quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015 | |

Cunha ou Dilma: a culpa é de quem?

Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o novo presidente da Câmara dos Deputados, foi criticado pela esquerda por suas posições conservadoras (o que é verdade). O peemedebista já adiantou que jamais colocará em votação projetos que descriminalizam o aborto ou que tratem da união civil de pessoas do mesmo sexo - temas delicados da chamada pauta progressista.

As críticas surgiram como uma avalanche - com razão, embora escondam muito mais um desconforto político (mesmo pertencendo a um partido aliado, Cunha é identificado como inimigo número um da presidente Dilma Rousseff) do que propriamente questões de mérito. Ao menos no que diz respeito aos eleitores dilmistas.

Afinal, a pauta progressista poderia ter avançado em outros momentos no Congresso durante os mais de 12 anos de governo petista, e nenhum esforço foi feito neste sentido, nem pelo ex-presidente Lula, nem por Dilma. A atual presidente, aliás, manifestou com todas as letras, tanto na campanha de 2010 quanto na da reeleição, no ano passado, que não mexeria na legislação sobre o aborto.

São de uma carta dirigida ao povo brasileiro pela então candidata Dilma em 2010 as seguintes palavras (repetidas em 2014):

Sou pessoalmente contra o aborto e defendo a manutenção da legislação atual sobre o assunto; 
Eleita presidente da República, não tomarei a iniciativa de propor alterações de pontos que tratem da legislação do aborto e de outros temas concernentes à família e à livre expressão de qualquer religião no País.
Portanto, atirar apenas contra Cunha a responsabilidade pelas pautas progressistas não avançarem soa como crítica de ocasião - que, repito, guarda na verdade um fundo muito mais político do que ideológico. 

Afinal, a mesma esquerda que agora critica o presidente da Câmara é a que votou numa candidata que manifestadamente se apresentou contra alteração nas leis vigentes (ou seja, contra itens da chamada pauta progressista).
Só não vê quem não quer!

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