Em 1948, o escritor E. B. White formulou uma definição dos três tipos de nova-iorquinos que ficaria famosa: o nativo, o migrante diário (que vem todos os dias para trabalhar ou estudar) e a pessoa de outro lugar que vem em busca de alguma coisa.
Hoje existem três tipos diferentes de nova-iorquinos: as pessoas que agem como se tivessem nascido aqui, que se sentem "donas" da cidade, mesmo que tenham se mudado para cá depois de concluírem a faculdade; as pessoas que estão aqui e gostariam de estar em outro lugar, tão tóxica a cidade já se tornou para elas; e os nova-iorquinos virtuais do mundo inteiro, que vivem em cidades que vão de Sarajevo a Santiago e gostariam de morar em Nova York.
Esses são os três estados de espírito nova-iorquinos, e o que eles têm em comum é o anseio e um elemento de autoilusão. Esta é uma cidade de sonhadores e insones.
(...) Nos últimos dez anos, Nova York tem estado em primeiro lugar no país como a cidade na qual as pessoas mais gostariam de morar ou da qual mais gostariam de estar perto. Há alguma coisa em Nova York que está funcionando.
As pessoas vêm para cá, vindas de partes do mundo onde estavam a se matar, mas em Nova York elas vivem ao lado de seus antigos inimigos, e os seus filhos namoram as filhas deles. Como acontece esse milagre do dia a dia?
Se entendermos como Nova York funciona, poderemos enxergar como poderia funcionar em outras cidades, como as cidades-campos de batalha da Europa.
Fonte: Suketu Mehta, “A cidade nua”, Folha de S. Paulo, Ilustríssima, 11/9/11, p. 3.
PS: para ler a íntegra, clique aqui (é preciso ter senha do jornal ou do UOL).
* As duas primeiras fotos desta postagem são do jornalista Flávio Fachel; as duas últimas, do jornalista Jorge Pontual. Ambos são correspondentes da TV Globo em Nova York
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