No Rio, o ex-governador (cheio de processos) e deputado federal Anthony Garotinho (PR) lidera as pesquisas de intenção de voto para o governo estadual, seguido do pastor-senador-ex-ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB).
No Distrito Federal, a liderança é do ex-governador (preso e condenado por corrupção, agora oficialmente "ficha suja") José Roberto Arruda (PR).
Sempre que leio estas notícias fico pensando na Suécia: o país se tornou o de maior índice de desenvolvimento humano (IDH) do mundo e um dos menos corruptos não só porque a classe política melhorou, mas acima de tudo porque a sociedade evoluiu e obrigou os políticos a melhorarem.
Já os brasileiros...
quinta-feira, 31 de julho de 2014
quarta-feira, 30 de julho de 2014
O mundo em que vivemos
Da janela de meu apartamento (alugado), na fronteira de um
shopping de São Paulo, Higienópolis, vejo famílias dormindo nas esquinas
"protegidas" por caixas de papelão e páginas de jornal. É pleno
inverno. Eis que, na manhã seguinte, ao ler as notícias do dia, sou informado
de que um decorador badalado demitiu sua empregada. "Mandei embora a
funcionária que colocou uma manta de cashmere na máquina". De quem era a
manta? De uma cadela chamada China. A descrição do drama vale por um roteiro:
"Aconteceu um desastre. A empregada colocou a manta Louis Vuitton na
máquina de lavar. Virou um capacho". Salve-se quem puder.
Fonte: Ricardo Melo, “A ética quadrúpede” (IN: “Israel é aberração; os judeus, não”), Folha de S. Paulo, Poder, 28/7/14.
Trabalhando...
Afinal, propaganda eleitoral
atrai o eleitor?
4 em cada 10 baladeiros
começam a beber antes de sair de casa:
A lista que todos deveriam ler...
Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assovia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?
Hoje assovia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?
("A lista", de Oswaldo Montenegro)
terça-feira, 29 de julho de 2014
Frase
“Lula era visto como a esperança de mudança e fez um governo
à direita. Esfregou na cara das pessoas aquilo que anarquistas sempre disseram:
não adianta mudar as peças do jogo se o problema é o jogo.”
Camila Jourdan, professora universitária, presa sob
acusação de “quadrilha armada” pela suposta articulação de protestos violentos
no Rio, em reportagem do jornal "Folha de S. Paulo"
Uma via, uma cidade, um jeito de ser
Stuck
in speed bump city
Where
the only thing that's pretty
Is
the thought of getting out
There's
a tower block overhead
All
you've got's your benefits
And
you're barely scraping by
In
this trouble town
Troubles are
found
In
this trouble town
Words do get
'round
(“Trouble Town”, de Iain Archer e Jake Bugg)
Se há um lugar que simboliza bem os contrastes de São Paulo
é o elevado Costa e Silva, o famoso “Minhocão”. Ele é o retrato acabado do que
a metrópole pretendia ser, do que ela é e do que poderia ser.
A longa via, que começa na avenida Francisco Matarazzo e vai
até a região da praça Roosevelt, no Centro, é odiada por grande parte dos paulistanos,
seja como solução viária ou pela brutal interferência que causou/causa na
paisagem da cidade. Fica, por exemplo, praticamente grudada em prédios residenciais, o que a obriga a ser fechada sempre às 21h30.
Não é à toa que vira e mexe, numa frequência cada vez maior,
discute-se a sua demolição.
Certa feita, comentei isto com um taxista, que defendeu a
via de modo taxativo. “Ela está sim mal cuidada. Mas é importante, faz toda a
ligação leste-oeste. A cidade não andaria sem ela”, apontou, com a experiência
de quem passa a maior parte do seu dia no caótico trânsito paulistano.
Ao mesmo tempo, recebe o carinho de outra boa parcela da
população, que mesmo criticando a função viária do elevado vê nele uma boa
alternativa para tornar a cidade mais humana e atraente.
Como? Fazendo do famoso e polêmico “Minhocão” um parque
urbano suspenso, nos mesmos moldes do High Line, feito em Nova York há alguns
(poucos) anos.
