terça-feira, 25 de setembro de 2012 | |

Entrevista - relembrando (1)

A seguir, trechos da entrevista concedida a Ana Paula Rosa para o blog “De olho no Jornal”, em 2010.

De olho no Jornal: Como foi o início da sua carreira? Foi difícil chegar onde está hoje?
Rodrigo: Comecei em jornal impresso ainda antes de sair da faculdade. Eu tinha feito estágio em um jornal da cidade de Limeira e quando estava no último semestre da faculdade voltei para Limeira, pois eu fiz faculdade fora, e então surgiu oportunidade naquele mesmo jornal que eu tinha feito estágio. Todo mundo já me conhecia e entrei. Comecei como auxiliar de redação e então virei repórter, depois ajudei no fechamento, virei editor chefe, saí e agora estou aqui na TV.

De olho no Jornal: Nesse tempo de atuação, qual o fato que mais marcou sua vida profissional?
Rodrigo: Precisaria pensar, pois tiveram várias coisas. Mas acho que foi uma CPI que teve em Limeira uma vez, que foi chamada “CPI do Asfalto”, que investigava denúncias de irregularidades em contratos de asfaltamento da prefeitura e houve denúncias de corrupção e etc, e eu consegui as fitas com as gravações das conversas e isso teve grande repercussão na época.

De olho no Jornal: Como vocês lidam com as notícias de última hora? É muita “correria”?
Rodrigo: Muita correria. Em jornal isso é um pouco mais fácil, porque basta um telefonema que você resolve, tendo as informações você escreve e publica. Na televisão isso é mais complicado, é preciso ter imagem, uma entrevista sobre aquele assunto, portanto, invariavelmente as notícias de última hora são dadas de modo que o repórter vai para frente da câmera e relata o que está acontecendo, afinal, muitas vezes quando a notícia é extremamente de última hora não dá tempo de pegar imagem, fazer entrevistas e etc. Mas é uma correria sempre. Agora, só pra frisar, nesses casos eu adoto uma postura que eu acho muito importante que é: você só divulga aquilo que você possui absoluta certeza, aquilo que você apurou. É muito comum nessas ocasiões chegarem informações truncadas, chegar uma boataria, chegar um “parece que” e “parece que” não é notícia. Então eu só divulgo o que eu efetivamente apurei, ainda que seja menos do que as outras pessoas estejam falando. Nesse caso eu uso a teoria de que menos é mais.

De olho no Jornal: Com toda essa rotina de trabalho, quanto tempo sobra para a família e diversão?
Rodrigo: Um dos motivos para eu sair do meu outro emprego, o do jornal, foi esse (risos). Não tinha rotina. Não existia tempo pra rotina. Era o domingo quando não tinha nenhum evento especial no domingo. Mas durante a semana, esquece! Na televisão eu consigo controlar mais isso, as pessoas conseguem controlar mais isso. Mas a produção de jornal é efetivamente 24 horas, você começa a fazer às sete da manhã e você vai terminar a edição e a parte de produção 0 hora, 1 hora. Então esquece. Não tem família, não tem aniversário de primo, não tem casamento, não tem festinha de amigo, não tem nada disso.

De olho no Jornal: Acredita que a não obrigatoriedade do diploma do curso de Jornalismo afeta muito no mercado? O que pensa sobre essa decisão do Supremo Tribunal Federal?
Rodrigo: Sou contra a decisão. Ponto! Acho que o argumento foi muito fraco, em minha opinião. Alegar que o diploma impede que as pessoas manifestem sua opinião é um absurdo. Eu nunca vi, pelo menos na fase democrática do Brasil, qualquer veículo de imprensa impedir a opinião de qualquer um de ser manifestada. Qualquer pessoa tem liberdade para se manifestar. A questão do diploma envolve técnicas jornalísticas que são muito diferentes da simples liberdade de opinião, pois não é qualquer pessoa que saiba falar ou escrever que consegue fazer as apurações jornalísticas para uma matéria jornalística. Então, para mim, dizer que não há tecnicidade no trabalho do jornalista é desconhecer a profissão. Sou contra a decisão e a favor do diploma, mas acredito que o mercado acaba selecionando e as grandes empresas vão continuar contratando profissionais das faculdades de comunicação. O que pode acontecer é que empresas menores, do interior, possibilitem algumas pessoas como aquele “coleguinha” que escreve bem, ou que fala na rádio de acabar entrando também. Mas o mercado vai se encarregar de separar os jornalistas de verdade dos que estão se aventurando na área.

De olho no Jornal: Qual área do jornalismo mais te atraía antes de começar a trabalhar de fato na área?
Rodrigo: Por incrível que pareça sempre gostei de televisão. Comecei a trabalhar com jornal porque, enfim, foi a porta que me abriu e me apaixonei. Adoro jornal e acho que todo jornalista devia passar pelo jornal impresso. Acredito que devia ter um estágio obrigatório, assim como os médicos precisam fazer a residência em hospitais, acho que devia ser obrigatório que todos os jornalistas ficassem pelo menos seis meses, ainda durante a faculdade, em um veículo impresso. O jornal é, para mim, a melhor escola de um jornalista. Mas hoje que eu estou na televisão voltei a me apaixonar por uma paixão antiga. Dizem que paixão antiga a gente nunca esquece, não é? Então, hoje eu estou apaixonado pela televisão.

De olho no Jornal: Para o senhor, o que é Jornalismo e o qual sua importância?
Rodrigo: Eu nunca gostei muito dessas definições como: o que é jornalismo. Prefiro dizer a importância do Jornalismo para a sociedade. Para mim, o jornalista tem alguns papéis que são essenciais para a vida democrática de qualquer país que são: intermediar o contato entre o poder público e a sociedade; servir de canal para a sociedade manifestar seus desejos, seus problemas, suas críticas; servir de fonte de cidadania e também servir de meio de fiscalização do poder público. Considero esses quatro pilares sagrados para o Jornalismo e estes fazem da profissão algo nobre, não mais nobre que as outras, mas tanto quanto outras. Jornalismo é também muito importante, diria essencial, para uma sociedade democrática, afinal, você pode ter um país e ter uma democracia sem médico, por exemplo, mas não pode ter uma democracia sem uma imprensa livre.

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