fala que está morrendo, mas não, está se transformando", diz ela, citando as coproduções da Globo. "A TV do jeito que é não vai desaparecer, a Globo ainda dá audiência, apesar da queda", diz ele. 

Mas o desafio agora é o novo público, não passivo como na TV aberta, e sim "junto". Ken Doctor, do Nieman Lab, de Harvard, diz que a Globo "pode com certeza" achar o seu lugar nesse ambiente: 

"O grande agente de mudança é o consumidor, que agora ocupa parte do banco do motorista. A compreensão profunda da audiência, por idade, plataforma, é requisito para empresas como a Globo. Em seguida virá como agir a partir dessa compreensão".

Leia também (acrescentado em 4/5):

- Novas tecnologias dinamizaram a forma de ver TV

sábado, 18 de abril de 2015 | | 0 comentários

Trabalhando...

Falta apoio para ex-detentos ganharem uma nova vida:



2015 começa com alta nas tarifas públicas:



sexta-feira, 17 de abril de 2015 | | 0 comentários

Somos classe média, e daí?

É má-fé ou ignorância (ou ambas as coisas juntas) satanizar a classe média pelas manifestações contra o governo.

Má-fé porque a classe média, como qualquer outro segmento, tem todo o direito de se manifestar, contra ou a favor do governo. É uma obviedade, eu sei, mas ter que escrever tão tremenda obviedade é um sinal da indigência do debate público brasileiro.

Ignorância porque a classe média foi o motor de TODAS as manifestações que a esquerda considerou épicas. Foi o tal de povo, por acaso, que esteve presente em massa nos atos pela anistia? Foi o tal de povo, por acaso, que se mobilizou pelas "diretas-já", o maior movimento de massas da história recente (e não tão recente)? (...)

Fonte: Clóvis Rossi, “Classe média à la carte”, Folha de S. Paulo, Mundo, 14/4/15.

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Frase

“Como um partido pode pedir impeachment antes de ter um fato concreto? Não pode.”
Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República e líder do PSDB, sobre a possibilidade da oposição protocolar um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

quinta-feira, 16 de abril de 2015 | | 0 comentários

O homem que anunciou a morte de Tancredo Neves

Quero falar de uma coisa
Adivinha onde ela anda
Deve estar dentro do peito
Ou caminha pelo ar
Pode estar aqui do lado
Bem mais perto que pensamos
A folha da juventude
É o nome certo desse amor

Já podaram seus momentos
Desviaram seu destino
Seu sorriso de menino
Quantas vezes se escondeu
Mas renova-se a esperança
Nova aurora a cada dia
E há que se cuidar do broto
Pra que a vida nos dê
Flor, flor e fruto

Coração de estudante
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo
Tomar conta da amizade
Alegria e muito sonho
Espalhados no caminho
Verdes, planta e sentimento
Folhas, coração
Juventude e fé
(“Coração de Estudante”, de Milton Nascimento e Wagner Tiso)


Entrevistar personagens que desempenharam papeis cruciais em momentos decisivos da história, ou que tiveram a oportunidade ao menos de acompanhar estes momentos, sempre me motivou de modo profundo.
Hoje, às vésperas de completar 30 anos da morte do presidente Tancredo Neves (o primeiro civil que comandaria o país após duas décadas de ditadura militar e que adoeceu momentos antes de tomar posse), tive a oportunidade de entrevistar o ex-governador do Rio Grande do Sul (1995-98) e secretário de imprensa da Presidência da República no futuro governo Tancredo, Antônio Britto Filho.

Afastado da política desde os anos 2000, Britto hoje é presidente-executivo da Interfarma, a Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica de Pesquisa. Ele recebeu a equipe da TV Cultura na sede da entidade e relembrou como foi o momento mais importante da história do país nos últimos 30 anos.

Um momento dramático e de forte comoção social, comparável apenas ao que se viu na morte do piloto Ayrton Senna. Tancredo, a figura que permitiria ao Brasil deixar as trevas, viu apagar sua luz naquele 21 de abril de 1985, jogando o país num mar de incertezas que ameaçava a frágil reconquista da democracia.