A ideia é defendida por uma associação criada em 2013,
conforme artigo publicado na “Folha de S. Paulo”:
Vislumbra-se a chance de ressignificar uma cicatriz urbana e psíquica com forte conteúdo de negatividade que afeta a autoestima dos habitantes há quatro décadas.
A criação do parque favorecerá os elementos intangíveis da vida urbana: os espaços de lazer, de contemplação da paisagem, de afeto e de alteridade. As novas formas de economia criativa e colaborativa poderiam oferecer serviços como o aluguel de bicicletas e comida de rua, além de eventos sazonais.
Alguns testes, durante os finais de semana, mostram que a
iniciativa poderia render bons frutos, como já mostrou a TV Cultura:
É preciso, porém, coragem e vontade política para levar o
projeto adiante. A principal discussão é o que fazer com o trânsito sem a
alternativa do elevado.
Talvez fosse o caso de buscar apoio e inspiração mesmo em
Nova York. Depois do High Line, uma iniciativa que começou com a luta de duas
pessoas apenas, agora a “bola da vez” é a antiga fábrica da Domino Sugar, no
Brooklyn.
E já nasceu o movimento “Save Domino”.
E aí, "Salve o Minhocão"? Ou "Salve São Paulo"?
* Leia também (acrescentado em 14/8):
- O fim do Minhocão e outras notícias
E aí, "Salve o Minhocão"? Ou "Salve São Paulo"?
* Leia também (acrescentado em 14/8):
- O fim do Minhocão e outras notícias
segunda-feira, 28 de julho de 2014
Visões de um conflito
(...) A sucessão de conflitos no Oriente Médio só tende a
dificultar uma saída pacífica, mantidas as regras do sistema vigente. A cada
novo cadáver, cresce o ódio na região. A saída civilizada seria a construção de
um Estado único onde árabes e judeus convivam em harmonia. Utopia? Sim. Mas é
preferível apostar nela, lutar por ela, do que assistir ao flagelo permanente
sem esperança.
***
(...) Por último, toda a gente sabe que a solução mais
realista para o conflito passa pela existência de dois Estados com fronteiras
seguras e reconhecidas.
Assim foi antes da partição da Palestina pela ONU (relembro
a Comissão Peel de 1937). Assim foi com a Partição propriamente dita em 1947.
E, para ficarmos nos últimos anos, assim foi em Camp David (2000). Foi o lado
palestino que recusou essa divisão -o maior crime cometido por Yasser Arafat
contra o seu próprio povo. (...)
***
(...) O filósofo francês Ernest Renan certa vez definiu uma
nação como "um grupo de pessoas unidas por uma visão errônea sobre o
passado e o ódio por seus vizinhos". Embora isto possivelmente se aplique
a este conflito, minha sensação é de que a deterioração que estamos
testemunhando resulta de outra coisa - a crescente distância humana entre
pessoas que se conheciam intimamente e hoje são virtualmente estranhas.
(...) Uma geração atrás, havia muitas causas de tensão e de
preocupação. Mas os palestinos que construíam o que esperavam que se tornasse
seu Estado, e os israelenses que trabalhavam com eles, tinham um sentimento
muitas vezes inspirador e um objetivo comum. Alguns descobriram que gostavam do
outro e desejavam trabalhar juntos. Hoje, esses sentimentos estão virtualmente
mortos. E enquanto a mistura das populações naqueles anos não foi uma panaceia,
divorciá-las só piorou as coisas.
Fonte: Ethan Bronner, “A distância desumana que separa os vizinhos”, Folha de S. Paulo, 22/7/14 (original no “The New York Times”).
***
Minha impressão após conversar nos últimos dias com judeus e descendentes de palestinos: não haverá solução para o conflito enquanto a raiz do problema não for discutida: a criação de um estado judeu - Israel - da forma como se deu em 1947.
* Leia também (acrescentado em 4/8/14):
- A maior angústia de um repórter
* Leia também (acrescentado em 4/8/14):
- A maior angústia de um repórter
"Passado, presente e futuro"
Na magia – e na vida – há
apenas o momento presente, o AGORA. Não se mede o tempo como se calcula a
distância entre dois pontos. O “tempo” não passa. O ser humano tem uma
gigantesca dificuldade em se concentrar no presente; está sempre pensando no
que fez, em como poderia ter feito melhor, quais as consequências dos seus
atos, porque não agiu como deveria ter agido. Ou então se preocupa com o
futuro, o que vai fazer amanhã, que providências devem ser tomadas, qual o
perigo que o espera na esquina, como evitar o que não deseja e como conseguir o
que sempre sonhou.
