domingo, 23 de dezembro de 2012 | |

Quem vai salvar o Centro de Limeira?

Alguém precisa fazer algo pelo Centro de Limeira.

A região padece dos mesmos problemas que atingem as áreas centrais de tantas outras cidades brasileiras. 

Neste período pré-natalino, no qual as lojas ficaram abertas até às dez horas da noite, passei duas vezes pelo Centro de carro. Estranhei o baixo movimento de consumidores potenciais em relação a anos anteriores.

Como não sou um frequentador do Centro, temi que minha impressão estivesse equivocada. Passei, então, a consultar alguns comerciantes e comerciários que atuam há anos na área a fim de obter delas uma visão mais próxima da realidade. As respostas que ouvi me deixaram preocupado.

A funcionária de uma loja com mais de 40 anos de tradição numa das principais ruas da área central confirmou: as vendas de Natal estavam terríveis. "Acho que o pessoal está indo para os shoppings", disse ela. 

Do dono de uma loja de informática, ouvi o seguinte: "Está tudo parado".

Uma funcionária de uma loja com mais de 20 anos de tradição em roupas vendeu em dezembro de 2011 um total de R$ 60 mil. Este ano, no mesmo período, tinha registrado exatamente a metade.

O gerente de uma loja de rede que trabalha há pelo menos 20 anos na área central acrescentou alguns ingredientes: "O Centro está feito, inseguro", afirmou.

A soma do embelezamento precário (as praças estão horríveis, apesar do "banho de loja" que ganharam para o período de Natal), falta de segurança e de vagas para estacionar veículos e um atendimento que muitas vezes deixa a desejar tem levado cada vez mais consumidores para os shopping - Limeira acaba de ganhar um segundo centro de compras e em abril de 2013 receberá mais um. 

No shopping, o consumidor encontra estacionamento seguro, ar-condicionado, diversidade de produtos, grandes magazines, alimentação, entretenimento e tranquilidade.

Trata-se, sem dúvida, de uma competição difícil.

Não é à toa que os dois shoppings da cidade estão frequentemente lotados.

Devido à falta de planejamento (que levou a escolhas equivocadas), o Centro de Limeira foi sendo esvaziado ao longo dos anos - houve uma evasão habitacional nas últimas décadas. À noite, fora o período de Natal, ele é "morto". A insegurança impera.

Em sua origem, os centros eram o coração das cidades, o centro nervoso da vida comunitária. Desde a criação da polis na Grécia Antiga e depois no Império Romano, os centros serviam de ponto de encontro, de manifestações e atividades políticas e culturais. 

Em Limeira, o Centro perdeu sua funcionalidade histórica - inclusive por intervenções "externas", como o acordo intermediado pelo Ministério Público que restringiu atividades sonoras na praça Toledo Barros, a principal do município. A área central virou espaço de ninguém. 

Abandonada, já apresenta reflexos econômicos negativos. Os comerciantes atestam isto.

Há três anos, a Acil (Associação Comercial e Industrial de Limeira) investiu num projeto de embelezamento da área, com colocação de bancos e palmeiras nas calçadas. Houve polêmica com a prefeitura e, independentemente disso, foi uma ação isolada e desarticulada em relação a outras esferas de poder. 

É preciso uma ação conjunta e planejada. 

É necessário inicialmente repensar o Centro e suas funções. Redesenhá-lo se preciso. Estimular sua ocupação (com mecanismos como isenções fiscais, entre outros). 

Hoje, há uma clara divisão entre o chamado Centro acima (rico) e a parte baixa (cada vez mais pobre). É preciso reforçar a segurança de ambas e, como parte disso, levar a comunidade para a região durante o dia e à noite (com atividades culturais e gastronômicas, por exemplo).

O Centro de Limeira precisa voltar a vibrar. Ainda há tempo de salvá-lo. 

Alguém, porém, precisa assumir o desafio de ao menos tentar.

PS: confio na capacidade da equipe do prefeito eleito Paulo Hadich (PSB) de promover o necessário debate de ideias para repensar o Centro, principalmente em razão da presença de jovens arquitetos e urbanistas no secretariado, com uma nova visão de cidade e fôlego para implantar novos projetos.

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