Naquele triste momento, Britto foi responsável por comunicar ao país oficialmente a morte do presidente – com palavras que, ele revelou na entrevista, estavam escritas já há alguns dias:

“Lamento informar que o excelentíssimo presidente da República, Tancredo de Almeida Neves, faleceu esta noite, no Instituto do Coração, às dez horas e 23 minutos. 
Acrescento o seguinte: nos últimos 50 anos, a vida pública de Tancredo Neves confundiu-se com os sonhos e os ideais brasileiros de união, de democracia, de justiça social e de liberdade. Nos últimos meses, pela vontade do povo e com a liderança de Tancredo Neves, estes ideais se transformaram na Nova República. 
A emocionante corrente de fé e de solidariedade das últimas semanas, enquanto o presidente Tancredo Neves lutava pela vida, só fez crescer este sentimento de união que foi sempre ação, exemplo e objetivo de Tancredo Neves. Com a mesma fé, com a mesma determinação o Brasil haverá, a partir de agora, de realizar os ideais do líder que acaba de perder, Tancredo Neves.”


A seguir, a íntegra da entrevista – gravada a pedido da TVE-RS, parceira da TV Cultura. Uma entrevista que todo brasileiro deveria ler:

Como começou a sua relação política com o ex-presidente Tancredo Neves?
Antônio Britto – De uma forma absolutamente profissional. Eu era jornalista, trabalhava na época na Rede Globo, encarregado da cobertura de temas políticos de Brasília, e à época obviamente não havia como cobrir política sem estar em contato com o dr. Tancredo, como fonte, como entrevistado, e com as pessoas que o cercavam naquele momento muito especial da vida brasileira, em que se procurava fazer a transição que viesse a encerrar o regime militar.

O contato com os políticos era diferente? Os políticos eram diferentes naquela época?
Britto – Acho que é óbvio que há uma mudança grande. Em primeiro lugar porque à época a luta brasileira pela democracia, o sofrimento brasileiro com o regime militar transformava aquelas lideranças políticas em figuras altamente respeitadas. Pelo sacrifício, pela luta. Eram pessoas que, ao contrário de hoje, elas é que levavam a população às ruas e elas podiam não apenas estar nas ruas, mas serem festejadas pelas ruas. O Brasil vive uma situação muito curiosa porque nestes 30 anos a partir da morte do dr. Tancredo, temos 30 anos em que a democracia se consolidou, e este é o grande legado dos 30 anos, mas, ironicamente, a democracia brasileira consolidada como nunca respeita aos partidos políticos e aos próprios políticos de uma forma praticamente zero. Então, como é que a democracia pode se afirmar e os políticos puderam caminhar na direção contrária? Como é que a gente tem uma democracia que se afirma e partidos que se afundam? Onde é que a gente está errando?

O sr. mencionou a estabilidade democrática como grande legado destes 30 anos. O sr. atribui isto ao dr. Tancredo? Qual o legado dele?
Britto – A democracia não é a conquista de uma pessoa, é uma conquista da sociedade brasileira. De todo mundo que sofreu, que lutou para que o país se tornasse o que é hoje, um país com liberdade de expressão, liberdade de opinião, liberdade de voto. Eu gosto de dizer que o dr. Tancredo, portanto, não foi quem deu a democracia ao Brasil. A democracia viria sem ele. O que o dr. Tancredo foi é o atalho brasileiro para a democracia. Sem ele, não se sabe quanto tempo a mais a democracia demoraria e nem se sabe que custo adicional a conquista pela democracia imporia. O papel importante historicamente do dr. Tancredo me parece ter sido funcionar como um atalho que encurtou o tempo e reduziu o custo para a chegada do país à democracia. Nessa medida, graças ao fato de ele ser uma pessoa que conseguia encaminhar o Brasil em direção ao novo sem romper, sem assustar o velho, acabou se tornando a pessoal ideal para, derrotada a ideia das eleições diretas, encaminhar a solução. Acho que este é o grande papel histórico dele naquele episódio.

Um papel histórico num momento peculiar do país. E aí o primeiro presidente civil pós-ditadura não toma posse. O sr. acompanhou todos aqueles momentos de angústia nacional. Como foi?
Britto – Acho que ali havia na verdade a soma de duas angústias, da parte de todos os brasileiros. A primeira com o sofrimento que um ser humano chamado Tancredo Neves passou, naquele verdadeiro calvário de 38 dias. Mas havia um segundo sofrimento, uma segunda angústia, com a ironia do destino em relação ao processo brasileiro. Você tem 20 anos de regime militar, você luta para poder sair disso e o articulador, o atalho desse processo, acaba falecendo. O que gerava em todos nós uma grande insegurança sobre o que aconteceria sem ele. Porque dr. Tancredo tinha sido o construtor daquela arquitetura e aquela arquitetura era extremamente frágil. Até o último momento havia quem não quisesse o retorno à democracia. Então, acho que as duas angústias se sobrepunham. A angústia em relação ao que se passava com o cidadão Tancredo Neves, com o ser humano Tancredo Neves, mas também a angústia, a preocupação com o que poderia acontecer com o Brasil sem Tancredo Neves.

