Abaixo, trechos de interessante entrevista do neurocientista
Daniel Levitin – especializado em psicologia cognitiva e professor da McGill
University - ao caderno “Aliás”, do jornal “O Estado de S. Paulo”.
Autor do livro “A Mente Organizada”, ele “observa o que têm
em comum as pessoas bem-sucedidas e produtivas” e “sugere estratégias de
organizar a memória – esvaziá-la com exercício e instrumentos que chama de
extensões do cérebro”:
(...) O que é a obsolescência evolucionária, que o senhor
aponta como parte do obstáculo para lidar com o excesso de informação?
Todos os organismos vivos estão constantemente se adaptando
ao meio ambiente. (...) Mas é um longo e lento processo.
Nosso cérebro evoluiu para lidar com um ambiente que existia há 10, 20 mil
anos. O genoma humano precisa de tempo para se adaptar. Para você ter uma
ideia, em 30 anos quintuplicou a quantidade de informação que recebemos a cada
dia. Pense nisso como o equivalente a ler 175 jornais de ponta a ponta diariamente.
Outro número extraordinário: em 1976, nos Estados Unidos, havia cerca de 9 mil
produtos únicos à venda num supermercado. Hoje, há cerca de 40 mil. O
consumidor americano, que compra uma média de 150 produtos, tem que navegar
entre uma quantidade muito maior de escolhas.
(...) A palavra multitarefas, executar várias tarefas ao
mesmo tempo, é indissociável da rotina do século 21. Mas o senhor diz que
multitarefas não passam de ficção.
Não existem multitarefas, é um mito. O cérebro simplesmente
não comporta isso. A pessoa pensa que está lidando com várias coisas ao mesmo
tempo quando, de fato, o cérebro está experimentando rápidas mudanças de foco
que mal percebemos, o que resulta numa atenção fragmentada a várias coisas e
nenhuma atenção sólida a uma que seja. (...)
O senhor diz que uma ferramenta útil para priorizar são os
chamados exercícios de limpeza da mente.
Sim. O David Allen, um guru da produtividade e autor de “A
Arte de Fazer Acontecer”, aponta para a importância de externalizar a
informação. Recomenda anotar tudo o que está se passando na sua cabeça, coisas
que têm a ver com a tarefa em questão e preocupações que podem distrair a
pessoa. É um processo neurológico, porque o cérebro teme esquecer o que é
importante. Quando o cérebro sabe que a informação foi arquivada externamente,
nas anotações, e o efeito é de nos acalmar, é libertador. Retira o entulho
mental que prejudica a atenção. (...)
Em tempo: a íntegra da entrevista, com os devidos créditos da fonte, está no link na abertura desta postagem.
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