Ricardo Balthazar, em artigo na "Folha de S. Paulo", resumiu o "espírito da coisa": "Em outubro, após a confirmação de sua vitória nas eleições, Dilma disse que a reforma do sistema político brasileiro seria uma de suas prioridades. Com a chegada do pastor Hilton ao time, talvez tenha chegado a hora de a presidente esclarecer o que queria dizer com isso".
Já na posse, Dilma anunciou - como registrou o jornalista Igor Gielow em análise também na "Folha" - o "mote de governo envolvendo educação no momento em que o ministério da área foi loteado na bacia das almas para um aliado sem qualquer afinidade com o tema".
Leonardo Sakamoto, em seu blog, fez uma síntese:
Você pode escolher, o estelionato eleitoral (Joaquim Levy, controlando a economia), a afronta (Kátia Abreu à frente da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), a provocação (Gilberto Kassab, no Ministério das Cidades) ou o professor-tem-que-trabalhar-por-amor-não-por-dinheiro (Cid Gomes, na Educação).
Ou um comunista (Aldo Rebelo), que afirmou não acreditar que o ser humano é responsável pelo processo de aquecimento global, no Ministério da CIÊNCIA e Tecnologia.
Teve até espaço para velhas tradições, como a família Barbalho (Helder, na Pesca), e o velho peso da família (Armando Monteiro, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). Sem contar, o Ministério do Esporte, que foi entregue a Deus.
Até gente mais alinhada com o petismo, como Ricardo Melo, em artigo na "Folha", não conseguiu evitar críticas: "Ao indicar nomes identificados com interesses que ela combateu durante a campanha, Dilma promove um curto-circuito talvez impossível de consertar antes de a fumaça aparecer".
Vinicius Torres Freire oferece, em coluna na "Folha", uma interessante análise que explica a causa e a consequência do novo ministério de Dilma. Diz que "falta outra vez projeto de governo, articulação de interesses sociais a fim de tocar reformas substantivas" e que "a presidente está acuada pelos próprios reveses, com pouco prestígio para queimar".
Talvez fosse melhor Dilma aplicar a proposta de Bernardo Mello Franco em artigo também na "Folha": "Reconhecer os erros do primeiro mandato seria uma fórmula mais indicada para quem precisa tanto de confiança ao iniciar o segundo".
* Leia também:
- Grupo de atletas comandado por Raí detona novo ministro do Esporte: 'Envergonhados'
- Que ministério é este, Dilma?
- Brincando de ser ministro (acrescentado em 21/1/15)
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