“(...) Esse método de
acompanhar com atenção, ouvir com paciência e descrever cenas que permitem
vislumbrar o caráter e a personalidade de um indivíduo – um método que há uma
geração foi chamado de New Journalism
– foi, em sua melhor expressão, reforçado pelos princípios do velho jornalismo de incansável trabalho
de campo e fidelidade à verdade e precisão dos fatos.” (p. 520)
Gay Talese, jornalista, em “Como
não entrevistar Frank Sinatra” (IN: “Fama & Anonimato”)
“(...) Mas não se trata,
fique claro, de literatura, esse território onde o escritor está autorizado a
se mover com a ilimitada liberdade de um deus que espalhasse galáxias no vazio
do Universo. Não há, no que escreve Gay Talese, nada que não tenha sido pinçado
da realidade e exaustivamente checado e conferido antes de baixar ao papel. É
jornalismo. Mas não o jornalismo usual, predominante, esse em que o repórter,
em nome da imprescindível busca da objetividade, se sente desobrigado de servir
ao leitor mais que uma pilha de informações descarnadas – como se fosse isso a
realidade. Como se a informação devesse ser, goela abaixo do leitor, uma espécie
de pílula para astronauta, que nutre sem a obrigação de ser palatável. Como se,
provindos da mesma raiz latina, saber
e sabor não pudessem andar juntos.” (p.
524)
“(...) No que se refere à
busca da informação, para começar, Gay Talese pertence ao time dos repórteres
que saem à rua. O rótulo, que em outros tempos soaria galhofeiro, acabou por se
converter em amarga ironia, à medida que se foi tornando rarefeita a categoria
dos repórteres que se põem em campo à cata da notícia.” (p. 525)
Humberto Werneck, no posfácio
de “Fama & Anonimato” (2ª edição)
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