quarta-feira, 31 de agosto de 2011 | | 0 comentários

"25 anos de uma conquista" - parte 2


PS: a parte 1 da série de reportagens pode ser vista aqui.

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Frase

“As redes sociais estão fazendo as marcas se comunicarem de maneira mais humana, sem aquele oba-oba marquetês. O Twitter e o Facebook são o SAC exposto em praça pública. Não há nada pior do que um cliente mal atendido com o poder de disseminação da internet. Se o cliente gosta da marca, divulga com uma vontade enorme. Mas, se não está satisfeito, é capaz de um estrago absurdo. Esse pra mim é o grande fascínio da propaganda hoje, a rapidez do retorno, para o bem e para o mal.”
Marcello Serpa, sócio e diretor-geral de criação da AlmapBBDO, em entrevista à “Folha de S. Paulo” (para ler a íntegra, clique aqui – é preciso ter senha do jornal ou do UOL)

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“Test drive”


Não sei qual eu compro, estou em dúvida quanto à cor…

E aí Danilão?

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O futuro das cidades

Entrevista com o diretor de desenho urbano da Prefeitura de Nova York, Alexandros Washburn.

Folha - São Paulo pretende adensar as áreas centrais para aproximar as pessoas dos empregos e da infraestrutura que já existe. A cidade não vai se tornar desagradável, cheia de prédios altos?
Alexandros Washburn -
 Não é agradável caminhar pela Quinta avenida? Não há nada de errado com prédios altos. A questão é como esses prédios se encontram com a rua. Aqui você tem uma regra que diz que os prédios devem ser recuados. Mas aí o que você tem é rua fechada com muros e grades.

Folha - E como deve ser?
Washburn - O muro da rua tem que ser feito do tecido dos prédios, com lojas, janelas nos primeiros andares. Você tem que sentir que as extremidades da rua estão abertas para você. E que as pessoas estão olhando para você. É preciso projetar desde a linha de um prédio à do outro. Em vez de recuar o prédio cinco metros, construir direto na calçada. Deixa uns três metros livres na calçada. E aí põe uma árvore, depois a guia. E então decide: vou pôr uma ciclovia ou vou pôr os carros para estacionar aqui? Alguém precisa desenhar isso. Hoje, está por conta própria.

Folha - Nova York enfrentou resistência dos moradores para implementar a ciclovia do East Side?
Washburn - Tem havido um pouco de resistência. Mas isso é parte do processo de compreensão de como a mistura da via com as bicicletas funciona. Em minha perspectiva, o pedestre é o mais importante. Caminhar é a atividade mais importante na cidade. Tanto pelo lado cultural como pela sustentabilidade. Nova York tem muita sorte por lutar por ótimas ruas. Você conhece a música "Empire State of Mind", da Alicia Keys? É sobre caminhar em Nova York. Tem outra do Frank Sinatra. As ruas de Nova York são tão boas para andar que as pessoas escrevem músicas sobre isso.

Folha - O que torna a cidade "caminhável"?
Washburn - Entre os edifícios, há uma quantidade limitada de metros. Então é preciso decidir quantos metros para caminhar, quantos metros para árvores, quantos metros para bicicletas, para carros. Decidir que o pedestre é o foco é uma decisão política importante para a cidade. É por isso que Nova York é uma cidade vibrante. Caminhar na rua em Nova York é minha experiência favorita. O espaço público é muito importante para construir confiança entre as pessoas de todas as classes e etnias.

Folha - Como colocar o pedestre em primeiro lugar em uma cidade projetada para carros, como São Paulo?
Washburn - Cidades são projetos de longo prazo. Os carros estão em primeiro lugar há 50 anos. Agora é a vez do pedestre. É uma questão de equilíbrio, não de eliminação. Quando você toma a decisão de colocar o pedestre em primeiro lugar, você adota um ponto de vista. Você vê os problemas através dos olhos de um cidadão caminhando pela rua. Não são soluções mutuamente exclusivas. Por exemplo, como pedestre, é bom ter carros parados paralelamente à calçada. Eles formam uma barreira ao movimento da rua. Carros e pessoas podem andar juntos, mas a questão é perguntar primeiro ao pedestre.