Em que momento naqueles 38 dias o sr. teve a informação, ou a convicção, de que o quadro de saúde do presidente era irreversível?
Britto – A imprensa noticiou isso exaustivamente à época, não há mistério, não há segredo sobre esse episódio todo. Portanto ela própria divulgou que a partir dos últimos dez dias apenas um milagre que a ciência não pudesse causar nem explicar permitiria uma recuperação do dr. Tancredo. Ali se criou aquela angústia, que é comum infelizmente em certas situações, de ter a repetição de esforços feitos pelos cientistas, pelos médicos, sem a correspondência da saúde do paciente.

Após a morte do presidente Tancredo, durante muitos anos surgiram várias dúvidas e suspeitas. Algo naquele momento foi informado diferentemente da realidade? Qual a real causa da morte do presidente?
Britto – Se tu chamas qualquer pessoa no mundo e diz que um presidente da República vai tomar posse às dez da manhã, vai para um hospital às nove da noite, dez da noite do dia anterior, e morre dentro do hospital depois de 38 dias, o episódio é tão absurdamente surpreendente, tão absurdamente fora de tudo que a lenda, o boato, a mentira correm soltos. Por quê? Porque a verdade é dura de aceitar. Isto é muito comum na vida de todos nós. Quando a verdade é muito dura de aceitar fica fácil o caminho para as outras coisas. E é o que aconteceu. A história do dr. Tancredo é extremamente simples: um senhor de 75 anos, com saúde frágil, está envolvido num trabalho superimportante. Começa a sentir alguma coisa e não cuida, continua sentindo e não cuida, quando vai cuidar não tem mais como cuidar. Cada um de nós conhece essa história dezenas de vezes. Agora, se eu contar a mesma história e disser que o nome daquela pessoa é Tancredo Neves e o trabalho dela é ser presidente da República depois de 20 anos de ditadura militar, todo mundo que acreditava até um minuto atrás já deixa de acreditar. Então é isso. A parte médica eu adotei, faria tudo de novo hoje, uma coisa que me parece óbvia, que eu aprendi no jornalismo, que é a minha profissão: não sou médico, não era médico, não entendo de medicina, não me cabia nem podia examinar o dr. Tancredo e diagnosticar o que ele tinha e o que não tinha. Logo, só poderia informar aquilo que eu fosse informado por quem fazia isso. Quem? Os médicos. E como é que eles informavam? Assinando e dando os boletins. À medida que os fatos foram avançando ficou claro para mim, até com o senso de repórter, e ficou claro de forma crescente para todo mundo que o que se esperava que fosse alguma coisa temporária era muito grave e que talvez não tivesse um bom desfecho. E aí eu entendi, porque seria também responsabilidade nossa, ao lado de todos que trabalharam nisso, sem perder a esperança de um milagre, entendi que era necessário preparar a população para o fato de que se havia a hipótese do milagre, havia também muito forte a hipótese de, não ocorrendo o milagre, haver um final trágico, que foi o que infelizmente acabou acontecendo.

A trajetória do dr. Tancredo o inspirou em sua carreira como deputado e depois como governador?
Britto – Quem convive com figuras como dr. Tancredo, dr. Ulysses (Guimarães), uma figura muito cara ao Rio Grande do Sul que é o governador (Leonel) Brizola, para citar apenas três exemplos, teve o privilégio de conviver com uma geração extraordinária de políticos com algumas características que são importantes. A característica, em primeiro lugar, do interesse público. Ou seja: acertaram ou erraram, mas errar ou acertar por entender que aquilo era o melhor para quem? O país. Minha origem na política é isso. Na política como na vida não há fórmula para acertar sempre. A questão que diferencia um político do outro é se ele erra ou acerta por estar tentando o interesse público ou se ele erra ou acerta, e geralmente vai errar, por considerar variáveis que não têm nada a ver com o interesse das pessoas, com o interesse da população e com o interesse público. Então eu acho que o grande legado que essa geração, e não apenas o dr. Tancredo, deixou ao Brasil é, em primeiro lugar, de uma grande visão do que seja o chamado interesse público. No caso específico do dr. Tancredo, a habilidade, que é uma forma de fazer política tentando buscar o consenso. No Rio Grande do Sul tem algumas pessoas que pensam que a briga é obrigatória. Não, não tem nenhuma lei que impediu que ao final de uma conversa as pessoas se acertem. E a política é o caminho de tentar conciliar posições quando possível. E nisso o dr. Tancredo era absolutamente imbatível.