Aprendemos no passado, mas não somos fruto disso. Sofremos no passado, amamos no passado, choramos e sorrimos no passado. Mas isso não serve para o presente. O presente tem seus desafios, seu mal e seu bem. Não podemos culpar ou agradecer o passado pelo que está acontecendo agora. Cada nova experiência de amor não tem absolutamente nada com as experiências passadas: é sempre nova.
Mas o momento presente está além do tempo: é a eternidade. Os indianos usam a palavra “karma”, na falta de algo melhor. Mas o conceito está mal explicado: não é o que você fez na sua vida passada que vai afetar o presente. É o que você faz no presente que redimirá o passado e logicamente mudará o futuro.
Aprendemos no passado, mas não somos fruto disso. Sofremos no passado, amamos no passado, choramos e sorrimos no passado. Mas isso não serve para o presente. O presente tem seus desafios, seu mal e seu bem. Não podemos culpar ou agradecer o passado pelo que está acontecendo agora. Cada nova experiência de amor não tem absolutamente nada com as experiências passadas: é sempre nova.
Mas o momento presente está além do tempo: é a eternidade. Os indianos usam a palavra “karma”, na falta de algo melhor. Mas o conceito está mal explicado: não é o que você fez na sua vida passada que vai afetar o presente. É o que você faz no presente que redimirá o passado e logicamente mudará o futuro.
Um pouco de arte (passeando pelos museus de Chicago)
No Museu de Arte de Chicago, obras de grandes pintores norte-americanos como Edward Hopper (“Nighthawks”, de
1942 - primeiro quadro abaixo) e Grant Wood (“American Gothic”, de 1930 - terceiro quadro) e de artistas internacionais como Piet Mondrian, além dos famosos vitrais de Chagall:
Já no museu Field, registros da história da humanidade:
Leia mais sobre Chicago no blog "Piscitas - travel & fun".
Já no museu Field, registros da história da humanidade:
quinta-feira, 24 de julho de 2014
EXCLUSIVO: entrevista com o editor-executivo da "Folha"
O editor-executivo da "Folha de S. Paulo", Sérgio Dávila, fala sobre os desafios do jornalismo impresso na era digital e das experiências do jornal cuja Redação ele comanda:
A “Folha” foi pioneira no
Brasil no sistema de “paywall” (“muro de pagamento”, na tradução literal, a
cobrança pelo conteúdo da Internet a partir de uma cota grátis mensal) e parece
que os resultados têm sido positivos. Ainda assim, o jornal impresso continua
sendo visto – e a própria ex-ombudsman Suzana Singer escreveu isto – como um
registro do passado. Você concorda com esta visão? O que pensa da função do
jornal impresso hoje?
Sérgio Dávila – Acho que o jornal
impresso está ganhando cada vez mais um papel de um resumo bem feito do passado, do último ciclo de 24 horas, mas mais do que isto cada vez mais uma
interpretação bem feita do que aconteceu e indicando caminhos do que pode vir a
acontecer. Esta tentativa do jornal de ser um farol do que vem por aí é
fundamental para o leitor e o leitor sabe valorizar isto no produto impresso.
Outra coisa que o produto
impresso tem, pelo próprio formato, pela própria característica do meio, (é) empacotar muito bem o que é importante naquele momento no país, o que vai dar
agenda naquele momento no país e no mundo. Isto acho que o jornal impresso faz muito
bem.
A gente tende a pensar, eu
mesmo já cometi este erro outras vezes, que eles são excludentes, o impresso e
o digital. Eles não são excludentes, eles são complementares. Um tem um papel, sem
trocadilho, e o outro tem outro, mas eu não vejo um brigando com outro. Pelo
contrário. Acho que você pode agir de determinada maneira e se comunicar de
determinada maneira no digital e de outra no impresso, eles vão se
complementando.
Fora o “paywall”, você
conhece alguma outra experiência que seja bem sucedida a este respeito no mundo?
