Abertura do show de aniversário de Roberto Carlos no Allianz Parque, em São Paulo, em 18 de abril de 2015. Um momento particularmente emocionante e especial, que seguirá gravado para sempre na minha memória e no meu coração.
Em tempo: esta postagem é dedicada aos meus pais, a quem ofereci o show como presente, e à querida tia Marina (in memorian), que certamente estava ao nosso lado vibrando como sempre com mais um show do "Rei".
(...) “Fui várias vezes espancada e levava choques elétricos
na cabeça, nos pés, nas mãos e nos seios", contou. "Um dos mais
brutais torturadores arrastou-me pelo chão, segurando pelos cabelos. Depois
tentou estrangular-me e só me largou quando perdi os sentidos. Esbofetearam-me
e me deram pancadas na cabeça”.
“Fui estuprada duas vezes por Camarão [codinome de um
militar] e era obrigada a limpar a cozinha completamente nua, ouvindo gracejos
e obscenidades os mais grosseiros”. (...)
Os relatos acima são de Inês
Etienne Romeu, ex-presa política que morreu recentemente. Foram citados na
coluna de Bernardo Mello Franco na “Folha de S. Paulo” do último dia 28 – cuja leitura
recomendo, principalmente para aqueles que, de modo inconsequente, pregam por
aí a volta dos militares.
Reportagem publicada hoje (22/4) pela “Folha de S. Paulo”,
assinada por Nelson de Sá e Fernanda Reis, sobre o futuro da Rede Globo por
ocasião das comemorações dos 50 anos da emissora, traz uma espécie de
diagnóstico desse importante meio de comunicação.
Reproduzo a seguir um trecho da reportagem justamente pelo
fato da análise extrapolar os muros da Globo e valer para a TV em si:
Para começar, fala Boni, José Bonifácio de Oliveira
Sobrinho, seu principal executivo por três décadas: "Capacitada a produzir
conteúdo em escala, o caminho da Globo será investir cada vez mais em
qualidade, para utilizar todas as plataformas. Não importa onde, pelo ar, cabo,
internet. O importante é ter conteúdo que atraia visibilidade".
Nizan Guanaes, dono do maior grupo publicitário do país, o
ABC, vai na mesma direção: "Vivemos a era do conteúdo e do 'storytelling'
[contar histórias]. As próximas décadas vão ser desafiadoras para ela como vão
ser para todo o mundo. Mas ela está muito bem posicionada porque é craque em
padrão mundial nas duas coisas".
Para Esther Hamburger, da USP, e Vanderlei Dias de Souza, do
Mackenzie, a TV aberta seguirá firme. "Tem gente que fala que está
morrendo, mas não, está se transformando", diz ela, citando as coproduções
da Globo. "A TV do jeito que é não vai desaparecer, a Globo ainda dá
audiência, apesar da queda", diz ele.
Mas o desafio agora é o novo público, não passivo como na TV
aberta, e sim "junto". Ken Doctor, do Nieman Lab, de Harvard, diz que
a Globo "pode com certeza" achar o seu lugar nesse ambiente:
"O grande agente de mudança é o consumidor, que agora
ocupa parte do banco do motorista. A compreensão profunda da audiência, por
idade, plataforma, é requisito para empresas como a Globo. Em seguida virá como
agir a partir dessa compreensão".
É má-fé ou ignorância (ou ambas as coisas juntas) satanizar
a classe média pelas manifestações contra o governo.
Má-fé porque a classe média, como qualquer outro segmento,
tem todo o direito de se manifestar, contra ou a favor do governo. É uma
obviedade, eu sei, mas ter que escrever tão tremenda obviedade é um sinal da
indigência do debate público brasileiro.
Ignorância porque a classe média foi o motor de TODAS as
manifestações que a esquerda considerou épicas. Foi o tal de povo, por acaso,
que esteve presente em massa nos atos pela anistia? Foi o tal de povo, por
acaso, que se mobilizou pelas "diretas-já", o maior movimento de
massas da história recente (e não tão recente)? (...)
