sábado, 18 de setembro de 2010 | |

TV 60 anos: desafios

A TV é o principal veículo de comunicação do país, presente em praticamente 100% do território e dos domicílios brasileiros, porque acertou no modelo: gratuita para o telespectador, financiada pela publicidade e com conteúdo adequado à audiência, cujo hábito de assistir à TV vem sendo forjado nessas seis décadas de história que se completam hoje.

Mas nenhum meio de comunicação passou ileso às mudanças que as tecnologias digitais provocaram e vêm provocando nesses últimos 15 anos. A internet, por exemplo, revolucionou a imprensa escrita, a telefonia e o consumo de música e vídeo. Mas o impacto sobre a televisão ainda é relativamente restrito.

Apostar que o modelo da TV deixará de existir no curto ou no médio prazos seria um erro. Mas também é um erro apostar que ela passará ilesa à revolução digital. Primeiro, porque ela mesma já se digitalizou, ganhou alta definição e, sobretudo, se tornou móvel. Essa mudança não é pequena: ao ganhar mobilidade, ganha novas audiências e pode, no futuro, ganhar novos formatos. Isso para não falar na TV por assinatura, que nos últimos 20 anos trouxe novos conteúdos e modelos de negócio.

Mas a mudança tecnológica mais importante que começa a se desenhar é a convergência da internet com os televisores. Os aparelhos, ao ganharem conectividade, deixaram de ser uma janela apenas para aquilo que a televisão tradicional distribui, e passaram também a sê-lo para conteúdos em rede.

O que significa que todo o universo de conteúdos, empresas, produtos e modelos de negócio que está presente na internet dividirá, potencialmente, o mesmo tempo de sofá e a atenção dos telespectadores.

Se a internet mudou o comportamento das pessoas no trabalho e nas relações pessoais, poderá mudar também o hábito das pessoas na frente do televisor.

Nos próximos anos, a TV vai se transformar porque o telespectador vai mudar. Mas, para isso, é preciso que a internet se torne presente em todos os lares, como fez a televisão. E isso ainda levará um bom tempo.

Fonte: Samuel Possebon, “Telespectador não passará ileso à revolução digital”. Folha de S. Paulo, Ilustrada, 18/9/10.

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