Fonte: Vanessa Correa, “Caminhar é a atividade mais importante nas cidades”, Folha de S. Paulo, Poder, 29/8/11.

* Para ler a íntegra, clique aqui (é preciso ter senha do jornal ou do UOL).

***

Cerca de 2.500 pessoas se reuniram na praça Vinicius de Moraes, em frente ao palácio do governo do Estado, no Morumbi, para protestar no fim de semana contra a violência e clamar por segurança. Foi provavelmente o maior ato público (e talvez o primeiro) patrocinado pelos moradores dessa parte rica da cidade.

O Morumbi se consolidou como bairro nobre - ou bairro "mais esnobe" - de São Paulo entre o final de 1960 e o início de 1970. Foi para lá que correu uma certa elite, a "elite do Milagre", fugindo do convívio urbano e dos problemas da cidade.

Com seus palacetes escondidos atrás de muros altíssimos, fortalezas de morar, o bairro se desenhou como sintoma e reação à inviabilidade da vida civilizada em São Paulo. O sonho do exclusivismo, da ostentação e da segregação social tinha naquela arquitetura de novo-rico, ao mesmo tempo monumental e sombria, a sua materialização.

É até irônico que a primeira residência do bairro tenha sido a Casa de Vidro, projetada por Lina Bo Bardi no início dos anos 1950 - um marco da arquitetura moderna paulistana e da sua ambição de se integrar simbioticamente à natureza. A evolução do Morumbi pós-1970 tratou de moer essa pequena utopia privada e outras ilusões.

O fato é que o bairro também já deixou faz tempo de ser a ilha da fantasia do novo-riquismo paulistano. A cidade real, com suas tensões e mazelas, o engolfou em poucas décadas: o trânsito local é muito ruim, a região foi povoada por favelas, as ruas sinuosas onde se enfileiram mansões à venda parecem mais inóspitas do que pacatas.

Muito longe de estar entre os lugares mais violentos da cidade, o Morumbi também não está no topo dos mais seguros. Até julho, registrou mais roubos de carros e roubos em geral do que Pinheiros e Perdizes, para citar dois exemplos.

A ascensão e a decadência histórica do bairro - à luz daquilo que aspirava- não deixam de ser um retrato do progresso à paulistana.

Fonte: Fernando de Barros e Silva, “O grito do Morumbi”, Folha de S. Paulo, Opinião, 31/8/11, p. 2.

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"25 anos de uma conquista" - parte 1

Para quem pediu, para quem não viu, para quem quer rever, segue a primeira reportagem da série especial que preparamos na TV Jornal para comemorar o jubileu de prata do título de campeã paulista de 1986 da Internacional de Limeira, a primeira conquista de um time do interior:



* Mais detalhes sobre a série podem ser lidos aqui.

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"O decoro que falta"

Como até os azulejos de Athos Bulcão na Câmara dos Deputados já previam, foi absolvida ontem Jaqueline Roriz. Eleita no ano passado pelo PMN de Brasília, ela ganhou notoriedade em março último quando ficou conhecida uma gravação na qual aparece recebendo um maço de dinheiro.

Para salvá-la da cassação, a maioria dos deputados levou em conta que as imagens eram de 2006. Portanto, de antes do exercício de seu mandato.

Ao abraçar esse sofisma, a Câmara desce mais um degrau na escala de sua credibilidade. Embora tenha ocorrido em 2006, é verdade, o fato só ficou conhecido neste ano. São de agora os seus efeitos e o dano para a imagem do Poder Legislativo. E o pior de tudo: os eleitores de Jaqueline Roriz a escolheram sem ter acesso a essas imagens.

Pela lógica torta dos deputados pró-Jaqueline, nada deveria acontecer se a Câmara descobrisse hoje que um de seus integrantes cometeu há dez anos um assassinato ou crimes de pedofilia. Se foi no passado, tudo está perdoado.