“Como um partido pode pedir impeachment antes de ter um fato
concreto? Não pode.”
Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República e
líder do PSDB, sobre a possibilidade da oposição protocolar um pedido de
impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
Quero falar de uma coisa
Adivinha onde ela anda
Deve estar dentro do peito
Ou caminha pelo ar
Pode estar aqui do lado
Bem mais perto que pensamos
A folha da juventude
É o nome certo desse amor
Já podaram seus momentos
Desviaram seu destino
Seu sorriso de menino
Quantas vezes se escondeu
Mas renova-se a esperança
Nova aurora a cada dia
E há que se cuidar do broto
Pra que a vida nos dê
Flor, flor e fruto
Coração de estudante
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo
Tomar conta da amizade
Alegria e muito sonho
Espalhados no caminho
Verdes, planta e sentimento
Folhas, coração
Juventude e fé
(“Coração de Estudante”, de Milton Nascimento e Wagner Tiso)
Entrevistar personagens que desempenharam papeis cruciais em
momentos decisivos da história, ou que tiveram a oportunidade ao menos de
acompanhar estes momentos, sempre me motivou de modo profundo.
Hoje, às vésperas de completar 30
anos da morte do presidente Tancredo Neves (o primeiro civil que comandaria o
país após duas décadas de ditadura militar e que adoeceu momentos antes de
tomar posse), tive a oportunidade de entrevistar o ex-governador do Rio Grande
do Sul (1995-98) e secretário de imprensa da Presidência da República no futuro
governo Tancredo, Antônio Britto Filho.
Afastado da política desde os anos 2000, Britto hoje é
presidente-executivo da Interfarma, a Associação Brasileira da Indústria
Farmacêutica de Pesquisa. Ele recebeu a equipe da TV Cultura na sede da
entidade e relembrou como foi o momento mais importante da história do país nos
últimos 30 anos.
Um momento dramático e de forte comoção social, comparável
apenas ao que se viu na morte do piloto Ayrton Senna. Tancredo, a figura que
permitiria ao Brasil deixar as trevas, viu apagar sua luz naquele 21 de abril
de 1985, jogando o país num mar de incertezas que ameaçava a frágil reconquista
da democracia.
Naquele triste momento, Britto foi responsável por comunicar
ao país oficialmente a morte do presidente – com palavras que, ele revelou na
entrevista, estavam escritas já há alguns dias:
“Lamento informar que o excelentíssimo presidente da
República, Tancredo de Almeida Neves, faleceu esta noite, no Instituto do
Coração, às dez horas e 23 minutos.
Acrescento o seguinte: nos últimos 50 anos,
a vida pública de Tancredo Neves confundiu-se com os sonhos e os ideais
brasileiros de união, de democracia, de justiça social e de liberdade. Nos
últimos meses, pela vontade do povo e com a liderança de Tancredo Neves, estes
ideais se transformaram na Nova República.
A emocionante corrente de fé e de
solidariedade das últimas semanas, enquanto o presidente Tancredo Neves lutava
pela vida, só fez crescer este sentimento de união que foi sempre ação, exemplo
e objetivo de Tancredo Neves. Com a mesma fé, com a mesma determinação o Brasil
haverá, a partir de agora, de realizar os ideais do líder que acaba de perder, Tancredo
Neves.”
A seguir, a íntegra da entrevista – gravada a pedido da
TVE-RS, parceira da TV Cultura. Uma entrevista que todo brasileiro deveria ler:
Como começou a sua relação política com o ex-presidente
Tancredo Neves?
Antônio Britto – De uma forma absolutamente profissional. Eu
era jornalista, trabalhava na época na Rede Globo, encarregado da cobertura de
temas políticos de Brasília, e à época obviamente não havia como cobrir
política sem estar em contato com o dr. Tancredo, como fonte, como entrevistado,
e com as pessoas que o cercavam naquele momento muito especial da vida
brasileira, em que se procurava fazer a transição que viesse a encerrar o regime
militar.
O contato com os políticos era diferente? Os políticos eram
diferentes naquela época?
