Se eu fosse estudante hoje faria milhares de bótons com a
hashtag #chegadetortura para ostentar na sala de aula. (...) e cá estamos nós
tentando melhorar a gestão - reciclagem e firulas - de um sistema medieval.
Paremos de culpar professores, acusando-os de
corporativistas e letárgicos. Cessemos o giro da engrenagem da tortura que mói
os alunos, vítimas da ditadura das aulas maçantes. O conceito da escola atual
caducou. Fim.
Os pais não saberiam hoje achar uma raiz quadrada, e são
incapazes de dizer qual a capital da Holanda ou da Suíça. Tentem. Ou, então,
citem dois escritores românticos brasileiros, diferenciem um sujeito oculto de
um indeterminado ou mesmo lembrem de dois elementos seguidos da tabela periódica.
A escola que temos é resultado da ideia iluminista de que
tudo precisa ficar guardado na cabeça. Na era do Google, é um crime insistir no
método da decoreba. (...)
Fonte: Ricardo Semler, “Tortura escolar nunca mais”, Folha de S. Paulo, Opinião, 28/4/15.
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