Não é a primeira vez que o espírito de corpo prevalece no Congresso. Essa tem sido a praxe. Alguns ali argumentam até sobre a necessidade de transferir para o Supremo Tribunal Federal o poder de julgar processos como o de Jaqueline Roriz. Seria uma saída macunaímica. Um misto de preguiça, covardia e falta de responsabilidade.

A laborfobia dos deputados se expressa nos cerca de seis meses gastos na análise de imagens autoexplicativas. Daí para a falta de coragem é um pulo. Por fim, terceirizar o julgamento equivale a produzir uma crise política com data marcada. Na primeira cassação via STF o Congresso se insurgiria.

Qual é problema de um deputado votar para cassar um colega flagrado recebendo dinheiro? Nenhum. A não ser quando o próprio político teme ser o próximo réu. Nessas horas, o decoro que falta protege todo tipo de desvio.

Fonte: Fernando Rodrigues, "Folha de S. Paulo", Opinião, 31/8/11, p.2.

terça-feira, 30 de agosto de 2011 | | 0 comentários

Um carro

No estacionamento, fiquei em dúvida entre estes dois...


... aí escolhi o da esquerda...





... para fotografar e sonhar (porque fotografar e sonhar ainda não custam nada).

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Direto da Câmara Federal...

Frases retiradas de reportagem da Agência Câmara sobre o arquivamento do processo disciplinar contra a deputada Jaqueline Roriz (PMN-RJ). Ela foi absolvida com 265 votos contra a cassação e 166 a favor – 20 deputados se abstiveram (para ler mais, clique aqui):

“Não encontrei uma palavra sequer dizendo que o Plenário desta Casa possa julgar alguém por falta de decoro parlamentar antes de ser parlamentar. Se não há uma lei para julgarmos uma colega, não seremos nós que vamos inventar essa lei no dia de hoje.”
Vilson Covatti (PP-RS)

“Recentemente, o Supremo Tribunal Federal rejeitou a anterioridade da Lei da Ficha Limpa, mas, nesse caso específico, se ela perdesse o mandato, isso valeria para agora? Precisamos ter uniformidade jurídica nesse País.”
Dr. Carlos Alberto (PMN-RJ)

“Foi uma vitória de um voto que não foi assumido. Os partidos não orientaram a votação e os deputados se protegeram com o voto secreto.”
Chico Alencar (PSOL-RJ)

“Isso foi um escárnio, até porque o relatório do deputado Carlos Sampaio foi contundente e as provas, explícitas.”
Ivan Valente (PSOL-SP)

“A decisão de hoje mostra que a Câmara virou as costas para a opinião pública. O papel do Legislativo é defender seu eleitor e não agir com espírito de corpo. (...) O voto sigiloso é a matriz de uma indústria de impunidade na Câmara.”
Reguffe (PDT-DF)

“Ela fez um papel de vítima, mas as vítimas reais são as pessoas que precisam de políticas públicas e não têm porque o dinheiro foi parar na bolsa de alguém. A Câmara diz que não interessa o crime, mas quando ele se deu, e isso sim é um precedente perigoso.”
Erika Kokay (PT-DF)

“Por que o Conselho de Ética vota abertamente e nós votamos de forma secreta? Temos o manto do voto secreto para absolver um deputado depois de todos os fatos analisados pelo conselho?”
Vanderlei Macris (PSDB-SP)

“Isso é muito ruim, o caso é grave e tinha materialidade. Cassando ou não cassando, a imagem da Câmara sempre será afetada.”
Lincoln Portela (PR-MG)

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Ainda a saga santista

Um passeio por Santos (já iniciado neste blog), no litoral sul de São Paulo, não pode ser completo sem o mar. Ah, mas antes uma passada pelo porto:




Agora sim, o Oceano Atlântico:









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O desafio da educação de qualidade

Poderia até funcionar como propaganda do ProUni brasileiro: em 20 anos, o número de estudantes universitários multiplicou-se por cinco, passando de 200 mil a 1 milhão. Melhor ainda: 70% dos universitários de hoje são filhos de pais que jamais tiveram acesso à universidade.