Britto – Acho que é óbvio que há uma mudança grande. Em
primeiro lugar porque à época a luta brasileira pela democracia, o sofrimento
brasileiro com o regime militar transformava aquelas lideranças políticas em
figuras altamente respeitadas. Pelo sacrifício, pela luta. Eram pessoas que, ao
contrário de hoje, elas é que levavam a população às ruas e elas podiam não
apenas estar nas ruas, mas serem festejadas pelas ruas. O Brasil vive uma
situação muito curiosa porque nestes 30 anos a partir da morte do dr. Tancredo,
temos 30 anos em que a democracia se consolidou, e este é o grande legado dos
30 anos, mas, ironicamente, a democracia brasileira consolidada como nunca respeita
aos partidos políticos e aos próprios políticos de uma forma praticamente zero.
Então, como é que a democracia pode se afirmar e os políticos puderam caminhar
na direção contrária? Como é que a gente tem uma democracia que se afirma e
partidos que se afundam? Onde é que a gente está errando?
O sr. mencionou a estabilidade democrática como grande
legado destes 30 anos. O sr. atribui isto ao dr. Tancredo? Qual o legado dele?
Britto – A democracia não é a conquista de uma pessoa, é uma
conquista da sociedade brasileira. De todo mundo que sofreu, que lutou para que
o país se tornasse o que é hoje, um país com liberdade de expressão, liberdade
de opinião, liberdade de voto. Eu gosto de dizer que o dr. Tancredo, portanto,
não foi quem deu a democracia ao Brasil. A democracia viria sem ele. O que o dr.
Tancredo foi é o atalho brasileiro para a democracia. Sem ele, não se sabe
quanto tempo a mais a democracia demoraria e nem se sabe que custo adicional a
conquista pela democracia imporia. O papel importante historicamente do dr.
Tancredo me parece ter sido funcionar como um atalho que encurtou o tempo e
reduziu o custo para a chegada do país à democracia. Nessa medida, graças ao
fato de ele ser uma pessoa que conseguia encaminhar o Brasil em direção ao novo
sem romper, sem assustar o velho, acabou se tornando a pessoal ideal para,
derrotada a ideia das eleições diretas, encaminhar a solução. Acho que este é o
grande papel histórico dele naquele episódio.
Um papel histórico num momento peculiar do país. E aí o primeiro
presidente civil pós-ditadura não toma posse. O sr. acompanhou todos aqueles momentos
de angústia nacional. Como foi?
Britto – Acho que ali havia na verdade a soma de duas
angústias, da parte de todos os brasileiros. A primeira com o sofrimento que um
ser humano chamado Tancredo Neves passou, naquele verdadeiro calvário de 38
dias. Mas havia um segundo sofrimento, uma segunda angústia, com a ironia do
destino em relação ao processo brasileiro. Você tem 20 anos de regime militar,
você luta para poder sair disso e o articulador, o atalho desse processo, acaba
falecendo. O que gerava em todos nós uma grande insegurança sobre o que
aconteceria sem ele. Porque dr. Tancredo tinha sido o construtor daquela
arquitetura e aquela arquitetura era extremamente frágil. Até o último momento
havia quem não quisesse o retorno à democracia. Então, acho que as duas
angústias se sobrepunham. A angústia em relação ao que se passava com o cidadão
Tancredo Neves, com o ser humano Tancredo Neves, mas também a angústia, a
preocupação com o que poderia acontecer com o Brasil sem Tancredo Neves.
Em que momento naqueles 38 dias o sr. teve a informação, ou
a convicção, de que o quadro de saúde do presidente era irreversível?
Britto – A imprensa noticiou isso exaustivamente à época,
não há mistério, não há segredo sobre esse episódio todo. Portanto ela própria
divulgou que a partir dos últimos dez dias apenas um milagre que a ciência não
pudesse causar nem explicar permitiria uma recuperação do dr. Tancredo. Ali se
criou aquela angústia, que é comum infelizmente em certas situações, de ter a
repetição de esforços feitos pelos cientistas, pelos médicos, sem a
correspondência da saúde do paciente.
