domingo, 5 de abril de 2009 | |

Arte nas ruas

Nunca tive nenhuma aptidão para a arte. O máximo que consegui chegar na prática foi a algumas aulas de teclado. Parei quando me dei conta de que aquelas aulas estavam se transformando mais em dever do que em prazer e ao perceber que meu irmão, que nunca havia feito uma aula de teclado, tocava melhor do que eu.

Em que pese essa falta de aptidão, admiro várias formas de manifestações artísticas. Uma delas, de uns tempos para cá, tem atraído minha atenção – talvez por unir algumas questões interessantes, como um forte lado social, uma certa marginalidade e rebeldia (pacíficas) e por estar cada vez mais intrínseca à vida das grandes cidades. Estou falando dos grafites.

Andando por algumas das grandes capitais do mundo, é fácil se deparar com estas obras. Elas geralmente (en)cobrem lugares degradados, muitos deles esquecidos pelo Poder Público. É aí que entra o lado social: o grafite é a marca da comunidade nos muros, é a arte livre, acessível a todos, indistintamente. Não é à toa que nas grandes capitais do mundo os grafites são respeitados – eles chegaram até as galerias de arte e foram alvos de uma grande exposição no ano passado na Tate Modern, em Londres (a mostra contou, inclusive, com representantes brasileiros).

Lá, o grafite é “street art”.

No Brasil, em razão do alto nível de vandalismo nas ruas, o grafite ainda é muito confundido com a pichação (esta em alguns momentos da história até já exerceu um papel importante como manifestação social; hoje, porém, prevalece o caráter meramente “vandalista”). A confusão entre grafite e pichação é injusta, sem dúvida, embora não se negue que muitos dos atuais grafiteiros sejam antigos pichadores.


Esta situação, porém, vem mudando aos poucos. Ainda são comuns nas cidades brasileiras episódios em que o Poder Público apaga grafites (o que muitas vezes não faz com as pichações), mas também é verdade que a grafitagem vem sendo cada vez mais valorizada como arte. E isso se deve à informação, ela e seu poder de transformar mentes.

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Na semana passada (29/3), li na “Folha de S. Paulo” uma reportagem interessante sobre uma menina inglesa que vem sendo chamada de “Picasso do grafite”. Solveig Barlow tem 11 anos e “ficou famosa com os desenhos coloridos que faz nos muros de Brighton, Londres e Berlim”, cita a reportagem.

“Solveig - que significa ‘raio de sol’ em norueguês - pegou numa lata de spray pela primeira vez aos oito anos de idade. Depois de alguns anos acompanhando seu pai em intermináveis sessões de grafite por Brighton, Solveig resolveu se divertir também. ‘Era bem chato ficar lá sentada, só olhando. Aí pedi pra experimentar também. E adorei’, conta. (...) Em seus desenhos, Solveig nunca deixa de fora seu apelido, Sol, e sua idade à época. ‘O que mais gosto de desenhar hoje são esqueletos, zumbis e animais de muitas cores’, conta. ‘Acho que o grafite sempre deixa a cidade mais bonita. Mas, quando alguém faz um grafite num muro em que não pode fazer, fica feio’, acredita.”

Para quem quer conhecer mais do trabalho de Solveig, recomendo uma visita à galeria virtual dela no endereço
www.flickr.com/supersolveig (aliás, foi de lá que peguei as imagens que ilustram esta postagem).


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