segunda-feira, 22 de outubro de 2012 | |

O Brasil pós-mensalão: uma posição definitiva

A fase de condenações e absolvições no julgamento da ação penal 470, a do chamado “mensalão”, chegou ao fim no STF (Supremo Tribunal Federal). À esta altura, não resta mais dúvida de que a então cúpula do PT se uniu em torno de um plano de poder e, para atingir tal finalidade, recorreu a práticas não-republicanas.

Cooptou, por meio da compra (ou corrupção), partidos e parlamentares. Usou recursos desviados de órgãos públicos simulando empréstimos fraudulentos com apoio de unidades do sistema financeiro.

Formou-se, como concluiu nesta segunda-feira (22/10) o Supremo, uma quadrilha a partir do Palácio do Planalto – a sede do poder Executivo nacional.

Tem-se, por enquanto, que o então presidente da República não participou do esquema, embora tivesse sido um dos maiores (senão o maior) beneficiários dele.

É forçoso reconhecer que o PT cometeu – por meio de seu alto escalão - crimes gravíssimos contra a República e a sociedade. Não há argumentos que possam justificar o recurso a práticas escusas, mafiosas até como manifestou o ministro Marco Aurélio Mello nesta terça no STF, em favor de um projeto de poder.

Deste modo, a história do Brasil é reescrita. O governo Lula ganha uma mancha indelével.

Sim, as conquistas sociais promovidas pelo governo petista não podem ser ignoradas e jamais se apagarão. Ao contrário, é preciso reconhecê-las e enaltecê-las.

Ao mesmo tempo, é preciso entender que o sucesso brasileiro nos últimos 20 anos se deve justamente à continuidade de um processo que teve início em 1993 com o governo Itamar Franco.

Neste sentido, cada governo deu sua contribuição conforme a ocasião exigia. Com Itamar, a estabilidade política necessária pós-impeachment do presidente Fernando Collor de Melo e, depois, as bases para a estabilidade econômica.

Com Fernando Henrique Cardoso, a sonhada estabilidade econômica após anos de hiperinflação e a implantação das bases dos programas sociais (com o vale-gás, bolsa-alimentação, etc). Com Lula, a consolidação e ampliação dos programas sociais, o avanço na geração de empregos e na posição do Brasil no exterior.

Ao mesmo tempo, não se pode esquecer que, nos anos FHC, o Congresso foi também cooptado com recursos (ou seja, comprado) em favor de um projeto político liderado pelo PSDB. O escândalo da compra de votos para aprovação da emenda da reeleição é mais do que conhecido.

Houve ainda fortes evidências de corrupção nos processos de privatização, notadamente das teles.

É, portanto, do saldo entre acertos e erros dos governos tucano e petista que chegamos até aqui como sociedade e nação. Ignorar avanços e desvios de um e outro é simplesmente ignorar a história – ou vê-la de forma míope ou apaixonada.

Com o julgamento do “mensalão”, o STF recoloca a locomotiva nos trilhos. Abre um novo capítulo na história do Brasil. E, espera-se, estabelece um novo patamar para as práticas políticas (e eventuais punições) no país.

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