Após a morte do presidente Tancredo, durante muitos anos
surgiram várias dúvidas e suspeitas. Algo naquele momento foi informado
diferentemente da realidade? Qual a real causa da morte do presidente?
Britto – Se tu chamas qualquer pessoa no mundo e diz que um
presidente da República vai tomar posse às dez da manhã, vai para um hospital
às nove da noite, dez da noite do dia anterior, e morre dentro do hospital
depois de 38 dias, o episódio é tão absurdamente surpreendente, tão
absurdamente fora de tudo que a lenda, o boato, a mentira correm soltos. Por quê?
Porque a verdade é dura de aceitar. Isto é muito comum na vida de todos nós.
Quando a verdade é muito dura de aceitar fica fácil o caminho para as outras
coisas. E é o que aconteceu. A história do dr. Tancredo é extremamente simples:
um senhor de 75 anos, com saúde frágil, está envolvido num trabalho
superimportante. Começa a sentir alguma coisa e não cuida, continua sentindo e
não cuida, quando vai cuidar não tem mais como cuidar. Cada um de nós conhece
essa história dezenas de vezes. Agora, se eu contar a mesma história e disser
que o nome daquela pessoa é Tancredo Neves e o trabalho dela é ser presidente
da República depois de 20 anos de ditadura militar, todo mundo que acreditava até
um minuto atrás já deixa de acreditar. Então é isso. A parte médica eu adotei,
faria tudo de novo hoje, uma coisa que me parece óbvia, que eu aprendi no
jornalismo, que é a minha profissão: não sou médico, não era médico, não
entendo de medicina, não me cabia nem podia examinar o dr. Tancredo e
diagnosticar o que ele tinha e o que não tinha. Logo, só poderia informar
aquilo que eu fosse informado por quem fazia isso. Quem? Os médicos. E como é que
eles informavam? Assinando e dando os boletins. À medida que os fatos foram
avançando ficou claro para mim, até com o senso de repórter, e ficou claro de
forma crescente para todo mundo que o que se esperava que fosse alguma coisa
temporária era muito grave e que talvez não tivesse um bom desfecho. E aí eu
entendi, porque seria também responsabilidade nossa, ao lado de todos que
trabalharam nisso, sem perder a esperança de um milagre, entendi que era
necessário preparar a população para o fato de que se havia a hipótese do
milagre, havia também muito forte a hipótese de, não ocorrendo o milagre, haver
um final trágico, que foi o que infelizmente acabou acontecendo.
A trajetória do dr. Tancredo o inspirou em sua carreira como
deputado e depois como governador?
Britto – Quem convive com figuras como dr. Tancredo, dr.
Ulysses (Guimarães), uma figura muito cara ao Rio Grande do Sul que é o
governador (Leonel) Brizola, para citar apenas três exemplos, teve o privilégio
de conviver com uma geração extraordinária de políticos com algumas características
que são importantes. A característica, em primeiro lugar, do interesse público.
Ou seja: acertaram ou erraram, mas errar ou acertar por entender que aquilo era
o melhor para quem? O país. Minha origem na política é isso. Na política como
na vida não há fórmula para acertar sempre. A questão que diferencia um político
do outro é se ele erra ou acerta por estar tentando o interesse público ou se
ele erra ou acerta, e geralmente vai errar, por considerar variáveis que não
têm nada a ver com o interesse das pessoas, com o interesse da população e com
o interesse público. Então eu acho que o grande legado que essa geração, e não
apenas o dr. Tancredo, deixou ao Brasil é, em primeiro lugar, de uma grande
visão do que seja o chamado interesse público. No caso específico do dr.
Tancredo, a habilidade, que é uma forma de fazer política tentando buscar o
consenso. No Rio Grande do Sul tem algumas pessoas que pensam que a briga é
obrigatória. Não, não tem nenhuma lei que impediu que ao final de uma conversa as
pessoas se acertem. E a política é o caminho de tentar conciliar posições quando
possível. E nisso o dr. Tancredo era absolutamente imbatível.
