quinta-feira, 6 de dezembro de 2012 | |

Jornalismo na era pós-industrial

O Tow Center for Digital Journalism, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, publicou um ensaio sobre a situação do jornalismo no país. Segundo o texto, nada pode salvar a indústria baseada na publicidade - os jornalistas e as organizações de notícias precisam se adaptar para se beneficiarem das novas formas de fazer jornalismo.

"O jornalismo pós-industrial pressupõe que as instituições existentes vão perder receita e espaço no mercado e que, se esperam manter ou aumentar sua relevância, precisarão aproveitar os novos métodos e processos oferecidos pelos meios digitais", destacam os autores.

C.W. Anderson, Emily Bell e Clay Shirky argumentam que os impactos provocados pelo desenvolvimento da tecnologia e pela internet criaram um "ecossistema" no qual "as organizações de notícias já não têm o controle da notícia [...] e que o crescente papel de agências públicas assumido por cidadãos, governos, empresas e inclusive redes afiliadas é uma mudança permanente à qual essas organizações precisam se adaptar".

Parte dessa adaptação é se afastar do modelo de indústria de notícias baseado na infraestrutura física (impressoras, torres de transmissão etc) e caminhar para um modelo mais descentralizado, pós-industrial, de apuração de notícias.

(...) Anderson, Bell e Shirky dividem organizam o ensaio a partir das mudanças de papéis de jornalistas, instituições e "ecossistema" de notícias.

"Emily Bell: the fundamentals of reporting have not changed, but everything surrounding has changed. (Os fundamentos da reportagem não mudaram, mas tudo ao redor mudou.)"

Para eles, os jornalistas precisam de um conjunto de novas habilidades para continuar sendo relevantes nesse novo "ecossistema".

"Em um mundo interconectado, a capacidade de informar, entreter e responder à retroalimentação de maneira inteligente é uma habilidade jornalística", diz o texto. Isso significa que os jornalistas da era pós-industrial precisam aproveitar seu "carisma" para manter um grupo de seguidores em redes sociais como Twitter, enquanto constroem sua reputação na responsabilidade e na integridade.

Espera-se que os jornalistas tenham também conhecimentos especializados e uma maior capacidade técnica. "Essas habilidades podem ser resumidas como uma capacidade de reconhecer, avaliar e visualizar novas formas de evidência jornalística", diz o texto.

As organizações de notícias serão menores, segue o texto, e precisarão "fazer mais com menos". Parte disso significa aproveitar as "pessoas antes denominadas audiência", diria Jay Rosen, para exercer o jornalismo em pequena e grande escalas. O texto do Centro Tow destaca um projeto do ProPublica, o Free the Files, como exemplo de crowdsourcing responsável.

Fonte: Zach Dyer/AP, "Indústria do jornalismo baseada na publicidade está morta, diz ensaio da Universidade de Columbia", blog Jornalismo nas Américas, Knight Center for Journalism in the Americas, 30/11/12. 

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