Há um ano da eleição municipal, o prefeito de Limeira, Silvio Félix (PDT), colhe os frutos – ou paga o preço – do seu estilo centralizador: não tem um sucessor natural. O nome mais cotado até o momento, o do vereador Eliseu Daniel dos Santos, esbarra numa questão crucial: o parlamentar não esconde de ninguém que quer deixar o PDT de Félix, com quem rompeu na eleição de 2010.
Ou seja: caso Eliseu não encontre um rumo e Félix se veja obrigado a apoiá-lo, todos saberão que será um apoio forçado, de parte a parte.
O xadrez eleitoral tem outras peças conhecidas. No ninho tucano, insiste-se no nome do ex-prefeito Pedro Kühl. Alvo de problemas judiciais (foi condenado e ficou inelegível), Kühl carrega ainda o fardo de ter renunciado ao mandato de prefeito em 2001 para uma aventura que todos sabiam arriscadíssima (candidatar-se a deputado federal).
Além disso, Kühl teria que apresentar propostas inovadoras, visto que seu sucessor foi derrotado justamente por Félix em 2004. O que faria os limeirenses crerem que o ex-prefeito teria algo de novo a mostrar?
Em tempo: na ânsia para destronar Félix, muitas pessoas correram até Kühl, como se o ex-prefeito não tivesse feito um governo tímido, com poucos resultados na área econômica, envolto em suspeitas (basta lembrar a CPI do Asfalto) e sem transparência.
Também no jogo, o empresário Lusenrique Quintal (PSD) tem uma missão difícil: mostrar de que lado está. Crítico feroz do governo Félix, teve o apoio de Kühl em 2008. Mais recentemente, passou de crítico a apoiador do prefeito pedetista. Agora, posa ora como oposicionista, ora como aliado. Ora faz críticas, ora aparece ao lado do prefeito. Por enquanto, quer mais aparecer do que fazer política comprometida com o futuro da cidade.
O vereador Mário Botion nunca escondeu seu desejo de ser candidato a prefeito. Para isso, largou o PR e embarcou no PMDB. Uma jogada arriscada, já que as manobras para acomodá-lo na nova sigla acabaram por afastar muitos peemedebistas históricos – e todos sabem que sem apoio ninguém vence uma eleição.
O também vereador Paulo Hadich (PSB) trabalha nos bastidores, um trabalho de “formiguinha”, quase um corpo a corpo que pode lhe render resultados. As alianças, porém, serão fundamentais.
O PT ainda é uma incógnita. Não tem um nome forte para a disputa, mas como resiste historicamente a alianças com siglas mais ao centro, pode tentar uma candidatura própria – suicida como sempre.
E tem também o tal grupo suprapartidário que, de tão heterogêneo, mais parece um balaio de gatos com finalidade incerta (sem considerar o que se diz publicamente porque isto não tem valor).
Estratégias à parte, muita água ainda vai passar por debaixo da ponte. Independentemente do que virá, porém, um fato é certo: quase a totalidade das eventuais candidaturas repete a fórmula do “mais do mesmo”. Inclusive nos apoios sombrios de bastidores.
Isso significa que, muito provavelmente, Limeira continuará nas mãos dos mesmos grupos que há anos alternam-se no poder. Grupos envoltos em ações pouco republicanas, para dizer o mínimo.
Não se deve esperar, portanto, um salto de qualidade na administração da cidade. Ainda que alguns nomes pareçam novos, os acordos já nascem viciados.
Pobre Limeira...
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