Mas não estamos falando do Brasil e, sim, do Chile. Aliás, os estudantes chilenos de 15 anos ficaram no primeiro lugar na América Latina, no mais recente exame internacional comparativo, o Pisa, conforme lembrou ontem, em "El País", o colunista Andrés Oppenheimer.

Esses números indicam que são ingratos os estudantes chilenos, que não saem das ruas há meses, reclamando educação pública gratuita e de qualidade? Não. Indicam duas coisas, a saber:

1 - O chileno, ao contrário do acomodado brasileiro, é um bicho afeito à mobilização desde sempre.

2 - O sistema educacional chileno nem é público nem é gratuito nem é de qualidade.

O Chile, como o Brasil, resolveu o problema da quantidade (conseguiu universalizar o acesso ao ensino básico), mas não o da qualidade: 40% dos alunos deixam o ensino fundamental sem entender o que leem (como no Brasil).

Vale o mesmo raciocínio para a universidade. No modelo chileno, o Estado praticamente afastou-se do ensino superior, limitando-se a financiar as escolas privadas para que aceitem o maior número possível de alunos. 

Em consequência, a metade praticamente dos jovens em idade universitária está na escola superior, índice melhor do que o de quase todos os vizinhos.
Mas a legislação é frouxa no que tange ao controle da qualidade do ensino (como no Brasil).

Pior: o custo é o mais elevado da América Latina, o triplo do italiano, 19 vezes maior do que o francês, conforme os dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o que levou o endividamento (do estudante e de sua família, avalista do débito durante a graduação) a um ponto insuportável e empurrou a moçada para a rua.

Em um país em que o salário médio (não o mínimo) equivale a R$ 1.755, os jovens desembolsam entre R$ 580 e R$ 1.370 mensais conforme o curso escolhido. 

Consequência inescapável: 70% dos estudantes estão endividados e 65% dos mais pobres interrompem os estudos sufocados por problemas financeiros insuperáveis.

Os custos levam ainda à reprodução, no acesso à universidade, da desigualdade que existe no conjunto da sociedade (como no Brasil, aliás): entre os 10% mais pobres, só 16% conseguem chegar ao ensino superior, ao passo que, nos 10% mais ricos, a taxa é de 61%.

Tudo somado, fica evidente que a América Latina tem um nó formidável na educação, posto que há deficiências colossais nos dois modelos (o público gratuito do Brasil, complementado por proliferação descontrolada do ensino privado, e a escola privada financiada pelo Estado, como no Chile, também com setor estritamente privado igualmente sem controle de qualidade).

O que surpreende, pois, não é que os jovens chilenos ganhem a rua, mas que os brasileiros só o façam para reivindicar meia entrada.

Fonte: Clóvis Rossi, “Chile e Brasil, dois fracassos”, Folha de S. Paulo, Mundo, 30/8/11.

domingo, 28 de agosto de 2011 | | 2 comentários

Especial "25 anos de uma conquista"

A partir desta segunda-feira, 28/8, o programa "A Hora Informação Verdade" (17h45-19h30, na TV Jornal) começa a exibir a série de reportagens "25 anos de uma conquista", sobre o título paulista da Internacional, conquistado em 1986.

A equipe da TV Jornal viajou mais de 1.300 quilômetros pelo Estado de São Paulo para ouvir alguns personagens desta história. Fomos até Ourinhos, na divisa com o Paraná, falar com o goleiro Silas; também fomos até Santos, no litoral paulista, ouvir o técnico Pepe.


Na capital, entrevistamos o goleiro do Palmeiras, Martorelli, e visitamos os arquivos da Federação Paulista de Futebol.




