quarta-feira, 29 de julho de 2015 | |

O que aconteceu, Nina Simone?

The name of this tune is Mississippi Goddam
And I mean every word of it

Alabama's gotten me so upset
Tennessee made me lose my rest
And everybody knows about Mississippi Goddam

Can't you see it
Can't you feel it
It's all in the air
I can't stand the pressure much longer
Somebody say a prayer

This is a show tune
But the show hasn't been written for it, yet

(...)

Picket lines
School boycotts
They try to say it's a communist plot
All I want is equality
for my sister my brother my people and me

Yes you lied to me all these years
You told me to wash and clean my ears
And talk real fine just like a lady
And you'd stop calling me Sister Sadie

Oh but this whole country is full of lies
You're all gonna die and die like flies
I don't trust you any more
You keep on saying "Go slow!"
"Go slow!"

But that's just the trouble
"do it slow"
Desegregation
"do it slow"
Mass participation
"do it slow"
Reunification
"do it slow"
Do things gradually
"do it slow"
But bring more tragedy
"do it slow"
Why don't you see it
Why don't you feel it
I don't know
I don't know

You don't have to live next to me
Just give me my equality
Everybody knows about Mississippi
Everybody knows about Alabama
Everybody knows about Mississippi Goddam

That's it!
("Mississippi Goddam", de Nina Simone)


Não conhecia Nina Simone, confesso – agora isto me soa como uma heresia. O nome da maior cantora de jazz/blues dos Estados Unidos apareceu à minha frente numa coluna no blog do jornalista Zeca Camargo. De início, não me interessei muito pela história.

Contudo, no fim de semana, ao zapear pelo Netflix em busca de algum documentário, minha cunhada jornalista e eu nos deparamos com “What happened, Miss Simone?”. Na hora, lembrei do texto do Zeca e comentei com minha cunhada que a história poderia valer a pena. Estava certo!


Com igual intensidade relatada por Zeca Camargo (sem as lágrimas), fomos abduzidos pela trajetória e pelo talento desta cantora e ativista dos direitos civis. Fiquei chocado ao ver (coisa que ainda não tinha feito) imagens duras e cruas dos confrontos entre negros e brancos em meados do século 20 nos Estados Unidos. Casos como o famoso ataque de 15 de setembro de 1963 em Birmingham, no Alabama.

No documentário, costurado com trechos de apresentações marcantes e entrevistas por vezes chocantes de Nina e de pessoas próximas a ela, aquele momento da história do país se mistura à da ativista negra que sofreu com a discriminação desde pequena (e se revoltou contra isso, num mergulho quase sem volta que de certa forma destruiu sua vida e sua carreira).

Tão marcante quanto isto foi analisar as imagens chocantes do ataque de Birmingham e lembrar que apenas 50 anos nos separam de tamanha ignorância num país que é considerado um exemplo de democracia e de direitos. Mais impactante ainda é constatar que aquele horrendo ataque volta a se repetir nos dias atuais, como o recente caso ocorrido em Charleston, na Carolina do Sul.

Evoluímos? O grito e a luta radical de Nina Simone valeram a pena?


Em tempo: não quero comentar mais a respeito do documentário e do talento de Nina porque não tenho competência para isto. Além disso, Zeca Camargo já fez este trabalho brilhantemente, com a emoção que a personagem merece, num texto apropriadamente chamado de “A artista”. Simples assim! (O link já foi colocado nesta postagem.)

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