Dávila – Por exemplo: ações
comerciais “casadas” multiplataforma. Você anuncia no jornal impresso e faz uma
ação comercial no site, no tablet, no "mobile". Isto eu tenho visto acontecer na Europa
e nos EUA com sucesso. Já acontece em menor medida no Brasil e acho que vai
começar a acontecer mais intensivamente.
Inclusive em coberturas? A “Folha”
fez o projeto “Belo Monte” que foi muito bem executado...
Dávila – Este tipo de
cobertura como Belo Monte, que foi complementar, é um exemplo do que eu queria
dizer dos meios complementares. A gente fez um caderno impresso, mas você tem
lá também o site com outros recursos, com multimídia, com vídeo, com fotos,
etc. Você pode ter os dois, você pode consumir um ou outro, você sai bem
informado dos dois.
Este tipo de iniciativa, de
você pegar um assunto e esgotar um assunto da maneira mais didática e atraente
possível, começa a atrair os anunciantes. Quando você pega temas relevantes, do
tipo Belo Monte que a gente fez, o Golpe de 64 que a gente fez e outros que a
gente está planejando para este ano, você acaba atraindo o anunciante. O anunciante
fala: “bom, este produto é de qualidade, ele atrai um público de qualidade e eu
quero anunciar neste produto”. A gente acha que este é o caminho.
Nas últimas reformas gráficas
de jornais, eu até assisti a uma palestra do Chico Amaral (designer responsável
pela reformulação gráfica do “Estadão”) na qual ele disse que a base das
mudanças foi considerar que o jornal é um produto para quem gosta de ler, a “Folha”
seguiu um modelo contrário. O jornal não ficou telegráfico demais?
Dávila – Tem uma questão que é a seguinte: o
mundo está ficando digital, mas o leitor continua analógico. E ele continua
tendo 24 horas por dia para consumir a informação. Então você tem que entrar
no “slot” que este leitor dedica à informação, seja uma hora, duas, três, com o
melhor produto feito da melhor maneira que você puder. Se ele preferir o
impresso, você está lá no impresso. Se ele preferir o digital, você está lá no
digital. A nossa reforma gráfica, esta última a que você se referiu, tem este objetivo por trás, que é: não importa onde o leitor consumir a marca “Folha” ele vai saber que é um conteúdo da “Folha”. Esta era a ideia. A não ser que ele estiver no jornal e fala: “bom, aqui está a ‘Folha de S. Paulo’”. Se ele cai numa matéria na Internet ele fala: “bom, é uma matéria feita pela ‘Folha de S. Paulo’”. Se ele abre um tablet ou recebe um torpedo no “mobile”, ele sabe: “bom, isto vem do jornalismo da ‘Folha’ com os seguidos preceitos e princípios editoriais da ‘Folha’”. Esta era a nossa ideia. Foi criticada por alguns, mas foi elogiada pela ampla maioria, do leitorado inclusive. Então parece que funcionou.
A gente tinha uma avaliação que as plataformas eram muito dissociadas, você não tinha claro que eram todas as plataformas, todo o conteúdo feito por uma mesma empresa, agora parece que isto está mais claro.
"O Brasil ganhou a Copa"
O Brasil ganhou a Copa de duas maneiras. A primeira é que a
Copa aconteceu e funcionou. (...)
A segunda (e mais importante) razão pela qual o Brasil
ganhou a Copa é que a seleção perdeu de 7 a 1 contra a Alemanha e de 3 a 0
contra a Holanda, mas isso não foi uma tragédia.
(...) Conclusão: podemos festejar - porque, sim,
infelizmente a seleção perdeu, mas o Brasil parece saber que a seleção não é o
Brasil. E essa descoberta é uma vitória.
Trabalhando...
O Brasil caminha para a estagflação?
Uma tentativa de entender o que derrubou o avião da Malasya airlines na Ucrânia:
Uma tentativa de entender o que derrubou o avião da Malasya airlines na Ucrânia:
A goleada necessária
Depois da outra goleada que a seleção brasileira levou, encontrei num artigo de Juca Kfouri, na "Folha de S. Paulo", a vitória difícil e necessária que o futebol nacional exige:
O Campeonato Brasileiro é tão ruim como os cartolas, como os técnicos que não os enfrentam e os criticam só em off - até porque ganham muito mais do que merecem - e como os jogadores que se acomodam na mesmice, sem perceber que vão no embrulho.