Em Limeira, entrevistamos o atacante Tato - autor de um dos gols da histórica final - e o massagista Bolão. Também buscamos imagens raras da comemoração do título em Limeira, cedidos pelo cinegrafista Emiliano Bernardo. E procuramos a taça daquele campeonato - afinal, onde ela está?


A série traz histórias curiosas e polêmicas. Silas conta o que fez com a camisa usada na decisão. Tato fala qual foi a última frase ouvida antes da equipe subir a campo. Martorelli questiona a isenção da arbitragem nos dois jogos da final. E Bolão fala sobre a possível existência de "mala preta" (compra de resultados) naquele campeonato.


A série está bem legal, seja como registro histórico, seja como homenagem. Não perca!

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Frase

"O que acontece na vida é bem mais surreal do que qualquer escritor poderia imaginar."
Leonardo DiCaprio, ator norte-americano, em entrevista ao jornal "Folha de S. Paulo" (leia a íntegra aqui - é preciso ter senha do jornal ou do UOL)

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Um passeio por Santos

No último sábado, dei uma "esticada" até Santos, no litoral sul de São Paulo, para gravar uma entrevista para uma série de reportagens que a TV Jornal começa a exibir a partir de segunda-feira, 28/8, no programa "A Hora Informação Verdade". 

A velha cidade está cada vez mais bonita. Sem contar o clima praiano, agradável em todos os sentidos.










PS: o mar, o porto, o mercado de peixes, tudo isto merecerá postagens exclusivas. Sim, Santos merece. Aliás, a cidade litorânea já foi destaque aqui neste blog e no Piscitas Travel & Fun (leia aqui).

quinta-feira, 25 de agosto de 2011 | | 0 comentários

Na estrada (ou sobre a vida)

“I wasn´t scared; I was just somebody else, some stranger, and my whole life was a haunted life, the life of a ghost. I was halfway across America, at the dividing line between the East of my youth and the West of my future, and maybe that´s why it happened right there and then, that strange red afternoon.”
Jack Kerouac, “On the Road”, p. 18.

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Destino

Cidades que eu adoro, cosmopolitanas como elas só, onde um dia eu vou morar:



* A primeira foto, de Nova York, é de autoria do jornalista Flávio Fachel, correspondente da TV Globo nos EUA; a segunda, de Londres, foi retirada do blog Londres para Principiantes

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Frase

“(...) O colunismo se tornou epidêmico na imprensa onde o modelo de negócio fez encolher os jornais e a opinião custa mais barato do que a reportagem.”
Lúcia Guimarães, em seu blog (“Férias para o Francis”, 2/11/08)


terça-feira, 23 de agosto de 2011 | | 0 comentários

Marcha para o oeste paulista

Recentemente, fiz uma aventura para produzir uma reportagem para o programa "A Hora Informação Verdade", transmitido de segunda a sexta, das 17h45 às 19h30, pela TV Jornal. Cruzei 700 quilômetros em um único dia, de Limeira à divisa de São Paulo com o Paraná. Os registros da viagem estão nas fotos a seguir. São imagens da paisagem ao redor da estrada, das pequenas cidades e dos rios que cruzaram meu caminho.

A estrada:



As cidades - Espírito Santo do Turvo e Ourinhos:





As paisagens:






Os rios - Tietê e Pardo:





Ah, antes que eu me esqueça, os pedágios:


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“O grafite, filho bastardo da liberdade e do caos”

Quatro décadas atrás, um adolescente de 17 anos se tornou o rei das ruas de Nova York. O epíteto veio depois de ele deixar sua assinatura, TAKI 183, pelos muros cidade afora.
 
Em entrevista ao "New York Times" publicada em 21 de julho de 1971, ele disse agir por vontade própria, não para impressionar as garotas, "que parecem não se importar". O perfil do jovem marcava a estreia na grande imprensa da rubrica "grafite", arte até ali marginal que apagava os limites entre os espaços público e privado. 

