Há algum tempo desenvolvo uma teoria que vem se comprovando na prática. É uma teoria polêmica. Sua máxima é: a paixão é um mal. Antes de mais nada, quero deixar claro que não estou me referindo unicamente à paixão entre duas pessoas e sim a qualquer tipo de paixão – como a de um colecionador por suas peças.
Em geral, tendemos a considerar que os raros momentos de alegria e prazer que uma paixão proporciona justificam os muitos momentos de angústia e sofrimento. Pois para mim não justificam. A vida é uma balança, feita de momentos bons e ruins. A balança da vida deve sempre pesar mais do lado dos momentos bons. Por isso, não posso considerar que uma paixão há de equilibrar esta balança por seus raros momentos positivos.
Muitos poderão pensar que esta teoria está ligada a alguma decepção. Não, não está. Está ligada, isto sim, à observação que faço dos fatos. A paixão cega, machuca, entontece e, pior de tudo, APRISIONA. Outros poderão alegar que abrir mão de uma paixão é abrir mão da felicidade por temer eventuais angústias. Vejo de outra forma: para que ter como natural estas angústias em nome de raros momentos de alegria?
Posso atestar: há algum tempo abri mão de uma paixão e nesta área da minha vida estou muito melhor, vivo de forma muito mais equilibrada e racional. Antes, vivia uma eterna angústia, que se aliviava em alguns raros momentos. De outra paixão, estou me livrando aos poucos (importante: tomar consciência disso e agir nunca é um processo fácil; ao contrário, é geralmente doloroso num primeiro momento, mas posso garantir que se torna recompensador depois).
Resta-me apenas uma paixão para me livrar. Desta ainda não decidi abrir mão. Foi uma escolha – e isto me traz muitos momentos de angústia e sofrimento. Um dia, quem sabe, hei de me livrar dela também. E aí poderei dizer que, sim, sou uma pessoa livre desse mal a que damos o nome de paixão.
domingo, 9 de novembro de 2008 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 15:32 |
Paixão, um mal
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