O sr. falou de considerar outros interesses que não o interesse nacional. Com os rumos que a nossa democracia tomou, o sr. considera possível que um presidente manifeste suas convicções com sinceridade hoje?
Britto – Do ponto de vista partidário, o país hoje é muito mais complicado. O dr. Tancredo teve dificuldades para montar o ministério porque precisava conciliar todos que haviam apoiado a redemocratização. Nós fomos andando para trás nisso. Aumentamos o número de partidos, reduzimos a legitimidade dos partidos, aí tivemos que aumentar o tamanho dos governos, o que aumenta a briga para preencher os cargos no governo, e eu não estou falando do filme que está passando agora no cinema, estou falando do filme que é quase permanente no Brasil. Então, repetindo o que eu disse, estamos vivendo um paradoxo. A democracia brasileira é mais forte do que nunca, mas os personagens muito importantes, não são os mais importantes, mas muito importantes na democracia, que são os parlamentos, os partidos e os políticos estão mais frágeis do que nunca. Alguma coisa perigosamente está errada.

O sr. se recorda com exatidão das palavras do anúncio da morte do presidente? Quais sentimentos aquilo despertou no sr. na ocasião e o que desperta hoje?
Britto – Não saberia obviamente lembrar todas as palavras. À medida que a situação do presidente foi se agravando, eu pessoalmente, além do sofrimento, comecei a me dar conta que íamos entrar num processo, havendo o falecimento do presidente, primeiro de enorme comoção popular, o que é sempre algo difícil de administrar. Segundo, de enorme inquietação popular. O que acontece agora? Para onde a gente vai? E que seria muito importante que a gente pudesse transmitir os acontecimentos de modo a, sem deixar de expressar a tristeza, a dor que era de todos, ao mesmo tempo procurar ajudar a tranquilizar a população e acima de tudo procurar mostrar e a ajudar a mostrar que era preciso, após o falecimento do dr. Tancredo, honrar e dar continuidade. Então eu tinha essas três coisas na cabeça. Aí, refletindo no meio daquela tempestade toda: “eu vou fazer uma coisa que eu tenho que fazer, só eu posso fazer na circunstância, eu vou deixar pronto o papel que espero que eu nunca use”, mas cada vez mais achava que ia fazer. E aí comecei a fazer, mexia um pouco, etc, à mão, guardava com todo cuidado sempre preso dentro do bolso de dentro do casaco até o momento em que, infelizmente, foi necessário usar o tal do papel – que eu guardei e foi doado ao museu Tancredo Neves. E aí, quando enfim me cabia comunicar ao país que ele tinha falecido, a minha preocupação foi de ordem física. Era tão grande a dor, era tão grande o sofrimento com aquilo tudo que eu temia não ter respiração. Foi aí que eu decidi ao invés de descer de elevador, desci de escada o Incor (Instituto de Coração) porque achei que descendo de escada eu ia ajudando a respirar e tal. E o resto todo mundo sabe.

segunda-feira, 13 de abril de 2015 | | 0 comentários

Gugu: mais do mesmo

Diante das polêmicas geradas pelas entrevistas que fez com Suzane von Richthofen e o ex-goleiro Bruno Fernandes, ambos presos condenados por envolvimento com assassinatos, o apresentador Gugu se defendeu dizendo que apenas faz jornalismo.

"Estava com saudades de fazer externas e grandes reportagens", disse. Falou 
ainda que fez entrevistas com pessoas procuradas por toda a imprensa.

Este é, certamente, o ÚNICO mérito de Gugu - com a ressalva de que conseguiu as entrevistas muito mais pela sua conhecida docilidade do que pela credibilidade (que perdeu depois do episódio da falsa entrevista com PCC) e pelo faro jornalístico.

De "grande reportagem" o trabalho recente de Gugu não tem nada. Peca na forma e no conteúdo, como bem explicitou o crítico de TV do UOL/"Folha", Mauricio Stycer. Jornalismo não combina com a dramatização piegas, forçada e excessiva das entrevistas, tampouco com "pegadinhas" para atrair a audiência como a da "revelação" de Bruno que mudaria o caso do ponto de vista jurídico.

No fundo, Gugu continua fazendo o que sempre fez: um entretenimento muitas vezes apelativo em busca de nada mais do que audiência. Para isso, finge usar recursos jornalísticos e empresta ao material uma cara (de jornalismo) que qualquer análise minimamente séria concluirá não se sustentar.

Em outras palavras, Gugu engana o telespectador e abusa da boa fé do público (ou seria inocência? Ignorância?...) em proveito próprio. Apenas isso.

sexta-feira, 10 de abril de 2015 | | 0 comentários

Reduzir maioridade para quê?