O sr. falou de considerar outros interesses que não o
interesse nacional. Com os rumos que a nossa democracia tomou, o sr. considera
possível que um presidente manifeste suas convicções com sinceridade hoje?
Britto – Do ponto de vista partidário, o país hoje é muito
mais complicado. O dr. Tancredo teve dificuldades para montar o ministério
porque precisava conciliar todos que haviam apoiado a redemocratização. Nós fomos
andando para trás nisso. Aumentamos o número de partidos, reduzimos a
legitimidade dos partidos, aí tivemos que aumentar o tamanho dos governos, o
que aumenta a briga para preencher os cargos no governo, e eu não estou falando
do filme que está passando agora no cinema, estou falando do filme que é quase
permanente no Brasil. Então, repetindo o que eu disse, estamos vivendo um
paradoxo. A democracia brasileira é mais forte do que nunca, mas os personagens
muito importantes, não são os mais importantes, mas muito importantes na
democracia, que são os parlamentos, os partidos e os políticos estão mais
frágeis do que nunca. Alguma coisa perigosamente está errada.
O sr. se recorda com exatidão das palavras do anúncio da
morte do presidente? Quais sentimentos aquilo despertou no sr. na ocasião e o
que desperta hoje?
Britto – Não saberia obviamente lembrar todas as palavras. À
medida que a situação do presidente foi se agravando, eu pessoalmente, além do sofrimento,
comecei a me dar conta que íamos entrar num processo, havendo o falecimento do
presidente, primeiro de enorme comoção popular, o que é sempre algo difícil de
administrar. Segundo, de enorme inquietação popular. O que acontece agora? Para
onde a gente vai? E que seria muito importante que a gente pudesse transmitir
os acontecimentos de modo a, sem deixar de expressar a tristeza, a dor que era
de todos, ao mesmo tempo procurar ajudar a tranquilizar a população e acima de
tudo procurar mostrar e a ajudar a mostrar que era preciso, após o falecimento
do dr. Tancredo, honrar e dar continuidade. Então eu tinha essas três coisas na
cabeça. Aí, refletindo no meio daquela tempestade toda: “eu vou fazer uma coisa
que eu tenho que fazer, só eu posso fazer na circunstância, eu vou deixar
pronto o papel que espero que eu nunca use”, mas cada vez mais achava que ia
fazer. E aí comecei a fazer, mexia um pouco, etc, à mão, guardava com todo cuidado
sempre preso dentro do bolso de dentro do casaco até o momento em que,
infelizmente, foi necessário usar o tal do papel – que eu guardei e foi doado ao
museu Tancredo Neves. E aí, quando enfim me cabia comunicar ao país que ele
tinha falecido, a minha preocupação foi de ordem física. Era tão grande a dor,
era tão grande o sofrimento com aquilo tudo que eu temia não ter respiração. Foi
aí que eu decidi ao invés de descer de elevador, desci de escada o Incor
(Instituto de Coração) porque achei que descendo de escada eu ia ajudando a
respirar e tal. E o resto todo mundo sabe.
Diante das polêmicas geradas pelas entrevistas que fez com Suzane von Richthofen e o ex-goleiro Bruno Fernandes, ambos presos condenados por envolvimento com assassinatos, o apresentador Gugu se defendeu dizendo que apenas faz jornalismo. "Estava com saudades de fazer
externas e grandes reportagens", disse. Falou ainda que fez entrevistas com pessoas procuradas por toda a imprensa. Este é, certamente, o ÚNICO mérito de Gugu - com a ressalva de que conseguiu as entrevistas muito mais pela sua conhecida docilidade do que pela credibilidade (que perdeu depois do episódio da falsa entrevista com PCC) e pelo faro jornalístico. De "grande reportagem" o trabalho recente de Gugu não tem nada. Peca na forma e no conteúdo, como bem explicitou o crítico de TV do UOL/"Folha", Mauricio Stycer. Jornalismo não combina com a dramatização piegas, forçada e excessiva das entrevistas, tampouco com "pegadinhas" para atrair a audiência como a da "revelação" de Bruno que mudaria o caso do ponto de vista jurídico. No fundo, Gugu continua fazendo o que sempre fez: um entretenimento muitas vezes apelativo em busca de nada mais do que audiência. Para isso, finge usar recursos jornalísticos e empresta ao material uma cara (de jornalismo) que qualquer análise minimamente séria concluirá não se sustentar. Em outras palavras, Gugu engana o telespectador e abusa da boa fé do público (ou seria inocência? Ignorância?...) em proveito próprio. Apenas isso.