O resultado de um futebol de quinta é o deserto nas arquibancadas.
Cadê coragem para mudar?
(...) Mexer no futebol brasileiro é tentar mudar a instituição mais resistente ao novo que temos no país, o que há de mais refratário a quaisquer novidades, dominado por gente que se contenta em raspar o tacho e nem liga se matar a galinha dos ovos de ouro.
quarta-feira, 23 de julho de 2014
"Ubaldo e a política" (e o jornalismo)
(...) Ubaldo escreve que a política, em qualquer regime,
gira em torno de três questões: quem manda, por que manda, como manda. "O
Estado representa o interesse público, embora muitas vezes defenda apenas os
interesses das elites, das classes dominantes", pontua. "Não importa
o que lhe digam, quem manda é quem está levando vantagem."
(...) No fim do livro, Ubaldo afirma que o cidadão bem
informado é mais capaz de fazer suas próprias escolhas. Não deixa de ser também
uma defesa do jornalismo, outro setor que ficou mais pobre com a sua morte, na
última sexta-feira.
terça-feira, 22 de julho de 2014
Homenagem a uma bela cidade
Vi recentemente um álbum de fotos sobre Chicago, trabalho do fotógrafo Ronny Santos.
A publicação me inspirou a
fazer – ou melhor, postar – meu próprio álbum a respeito da capital do estado
de Illinois. A cidade é inspiradora: mistura à perfeição antigo e moderno,
clássico e contemporâneo; tem arte, concreto e verde espalhados por todo lado,
pulsa e fervilha como os grandes centros urbanos do mundo e ao mesmo tempo tem
seus recantos, como as praias e parques às margens do lago Michigan.
Em tempo: algumas das melhores fotos estão distribuídas nas postagens que fiz sobre Chicago no blog "Piscitas - travel & fun". As que estão aqui são, digamos, as que sobraram - o resto...
Outra goleada (do atraso)
Pensei em escrever algo sobre as "novidades" para renovar o futebol brasileiro. Desisti ao ler a coluna de Mário Magalhães. Em uma frase, ele resumiu o que penso: "Dupla Dunga-Gilmar é o nosso 7 a 1 moral".
É isto.
É isto.
Trabalhando...
Serão os Brics apenas uma “simples
‘banana’ antiocidental simbólica”, como escreveu Julia Sweig na “Folha de S.
Paulo”?
Estudo considera que as mulheres usam palavras com mais agressividade:
EUA: dois pesos, duas medidas
(...) A dedução mais razoável incrimina os rebeldes
ucranianos na derrubada do Boeing da Malaysia Airlines, com armamento fornecido
pela Rússia. Mas não foi em provas que Barack Obama se baseou para transformar
tal hipótese em acusação explícita a Vladimir Putin. Baseou-se no cinismo que
rege a política internacional e no seu próprio.
Em menos de duas semanas morreu em Gaza o equivalente aos
ocupantes de dois Boeings idênticos àquele. Mortes com bombas fornecidas a
Israel pelos Estados Unidos e lançadas por caças F-16I fornecidos a Israel
pelos Estados Unidos. (...)
Fonte: Janio de Freitas, “Um caso difícil”, Folha de S.
Paulo, Poder, 22/7/14.
quinta-feira, 17 de julho de 2014
Um adeus ao Facebook
Recentemente, o ator Alexandre Nero desistiu de usar o Facebook. O motivo foi explicado por ele numa espécie de carta aberta, postada na própria rede social. E não há manifestação mais clara.
Me despeço do Facebook pelo discurso de ódio que tem sido cada vez mais constante, e compartilhado, não que nas outras redes sociais ou blogs não exista. Há ódio na internet. Não apenas aquele "clássico" sobre cor ou religião, futebol e política. As pessoas se odeiam. Com todas as forças possíveis. Um fato ocorre envolvendo seres humanos e basta para os comentários no Facebook esfarelarem a vida dos incautos.
