Uma agência de notícias e depois, em série, a rede CNN, Fox News
e outros informaram que um suspeito havia sido preso. A polícia norte-americana
precisou vir a público negar a informação. De fato, ninguém tinha sido detido.
Erros deste tipo costumam ocorrer em coberturas tensas e
inesperadas como a dos atentados. Via de regra, a pressa para informar faz com
que jornalistas e editores “pulem” etapas importantes da apuração, aumentando
significativamente o risco de erros (ou das famosas “barrigas”).
No Brasil, notabilizou-se o chamado caso da escola Base na
década de 1990 (responsáveis por uma escola infantil de São Paulo foram acusados
indevidamente de abusar das crianças e a imprensa “embarcou” nas denúncias).
O que me chamou a atenção no caso foi o quase pioneirismo da
CNN no erro. No ano passado, tive a oportunidade de conhecer a sede da emissora
em Atlanta (EUA) e conversar com os principais jornalistas e executivos da
empresa.
Um dos diretores do CNN Wire, Kurt Muller, falou do risco de erros em coberturas de maior vulto. Ele destacou o sistema que havia sido criado
– o Wire - justamente para evitar a divulgação de informações erradas. Uma das
ações foi centralizar a apuração dos dados que vinham de várias fontes e
equipes e unificar a posterior divulgação.
Muller citou o caso da prisão do terrorista saudita Osama
bin Laden, informada pela CNN antes mesmo do governo norte-americano (um “furo”
arriscado). O diretor explicou que apenas quatro pessoas em toda a rede, ele
incluído, podiam autorizar a divulgação de uma informação deste nível e baseada
em fontes não identificadas.
Foi basicamente o que ocorreu no caso de Boston – as informações
foram atribuídas a fontes oficiais.
Obviamente, não creio em má-fé da imprensa (principalmente
da CNN, que conheci). Naturalmente, houve um erro de apuração (não sei
exatamente se exclusivamente pela pressa ou por dar um nível de confiança
exagerado a uma determinada fonte ou a determinadas fontes).
Muller talvez pudesse responder.
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