O jogo surgiu no século 19
como diversão. Virou tênis de mesa quando se profissionalizou. Mas numa escola da
Suécia continua sendo o bom e velho pingue-pongue. Pode não parecer, mas os jovens
estão aprendendo enquanto se divertem, como ressalta Lucas Morales, estudante e
diretor de arte júnior. A Suécia também exporta educação. Um jeito diferente de
ensinar. Ou melhor, de mostrar o que é preciso aprender.
Bem-vindo – indica a sala de
aula da Hyper Island. É a área que mais se parece com uma classe como as das
escolas brasileiras. Os alunos, de várias partes do mundo, estão atentos às
explicações para a próxima tarefa. Ficam bem à vontade - tem até quem tira um
cochilo. A aula, no sentido tradicional, dura menos de dez minutos. Hora de
partir para a criação.
A escola que tem
"ilha" no nome é um espaço cercado de pessoas criativas por todos os
lados. E é este espírito que ela quer despertar nos estudantes. Os princípios
colados nas paredes - como manter o foco e ter energia positiva - já foram
vistos por 22 mil alunos.
A diretora Johanna Frelin conta
que a escola nasceu em 1996 numa pequena cidade da Suécia com apenas 16
estudantes e um programa sobre novas tecnologias. Foi criada por três homens
que queriam revolucionar a educação oferecendo treinamentos de uma maneira
diferente porque tiveram experiências ruins na escola. “Na verdade, estamos
tentando ensinar as pessoas a aprender, a serem curiosas e a entenderem a forma
como a sociedade evoluiu para uma cultura digital que não tem volta. E tentar
dar poder às pessoas e encorajá-las a escolher mudar”, diz ela.
Ensinar as pessoas,
principalmente os jovens, a viver num mundo que muda numa velocidade nunca
antes vista. É este o foco dos programas da Hyper Island. Mais do que ensinar
regras ou ferramentas, estimular os alunos a pensar e a lidar com as mudanças
que este novo mundo traz.
Por isso a aula tradicional
toma só uma pequena parte do tempo dos estudantes. O resto é reservado para a
prática - é assim que eles vão aprender. Sempre em grupos. Num espaço que é uma
grande sala de aula, tudo pode mudar a qualquer dia. Inclusive os biombos que
servem de paredes. E os próprios estudantes é que definem como vai ficar cada
espaço. E isto tudo faz parte do aprendizado.
Os papéis coloridos lembram
as tarefas e servem de estímulo à criatividade. O ambiente divertido ajuda o
trabalho. Os alunos ficam concentrados. Na tela do computador, o filminho ganha
forma. Thiago Masci tem 29 anos e chegou aqui em agosto do ano passado para um
curso de um ano. Especializado em design de animação, procurou a Hyper Island
para se aperfeiçoar.
Em breve, filmes como os do Thiago
poderão ser feitos no Brasil. A Hyper Island abriu no ano passado uma filial em
São Paulo. Por enquanto são apenas dois cursos rápidos, mas a ideia é ampliar a
oferta de programas, inclusive com cursos de longa duração. “A Suécia tem uma
longa tradição de proximidade com o Brasil. Nós compartilhamos os mesmos valores
e como temos muitos estudantes que vêm aqui e refrescam nossos programas,
achamos que seria muito fácil estar no Brasil”, fala a diretora.
Um intercãmbio que ganha
novos parceiros e pode ajudar os dois países. A ONG “Young Innovation Hub” em Estocolmo,
criada há cinco meses, aposta na troca de experiências para estimular novos
negócios. Foi isto que levou o brasileiro Michael Figueiredo a colaborar com o
projeto.
Uma das fundadoras da ONG, Sissa
Pagels conta que o plano é ambicioso: criar uma comunidade global de empreendedores.
Para isso, a ONG conecta os jovens com empresas e investidores. “Quero que eles
entendam que podem trabalhar localmente, mas que são globais. Eles estão
conectados com outras pessoas ao redor do mundo. Eu quero os jovens conectados
com diferentes países”.
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