Na ocasião, ele fez uma interessante ligação entre o
historiador e o jornalista. “O jornalismo é um tipo de conhecimento histórico.
O jornalista analisa seu momento. O historiador divide com o jornalista
preocupações”, afirmou.
Ele fez questão de salientar que, ao contrário do que muitos
pensam, história não é a “ciência do passado”. Segundo Silva, história é o
estudo do ser humano e suas ações no tempo indeterminado – inclusive na atualidade.
Durante a palestra, o professor fez uma crítica ao “modus
operandi” da imprensa tradicional. De acordo com ele, o jornalismo trabalha
pouco com o homem comum. “O procedimento da imprensa deve ser refletido”,
afirmou.
Na ocasião, fiz duas perguntas ao professor, que gostaria de
reproduzir:
Pergunta – O Brasil é um país sem memória, como diz o senso-comum?
Marcos Silva – Discordo. Tem uma memória muito consolidada,
muito forte. Temos muita dificuldade de viver dentro desse esquema. A memória
da elite é muito forte. Basta ver o Duque de Caxias, o “pacificador”. O Brasil
possui uma memória poderosíssima. Apagou-se a memória dos movimentos sociais. Existe
uma memória determinada.
Pergunta – O povo brasileiro não tem memória, como afirmam?
Silva – Existem ponderações de “desmemória”. As pessoas não
esqueceram das coisas, foram levadas a não se lembrar. A grande imprensa
participou muito desse esquecimento. O grande mal é ser unidirecional.
Importante salientar novamente que a palestra (e, portanto,
as opiniões) foi dada em meados dos anos 1990.
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