Limeira já foi considerada berço da citricultura nacional. Aos poucos e silenciosamente, a produção de laranjas foi dando lugar aos canaviais. Os pomares ainda estão presentes na cidade em grande número (15.810 hectares, divididos em 1.219 unidades produtoras, ante 13.159,6 hecatares de cana em 186 unidades, conforme relatório de 2007/2008 da Secretaria Estadual da Agricultura), mas há tempos perderam o valor que um dia tiveram.
Atualmente, a citricultura não compensa, principalmente no caso dos pequenos produtores. Quem atesta isso é o diretor de Áreas Verdes da Secretaria de Meio Ambiente de Limeira e ex-presidente do Sindicato Rural local, João Santarosa. Cansado das dificuldades enfrentadas pelo setor, ele mesmo trocou há três anos seus pés de laranja por eucaliptos na área que possui em Limeira (confira o áudio).
Em média, diz Santarosa, a produção de uma caixa de 40 quilos de laranja custa de R$ 10 a R$ 12. Por essa mesma caixa, recebe-se US$ 4 (cerca de R$ 8). Grandes produtores conseguem reduzir custos e negociar melhores contratos; já os pequenos ficam numa "sinuca de bico", fala o ex-presidente do Sindicato Rural.
Para complicar um quadro que, por si só, seria desastroso, as doenças que atingem os pomares estão elevando os custos com defensivos e gerando perdas (o greening, por exemplo, exige a erradicação das árvores). Não é à toa que muitos pequenos produtores evitam fazer a vistoria nos seus pomares, fala Santarosa. Em tempo: o greening tem avançado no Estado de São Paulo, informa o Fundecitrus.
Diante desse cenário, o recém-aprovado projeto que dá a Limeira o título de Capital Histórica da Laranja - proposto pelo vereador César Cortez (PV) - soa cada vez mais como homenagem póstuma...
PS: segundo Santarosa, os dados da Secretaria Estadual de Agricultura sobre a produção em Limeira estão defasados. Ele cita que a cana já domina 60% da área agrícola no município.
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