As transformações desse movimento artístico ilegal ganharam o ambicioso volume "The History of American Graffiti" (história do grafite americano) [Harper Design, 400 págs., R$ 89,30], em que os autores Roger Gastman e Caleb Neelon condensam uma pesquisa que incluiu mais de 500 entrevistas para retraçar a trajetória do grafite nos EUA. Nova York, o epicentro evolutivo do movimento, é o fio condutor da narrativa, que percorre 25 Estados. 

O lançamento é oportuno. Apesar de ter cada vez mais praticantes nos EUA, mesmo em localidades pequenas, as autoridades continuam a tratar os artistas do grafite como vândalos. 
"Governos são péssimos no que se refere a entender e encorajar a arte pública", diz Neelon à Folha. "O grafite permanece controverso porque há uma dificuldade em conceber algo fora do padrão: a noção de arte de rua se restringe a estátuas de ilustres e figuras abstratas pouco expressivas." 

Fonte: Francisco Quinteiro Pires, “Renascença no gueto”, Folha de S. Paulo, Ilustríssima, 21/8/11. Para ler a íntegra, clique aqui (é preciso ter senha do jornal ou do UOL)


* Para ver a reportagem que eu produzi para o programa "A Hora Informação Verdade" sobre a arte do grafite em Limeira, clique aqui.

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Frase

"A liberdade não é um conforto, mas um feitio do jornalista. Quem tem direito a uma imprensa livre é a sociedade."
Eugênio Bucci, jornalista e professor da Universidade de São Paulo, na 6ª Conferência Legislativa sobre Liberdade de Expressão, na Câmara dos Deputados (leia mais aqui)

segunda-feira, 22 de agosto de 2011 | | 0 comentários

Flagrante paulistano 1

São Paulo também sabe ser brega & chique:




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Jornalismo e violência (modos de escrever)

(...) Para o jornalista, escritor e dramaturgo Juan Villoro, 55, outro desafio jornalístico do momento é discutir como e em que linguagem a violência deve ser tratada na imprensa escrita e na internet. 

Professor de literatura na Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), Villoro colabora com várias revistas, como a peruana "Etiqueta Negra" e a colombiano-mexicana "Gatopardo", e é colunista dos jornais "Reforma" (México), "El Mercurio" (Chile) e "El Periódico de Catalunya" (Espanha), além de escrever esporadicamente para "El País". 

Ficcionista premiado, conquistou o prestigioso Herralde, por "El Testigo" (2004). Também escreve literatura infantil e teatro. Até o final do ano, a Companhia das Letras deve lançar sua primeira obra no Brasil, "O Livro Selvagem". (...)

Folha - Você diz que o jornalismo está fazendo muitas concessões à violência. De que modo? 
Juan Villoro - No México há uma grande discussão sobre como retratar a violência do narcotráfico, mas acho que ela se aplica a vários países, como a Colômbia e o Brasil, por causa do narcotráfico e do crime organizado, e até mesmo a Londres, para usar um exemplo mais recente. É inevitável que, ao publicarmos notícias e fotos, amplifiquemos o efeito de um ato violento. Penso que há limites que deveriam ser discutidos, sob risco de fazermos mais propaganda da violência e alimentá-la. E o uso da linguagem tem um papel importante nisso. Por exemplo, em meu país, quando os traficantes dizem que sequestraram alguém, usam o termo "levantado". E os jornais passaram a fazer o mesmo. É um erro, porque se trata de uma expressão que ameniza o horror do fato. Por outro lado, há uma busca pela audiência, hoje potencializada pela internet, que faz com que tudo o que tenha sangue seja valorizado. A máxima "if it bleeds, it leads" [se sangra, tem destaque] nunca foi tão verdadeira. O que muitos editores não se dão conta é que, se você busca ressaltar apenas o mais sangrento, corre o risco de provocar uma distorção da verdade, na qual os acontecimentos mais importantes são os violentos. Na verdade, a violência é sempre consequência de alguma coisa, parte de um contexto que precisa ser explicado. 

