terça-feira, 29 de setembro de 2015 | | 0 comentários

Descansar a mente é preciso

Abaixo, trechos de interessante entrevista do neurocientista Daniel Levitin – especializado em psicologia cognitiva e professor da McGill University - ao caderno “Aliás”, do jornal “O Estado de S. Paulo”.

Autor do livro “A Mente Organizada”, ele “observa o que têm em comum as pessoas bem-­sucedidas e produtivas” e “sugere estratégias de organizar a memória – esvaziá­-la com exercício e instrumentos que chama de extensões do cérebro”:

(...) O que é a obsolescência evolucionária, que o senhor aponta como parte do obstáculo para lidar com o excesso de informação?
Todos os organismos vivos estão constantemente se adaptando ao meio ambiente. (...) Mas é um longo e lento processo. Nosso cérebro evoluiu para lidar com um ambiente que existia há 10, 20 mil anos. O genoma humano precisa de tempo para se adaptar. Para você ter uma ideia, em 30 anos quintuplicou a quantidade de informação que recebemos a cada dia. Pense nisso como o equivalente a ler 175 jornais de ponta a ponta diariamente. Outro número extraordinário: em 1976, nos Estados Unidos, havia cerca de 9 mil produtos únicos à venda num supermercado. Hoje, há cerca de 40 mil. O consumidor americano, que compra uma média de 150 produtos, tem que navegar entre uma quantidade muito maior de escolhas.

(...) A palavra multitarefas, executar várias tarefas ao mesmo tempo, é indissociável da rotina do século 21. Mas o senhor diz que multitarefas não passam de ficção.
Não existem multitarefas, é um mito. O cérebro simplesmente não comporta isso. A pessoa pensa que está lidando com várias coisas ao mesmo tempo quando, de fato, o cérebro está experimentando rápidas mudanças de foco que mal percebemos, o que resulta numa atenção fragmentada a várias coisas e nenhuma atenção sólida a uma que seja. (...)

O senhor diz que uma ferramenta útil para priorizar são os chamados exercícios de limpeza da mente.
Sim. O David Allen, um guru da produtividade e autor de “A Arte de Fazer Acontecer”, aponta para a importância de externalizar a informação. Recomenda anotar tudo o que está se passando na sua cabeça, coisas que têm a ver com a tarefa em questão e preocupações que podem distrair a pessoa. É um processo neurológico, porque o cérebro teme esquecer o que é importante. Quando o cérebro sabe que a informação foi arquivada externamente, nas anotações, e o efeito é de nos acalmar, é libertador. Retira o entulho mental que prejudica a atenção. (...)

Em tempo: a íntegra da entrevista, com os devidos créditos da fonte, está no link na abertura desta postagem.

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50 anos de um clássico do jornalismo

“A Sangue Frio”, o clássico livro-reportagem do jornalista Truman Capote - que inaugurou o estilo conhecido como “new journalism”, ou novo jornalismo (termo aplicado à utilização de recursos literários em reportagens) – completou 50 anos.

É leitura obrigatória para qualquer (repito, QUALQUER) profissional de comunicação, especificamente do jornalismo. Até pelas polêmicas que suscita e que foram exploradas em recente reportagem da “Folha de S. Paulo” sobre a efeméride.

A principal crítica pode ser resumida na seguinte frase da reportagem, assinada por Thais Bilenky: “Ao longo do tempo, críticos apontaram evidências de que ele tratou os fatos com uma liberdade intolerável segundo padrões jornalísticos”.

Seja como for, é clássico, ditou novos rumos para a escrita jornalística e criou uma “escola”.

A reportagem original está disponível no site da revista “The New Yorker” – inclusive com o alerta do editor.


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Casa dividida: a profecia

Em 2008, ao assistir a uma missa e ouvir um trecho bíblico do evangelho de Lucas (11:13), tive um "insight" profético pessoal-profissional.

Infelizmente, sete anos depois, a profecia se concretizou.

Ah, o que diz Lucas? "Uma casa dividida não prospera".

quinta-feira, 24 de setembro de 2015 | | 0 comentários

A tecnologia e o tempo

A “Folha de S. Paulo” publicou no caderno “Ilustríssima”, no fim de semana, uma interessante entrevista com a pensadora australiana Judy Wajcman, da área de sociologia da “London School of Economics and Political Science”. Ela fala sobre seu novo livro, "que discute a influência da tecnologia no ritmo da vida contemporânea”.

A seguir, reproduzo um trecho (e recomendo a leitura na íntegra a partir do link acima - é preciso senha da "Folha" ou do UOL):

Folha - Como a senhora responde à questão central do livro: por que as pessoas procuram os aparelhos digitais para aliviar a pressão do tempo, mas ao mesmo tempo culpam essas mesmas tecnologias por se sentirem mais pressionadas?
Judy Wajcman -
Esse é o paradoxo. E acho que é realmente verdade. Em todas as pesquisas que você conduz, particularmente em empregos gerenciais, mas entre todo mundo, as pessoas sentem que a vida é muito ocupada e acreditam completamente que parte da solução é usar mais o e-mail e ter mais "gadgets", de forma a aproveitar o tempo livre.

Creio que as tecnologias sejam muito contraditórias em seus efeitos. Não quero dizer que as pessoas têm uma falsa consciência, porque elas têm consciência. Acho que seres humanos são muito capazes de manter visões e experiências contraditórias, e para mim as tecnologias expressam isso. As pessoas vivenciam as tecnologias como algo que toma muito tempo, reclamam da quantidade de e-mails que têm de responder e se queixam das ligações para o celular, mas estão o tempo todo escrevendo e-mails e fazendo ligações.

Também penso que, numa perspectiva de longo prazo, essas tecnologias são ainda muito novas e precisamos levar isso em consideração. Quando comecei a me dedicar às tecnologias, eu trabalhava com a parte industrial, nas fábricas, e alguém me perguntou sobre o telefone fixo – e eu nunca nem tinha pensado sobre isso. Eu dava a existência do telefone como um fato, era parte da vida cotidiana, e nunca poderia teorizar sobre ele, não pensava que fosse um objeto para a sociologia.

Acho que e-mails e celulares – têm o quê, 15 anos de idade? – são coisas incrivelmente novas. Se tivéssemos essa conversa daqui a outros 15 anos, provavelmente teríamos uma outra percepção. Acho que a novidade é parte da dificuldade para analisá-los. (...)

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E Lucerna ganha sua sinfonia...

Há um ano, o "Jornal da Cultura" (TV Cultura, seg. a sáb., 21h) exibiu uma reportagem que eu gravei um mês antes, em Lucerna, na Suíça, sobre o trabalho de Tod Machover, um maestro que compõe sinfonias para cidades a partir de sons captados "in loco" e também enviados por moradores. A primeira delas foi para Toronto, no Canadá.

Na ocasião, Machover estava captando os sons. Pois bem: um ano depois a sinfonia foi concluída e apresentada como sucesso, no dia 5 de setembro, durante o Festival de Lucerna, no magnífico KKL Luzern.

O resultado você confere aqui:



É impossível não ouvir referências à água - elemento mais do que presente numa cidade que cresceu ao redor de um famoso lago, que leva seu nome.

Em tempo: Machover caminha agora para sua quinta cidade no projeto. A próxima a ter sua própria sinfonia é Detroit (EUA).

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Frase

"Friends are the bacon bits in the salad bowl of life."
Anônimo, lida num restaurante Vapiano em Berlim, Alemanha