(...) Indiferente a soluções verdadeiras para interromper a vergonhosa taxa anual de 55 mil homicídios, a chamada bancada BBB - Boi, Bíblia e Bala - prossegue sua blitzkrieg retrógrada. Menos de 1% dos assassinatos são cometidos por jovens de 16 e 17 anos. Já os adolescentes representam 36% das vítimas. Basta tais números para perceber a manipulação demagógica do debate da maioridade penal.

Uma sugestão: em vez de caçar menores, por que não endurecer, por exemplo, as regras de prescrição de delitos de adultos? (...)

Fonte: Ricardo Melo,
“Retrocesso trabalhista”, Folha de S. Paulo, Poder, 6/4/15.

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Trabalhando...

Internet influencia o comportamento para o bem e o mal:


Frango passou de símbolo do Real a sinônimo da crise - a partir do minuto 21:02:

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"Cidades, bicicletas e protestos"

(...) O que estamos vivendo em São Paulo hoje não é muito diferente. A mudança proposta pelos cicloativistas e encampada pelo Plano Diretor significa muito mais do que a introdução de um novo modal. Faz parte de um movimento bem mais amplo de desconstituição da cidade para os carros - onde reina a lógica de que só os pontos de partida e chegada importam, e não o percurso -, em direção a uma cidade onde estar no espaço público é parte integrante da vida urbana.

Evidentemente, ainda falta muito para que São Paulo se reinvente. Para os que criticam ciclovias ainda sem muitos ciclistas, a resposta dos especialistas em transportes é que a oferta da nova infraestrutura fará que o novo modal cresça cada vez mais. Ainda, para os que denunciam que muitas faixas estão sendo mal executadas, basta olhar ao redor -para nossas calçadas ou mesmo vias pavimentadas - para constatar a péssima qualidade de execução. Este é, portanto, um daqueles temas que vão muito além das ciclovias... (...)

Fonte: Raquel Rolnik, “Folha de S. Paulo”, Cotidiano, 6/4/15 (íntegra
aqui)

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Frases

“Não acho que os protestos sejam coisa de ‘coxinha’ ou da mídia. Já existia mídia no governo Lula e ele tinha 85% de aprovação.”
Cândido Vaccarezza, ex-deputado federal pelo PT-SP

“Porém, a sociedade não aceita sacrifício algum, até porque na campanha eleitoral do ano passado a maioria que votou em Dilma entendeu que não haveria sacrifício algum, caso ela fosse eleita.
Eduardo Guimarães, em artigo no "Blog da Cidadania", postado em 2/4/15

quinta-feira, 9 de abril de 2015 | | 0 comentários

Lá & cá (Alemanha & Brasil)

Dia desses postei o exemplo de um banheiro rodoviário na Alemanha. Lá, a civilidade não é só para os humanos: os animais também têm vez (claro, sob dependência dos seus educados donos). Totens com saquinhos higiênicos estão por toda parte.


Sejamos justos: esta moda já chegou ao Brasil. Só resta aumentar a adesão por parte dos usuários por aqui...

Por falar em totem, tem também para abastecer, ou melhor, recarregar o carro - movido a energia.


Os pontos de ônibus são quase iguais aos nossos, só falta o painel eletrônico que informa o tempo de chegada das próximas linhas.



Mas quando os assuntos são transporte público e mobilidade urbana, aí é covardia comparar...



As ciclofaixas passam longe do improviso (ao contrário daqui). Tem até semáforo para os ciclistas!



Detalhe importantíssimo: os alemães pagam caro - bem caro! - para ter serviços assim, de qualidade. Mas cá entre nós: também não pagamos muito???

Pelo jeito não foi só no futebol que levamos uma sonora goleada...

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Miguel, Miguel...

Só para constar: o limeirense Miguel Lombardi votou a favor do projeto que libera a terceirização no Brasil, precarizando o trabalho e levando, em médio prazo, à perda de direitos.

Primeira decisão decepcionante do agora deputado Miguel.

quarta-feira, 1 de abril de 2015 | | 0 comentários

"Abril e silêncio"

A primavera jaz abandonada
Uma valeta de cor roxa escura
move-se ao meu lado
sem restituir nenhuma imagem.
A única coisa que brilha
são algumas flores amarelas.
Carrego-me dentro de minha
própria sombra como um violino
em seu estojo.
A única coisa que quero dizer
paira bem fora do alcance
como a prataria da família
numa casa de penhores.

(De Tomas Tranströmer, tradução de Enaiê Azambuja)