(...) Não estou afirmando que não caibam críticas morais aos
resultados produzidos pelo mercado. Elas são muitas e muito pertinentes. É
fundamental, contudo, que a indignação que possamos experimentar não contamine
nossa capacidade de compreender como as engrenagens econômicas funcionam no
mundo real. Se isso ocorrer, o resultado são barbeiragens. Foi exatamente o que
se deu na primeira gestão de Dilma.
Quanto à lista de injustiças do mundo, ela até pode ser encabeçada pelos lucros exorbitantes de banqueiros, mas não se limita a eles. Por que um sujeito que teve a sorte de jogar bem futebol ou a mulher que por acaso nasceu bonita merecem ganhar milhares de vezes mais do que pernas de pau ou feias? Como mostrou John Rawls, quase tudo o que valorizamos é um prêmio indevido.
Fonte: Hélio Schwartsman, "O tal de mercado", Folha de S. Paulo, Opinião, 25/11/14, p. 2.
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