segunda-feira, 10 de novembro de 2008 | |

Boo!!!

Acabei de participar da abertura da 9 Semana de Comunicação do Isca Faculdades. A palestra inaugural foi com o publicitário Thiago Lopes, um jovem de talento que coordena o Talent Oxygen, uma experiência interessantíssima da Talent, uma das principais agências de propaganda do Brasil.

Confesso que nós, jornalistas, sempre vemos a publicidade com olhos tortos. Talvez porque em certo sentido - e sendo mal compreendida - ela representa o oposto do que fazemos. Obviamente, como jornalista por natureza é crítico e egocêntrico, costumamos achar que somos os maiorais.

Como meu convívio com publicitários tem aumentado, passei a admirar a forma como eles vêem o mundo. Não por achar que estejam certos (aliás, quem disse que existe certo ou errado nessa história?). É que passei a identificar com maior profundidade as diferenças de visão de uns e de outros. Paradoxalmente, passei a observar também como uma atividade pode complementar a outra. Basta estar aberto a isso. É só unir as qualidades de uns e de outros e se terá dado um grande passo.

De minha parte, tenho aprendido muito com a publicidade – e os publicitários. E acho que eles também têm o que aprender com o jornalismo – e os jornalistas. A palestra de Lopes, por exemplo, foi fantástica. Ele lida com observação das tendências do comportamento do consumidor e forneceu belos exemplos de como é importante ouvi-los (os consumidores) sempre (e obedecê-los às vezes, como frisou).

Mais que isso, ele falou sobre a necessidade de “provocar”, resgatar o “dark side” (no bom sentido), a humanidade, buscar o que é capaz de mobilizar as pessoas, criar identificação. Em tempo: provocar é diferente de gerar conflito (antes que alguém saia por aí provocando indevidamente os outros). A provocação, como disse Lopes, permite “abrir portas para o diálogo”. Dá ao consumidor a chance de participar na medida em que não desata todos os nós para ele. Respeita, portanto, a inteligência alheia. Exige bom-senso.

Há, claro, uma opção mais confortável. Entrega-se um pacote pronto, acabado. Sabe-se o resultado, é positivo, mas em certo ponto limitado. Por isso, Lopes – e a Talent – aposta no “Boo!”. Você não sabe o que é o “boo!”? É ter coragem de sair do sofá (do conforto, da mesmice) e “provocar”. “Quando se vê que a mudança é uma alavanca ao invés de obstáculo, você passa a assustar ao invés de se assustar”, disse Lopes.

Portanto, “boo”!

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