Trechos da entrevista do
jornalista Paulo Vinícius Coelho, o PVC, para o UOL Esporte. Vale a pena ler e
refletir, são verdadeiras lições de jornalismo:
UOL Esporte: O PVC repórter é um pouco ofuscado por esse PVC comentarista de televisão e o PVC blogueiro?
PVC: Tem uma
diferença de opinião e análise. Opinião todo mundo tem. Estamos em uma era em
que todo mundo opina, cria. Eu posso achar qualquer coisa sobre qualquer coisa.
Mas isso não quer dizer que tenha profundidade e tenha valor. Uma opinião tem
valor? Claro que tem. Mas uma análise que tem apuração, que tem um cara que
conversou com um, conversou com outro, checou os dois lados, construiu uma
história, conseguiu analisar, citando quais foram as fontes, isso tem mais
valor. O que eu tento fazer é esse tipo de análise. Eu não sei se ofusca. O que
eu acho que ofusca é essa espetacularização da notícia. É quando você percebe
que o jornalista virou quase um artista. O jornalista não é para ser artista. O
jornalista é para dar a informação e para analisar a informação. Nesse cenário,
não é que o repórter fica ofuscado. Fica ofuscado o jornalista em toda a sua
plenitude. Ou seja, o jornalista que apura, que checa, que recheca, que
interpreta, que analisa, que junta 20 anos de história, de experiência. Isso tá
fora. O cara olha na TV a imagem do cara que tá aparecendo na televisão. E não
tem como mudar isso. Tem como você ter a percepção de qual é o seu papel diante
de disso. E o seu papel não é ser uma celebridade, é ser um jornalista.
UOL Esporte: De qualquer maneira, ainda te assusta o fato de você
virar notícia? Isso te incomoda? Emendando, você é tímido?
PVC: Eu sou tímido. A vida inteira eu falo isso.
Eu tinha 14 anos e comecei a esboçar para falar para algumas pessoas que eu
pensava em ser jornalista e eu ouvia: "não pode porque você é muito
tímido". Até hoje eu sou. Outro dia eu contei para o Flávio Gomes e ele
adorou. Quando eu fiz a minha primeira matéria, eu passei pela rua Jurubatuba
(em São Bernardo do Campo), e tinha um anúncio: "jornal O Diálogo".
Eu bati na porta, subi a escada, tinha lá uma redação e eu pedi um frila. (...)
Então eu tinha de aprender a driblar essa timidez. O que me assusta não é você
entender que você virou notícia. Para resumir: eu sou jornalista. Se você
decidiu fazer uma nota no UOL ou em outro lugar julgando que o que está
acontecendo comigo é notícia, eu como jornalista tenho de entender que na
opinião de outro jornalista isso tem um valor de notícia. Nesse momento eu
virei notícia. Outra coisa é eu ter a percepção que o meu papel não é ser
notícia. O meu papel é ser jornalista. Então, não é para ser notícia. Se for,
foi circunstancialmente. (...)
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