Raríssimas vezes na vida eu tive a sensação de que o tempo
parou. Pouquíssimas vezes eu me senti tão extasiado a ponto de entender que se
a vida acabasse naquele momento tudo teria valido a pena e eu estaria feliz.
Foram sensações únicas – e, creia, difíceis de descrever.
Não sou fã de música (daqueles que conhecem nomes, histórias
e trajetórias), tampouco sou beatlemaníaco, mas decidi que não teria o direito
de passar por esta vida sem assistir ao menos a um beatle. E assim decidi ir ao
show de Paul McCartney no Allianz Parque.
Talvez o mais performático dos Beatles mostrou toda a sua
energia em duas horas e meia de show, durante as quais Paul cantou e tocou instrumentos variados em todas as canções, além de brincar com o público com suas
dancinhas, gestos e ao arranhar o português – adaptado para o público, saudado
como “paulistas”. E vieram “Sampa”, “esta é para a molecada” até o “É nóis!!!”
que provocou gargalhadas.
Não faltaram luzes e cores num show primoroso, digno do nome
– show. Espetáculo também cairia bem para uma apresentação espetacular – em emoção
e tecnologia. Do som potente, passando pelo cenário deslumbrante aos fogos de
artifício e à chuva de papeis picados que encerrou a apresentação, tudo foi
mágico.
Tenho usado muito esta palavra para (tentar) descrever aquilo
que vai além do que os olhos conseguem enxergar, o ouvido ouvir e o coração
sentir. Para sensações e experiências que parecem entrar no mundo do
sobrenatural.
A chuva definitivamente não atrapalhou a noite. Foi poética –
ela apertou justamente quando Paul cantou “Here Today” em homenagem ao parceiro
John Lennon, assassinado em Nova York (EUA) nos anos 80. “São as lágrimas do
John”, eu disse.
And if I say I really knew you well
(De Paul McCartney)
Também emocionante foi a homenagem a George Harrison, com “Something”
- a música composta pelo amigo já falecido tocando enquanto imagens deles apareciam
no telão:
Something in the way she moves
E a noite seguiu entremeada por sucessos dos Beatles, dos
Wings (a outra banda de Paul) e do próprio cantor em carreira solo.
Até chegarem os momentos cruciais, que deveriam ser vividos por todas as pessoas. Primeiro veio “Hey Jude” – e, como já virou tradição, o estádio se iluminou com luzinhas dos celulares e faroletes do público. E foi ali, naquele momento, que eu desejei que o tempo parasse, numa eternidade linda e mágica.
Até chegarem os momentos cruciais, que deveriam ser vividos por todas as pessoas. Primeiro veio “Hey Jude” – e, como já virou tradição, o estádio se iluminou com luzinhas dos celulares e faroletes do público. E foi ali, naquele momento, que eu desejei que o tempo parasse, numa eternidade linda e mágica.
Mas tinha mais. E quando surgiram os primeiros acordes de “Yesterday”
não deu mais para segurar. A emoção aflorou, as lágrimas escorreram para se
misturar com a abençoada chuva. Sim, o beatle me fez chorar.
Yesterday
(De John Lennon e Paul McCartney)
Paul McCartney é um daqueles poucos seres humanos que
carregam uma aura além do comum. São capazes de contagiar qualquer ambiente com
uma energia diferente. Perfumam o ar, aquecem a noite, acalentam os corações.
Já posso dizer: eu vi um beatle tocar ao vivo. Eu vi o tempo
parar. Eu vi, por um instante, o mundo acabar. Feliz.
* Obrigado, Mirele!
0 comentários:
Postar um comentário