Pq o Facebook é a única rede social que me faz obrigatoriamente ver postagens de pessoas que não quero. Ele serve para fazer "amigos" e por isso essas conexões acontecem. (...)
É importante lembrar que o problema não reside no Facebook em si, mas no uso que muitas pessoas fazem dele. Como registrou o ator, porém, esta rede social em especial, por suas características, dá mais vazão ao que ele chamou de "discurso de ódio".
Discurso que, registre-se, está presente cada vez mais na sociedade, intolerante e dividida (fruto até de discursos políticos dos últimos anos que investem no "nós" contra "eles", sejam lá quem forem estes tais "nós" e "eles").
A tradição da arte cusquenha
O artesanato é um dos tesouros do Peru. Em Cusco, coração do
império inca, a arte carrega marcas da história. Uma tradição de família, que
passa de geração a geração.
Na casa da família Mendivil, o artesanato está em toda
parte. Foi lá que viveu um dos mais conhecidos artistas cusquenhos, Hilário
Mendivil.
A filha dele, Juana, recebe os visitantes com simplicidade e
simpatia. Ela conta que o pai era autodidata e desenvolveu sua arte contra a
vontade da família. “Minha avó amarrava as mãos dele no pé da mesa porque não
queria que ele fosse artesão”, fala.
O trabalho de Mendivil mistura a cristandade dos colonizadores espanhóis com a tradição inca, uma marca de Cusco. As imagens com pescoço comprido são referência às lhamas, típicas da região da cordilheira dos Andes. A Virgem da Doce Espera, com Nossa Senhora grávida, é obra-prima da família.
O trabalho de Mendivil mistura a cristandade dos colonizadores espanhóis com a tradição inca, uma marca de Cusco. As imagens com pescoço comprido são referência às lhamas, típicas da região da cordilheira dos Andes. A Virgem da Doce Espera, com Nossa Senhora grávida, é obra-prima da família.
As peças são feitas a partir de uma base de madeira, que recebe uma massa produzida com arroz. É preciso habilidade para moldar mãos, braços..., como mostra o marido de Juana. O rosto de massa ganha cores, que o transforma em arte. Molde e pintura são feitos à mão. Por isso, cada peça é única.
Hilário Mendivil morreu em 10 de novembro de 1977. Na casa onde viveu, há um pequeno museu. Mas o local mais importante fica fechado quase todo o tempo. O ateliê original onde trabalhava “Chollo” Hilário está exatamente como ele o deixou há 37 anos, desde que morreu. O local é tão importante para a família que ele fica normalmente fechado e as pessoas raramente pode entrar. Mas nós tivemos o privilégio de ser convidados pela Juana para conhecer o lugar, que já recebeu pessoas importantes como o poeta chileno Pablo Neruda e a rainha espanhola Sofia.
Uma herança que Juana faz questão de cultivar. “Se temos que morrer fazendo arte, que façamos”, diz a filha.
Na galeria de Antonio Olave Palomino, o único dos artistas
cusquenhos da metade do século 20 ainda vivo, peças de cerâmica e madeira
estampam desenhos e mosaicos. Uma riqueza de detalhes feitos à mão, com
habilidade e perícia.
O artista é reconhecido também pela criação do Menino Jesus Manuelito. No trabalho de Palomino, imagens sacras se unem à arte pré-colombiana.
Em outra galeria, o destaque é o famoso Cristo de Mérida, sobrenome famoso na arte local. Uma imagem que reproduz todo o vigor do trabalho do patriarca Edilberto. Sua arte é inspirada no expressionismo indigenista, mas com foco nos trabalhadores do campo da região de Cusco.
As mãos grandes são uma marca da família Mérida. Mãos calejadas pelo trabalho rural. Os rostos são sofridos. Segundo o filho de Edilberto, as peças carregam uma mensagem social, de denúncia das injustiças contra o homem do campo.
A arte da família Mérida, iniciada por Edilberto e herdada pelos filhos, está detalhada em um livro, ainda inédito em português.
A arte tradicional das famílias cusquenhas pode ser conhecida de graça. Todas as galerias ficam no charmoso bairro de San Blas, em Cusco.
* Texto original de reportagem do programa "Mais Cultura" (TV Cultura, seg. a sex., 13h):