(...) Indiferente a soluções verdadeiras para interromper a
vergonhosa taxa anual de 55 mil homicídios, a chamada bancada BBB - Boi, Bíblia
e Bala - prossegue sua blitzkrieg retrógrada. Menos de 1% dos assassinatos são
cometidos por jovens de 16 e 17 anos. Já os adolescentes representam 36% das
vítimas. Basta tais números para perceber a manipulação demagógica do debate da
maioridade penal.
Uma sugestão: em vez de caçar menores, por que não
endurecer, por exemplo, as regras de prescrição de delitos de adultos? (...)
(...) O que estamos vivendo em São Paulo hoje não é muito
diferente. A mudança proposta pelos cicloativistas e encampada pelo Plano
Diretor significa muito mais do que a introdução de um novo modal. Faz parte de
um movimento bem mais amplo de desconstituição da cidade para os carros - onde
reina a lógica de que só os pontos de partida e chegada importam, e não o
percurso -, em direção a uma cidade onde estar no espaço público é parte
integrante da vida urbana.
Evidentemente, ainda falta muito para que São Paulo se
reinvente. Para os que criticam ciclovias ainda sem muitos ciclistas, a
resposta dos especialistas em transportes é que a oferta da nova infraestrutura
fará que o novo modal cresça cada vez mais. Ainda, para os que denunciam que
muitas faixas estão sendo mal executadas, basta olhar ao redor -para nossas
calçadas ou mesmo vias pavimentadas - para constatar a péssima qualidade de
execução. Este é, portanto, um daqueles temas que vão muito além das
ciclovias... (...)
Fonte: Raquel Rolnik, “Folha de S. Paulo”, Cotidiano, 6/4/15
(íntegra aqui)
“Não acho que os protestos
sejam coisa de ‘coxinha’ ou da mídia. Já existia mídia no governo Lula e ele
tinha 85% de aprovação.”
Cândido Vaccarezza, ex-deputado federal pelo PT-SP
“Porém, a sociedade não
aceita sacrifício algum, até porque na campanha eleitoral do ano passado a
maioria que votou em Dilma entendeu que não haveria sacrifício algum, caso ela
fosse eleita.”
Eduardo Guimarães, em artigo no "Blog da Cidadania",
postado em 2/4/15
Dia desses postei o exemplo de um banheiro rodoviário na Alemanha. Lá, a civilidade não é só para os humanos: os animais também têm vez (claro, sob dependência dos seus educados donos). Totens com saquinhos higiênicos estão por toda parte.
Sejamos justos: esta moda já chegou ao Brasil. Só resta aumentar a adesão por parte dos usuários por aqui... Por falar em totem, tem também para abastecer, ou melhor, recarregar o carro - movido a energia.
Os pontos de ônibus são quase iguais aos nossos, só falta o painel eletrônico que informa o tempo de chegada das próximas linhas.
Mas quando os assuntos são transporte público e mobilidade urbana, aí é covardia comparar...
As ciclofaixas passam longe do improviso (ao contrário daqui). Tem até semáforo para os ciclistas!
Detalhe importantíssimo: os alemães pagam caro - bem caro! - para ter serviços assim, de qualidade. Mas cá entre nós: também não pagamos muito??? Pelo jeito não foi só no futebol que levamos uma sonora goleada...
Só para constar: o limeirense Miguel Lombardi votou a favor do projeto que libera a terceirização no Brasil, precarizando o trabalho e levando, em médio prazo, à perda de direitos.
Primeira decisão decepcionante do agora deputado Miguel.