Sobre o episódio de violência (mais um, apenas mais um...)
no jogo entre Atlético-PR e Vasco na rodada final do Campeonato Brasileiro, em Joinville
(SC), recomendo a leitura da entrevista do antropólogo Marcos Alvito à “Folha
de S. Paulo”, em matéria assinada por Thais Bilenky.
Extraí três trechos apenas como degustação. Vale a pena ler
na íntegra.
Qualquer coisa além do que Alvito apresenta terá sido, mais uma
vez, mero blá-blá-blá de autoridades.
Folha - O que o Brasil pode aprender com o policiamento
britânico nos estádios?
Marcos Alvito - A Inglaterra tentou primeiramente a
solução que o Brasil ainda procura adotar: escoltar torcedores, encarando-os
todos como violentos. Chegou a um ponto, na época da Margaret Thatcher, de
pensar em cadastrar os torcedores.
(...) Como evoluiu o modelo na Inglaterra?
A polícia continuou a tentar repreender com mais violência.
Os estádios passaram a ser campos de concentração para torcedores enjaulados.
Até a tragédia de 1989 [no estádio Hillsborough, em Sheffield, quando
torcedores não conseguiram evacuar por conta das grades, e 96 morreram]. Hoje,
como medida de segurança, não há grade entre a torcida e o campo, como no
Maracanã, por exemplo.
Como a polícia inglesa age?
A polícia passou a adotar um sistema nacional de
inteligência do futebol, com uma autoridade central que detém todos os dados
sobre os torcedores, sabe quais são os perigosos que ainda não puderam ser
incriminados. A polícia brasileira não tenta incriminar, enquanto a inglesa
passa 24 horas por dia pensando em como tirar essas pessoas de circulação. E lá
ela fiscaliza 92 clubes. Aqui são 30, 40 clubes importantes. Seria até mais
fácil. A polícia inglesa trata cada jogo como uma tragédia em potencial. Os
estádios têm um corredor de ambulância para dar acesso ao hospital. O perímetro
ao redor fica interditado. Existe um sistema de câmera com monitoramento de
médico, polícia, bombeiro. (...)
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