Folha - Você diz que a internet está fazendo com que o jornalismo fique cada vez mais homogêneo. Por quê? 
Villoro - O que constato observando a imprensa europeia, norte-americana e latino-americana é que, mais do que nunca, para os veículos, parece ser necessário publicar aquilo que todos publicam. O acesso quase geral a informações homogêneas curiosamente criou um pânico de sair do homogêneo. Há um medo generalizado. Os jornalistas não podem se conformar com a ideia de que algo que está na capa de sete jornais não esteja na capa do seu. Então a reação é ir atrás do mesmo. Trata-se de um impulso de sobrevivência. 

Folha - Isso é bom ou ruim?
Villoro - Em certo sentido, é bom, porque é mais fácil que todos fiquem bem informados sobre acontecimentos de alcance mais global. Mas a fortaleza do jornalismo não está aí, e sim no oposto disso. O jornalismo pode fazer coisas únicas, tanto no papel como em formato digital, basta que haja investimento. É preciso valorizar a narração de histórias, pois elas dão sentido ao mundo. Creio que, nesse momento de confusão e transição, é preciso recobrar a confiança nos recursos do próprio jornalismo. 

Folha - Pode dar um exemplo?
Villoro - É possível aproveitar essa onda de mudanças num sentido positivo. Se é mais fácil hoje obter as notícias que todo mundo tem, por que não usamos menos gente nisso, aproveitando mais o material de agências internacionais? Se economizarmos no comum, é possível fazer com que a orquestra funcione quase sozinha e investir nos solistas, naqueles jornalistas que farão a diferença por sua capacidade de encontrar bons assuntos e narrá-los bem. Por um lado, é um jornalismo mais caro, gasta-se com a contratação de bons profissionais, tempo, viagens. Mas pense que se poderia economizar em outras coisas. 

Folha - Por isso a sua defesa da crônica?
Villoro - Sim. Quando surgiu a fotografia, a pintura recobrou recursos que a diferenciavam dela. O mesmo se passa com o jornalismo diante das novas tecnologias. E a crônica é o melhor recurso que o jornalismo tem para enfrentar esses novos tempos. É a mescla da informação com a emoção, do mundo objetivo, público, com o mundo privado ou íntimo. Por meio dela, ao mesmo tempo pode-se descrever a notícia que afeta uma comunidade e entender sua repercussão individual. E, a partir disso, analisar por que essa notícia transforma a vida de certas pessoas. Interessa-me defender a crônica do cotidiano, situações, cenas mínimas, um jornalismo colorido que não é o mais urgente nem o mais necessário, mas que sempre permitiu que o jornalismo prosperasse, desde os tempos de Machado de Assis ou Nelson Rodrigues, exemplos brasileiros que adoro. Mas, apesar disso, as revistas de crônica, que estão na moda na América Latina, como a "Etiqueta Negra" ou a "Gatopardo", sempre amargam dificuldades financeiras. Sim, é uma situação complexa. A crônica tem muito prestígio cultural. Se você perguntar a um ministro da Cultura, a um empresário ou a um leitor comum se eles gostam de crônica, vão dizer que sim, porque ela evoca o humano, o real. E ninguém vai se dizer contra isso. É diferente com relação ao teatro ou à música clássica, que têm públicos mais definidos. No entanto, todas as revistas que se dedicam a crônicas têm dificuldades para subsistir. É muito difícil que paguem bem aos cronistas. Muitas, quando pagam, é de forma simbólica e heroica. Além de não terem verba para te mandarem viajar ou para facilitar que você apure a informação. Outro dia, eu estava olhando o índice de um livro meu, de crônicas. Notei que 80% delas tinham saído em veículos que não existem mais. São publicações efêmeras, suicidas. Nós, cronistas, temos prestígio, mas a nossa transcendência não é tão grande. A saída é escrever muito, para muitos veículos, e escrever livros que tenham potencial de venda, como no meu caso, que faço livros infantis. Eu posso viver do meu trabalho, mas para isso trabalho o tempo todo. Mas acho que, se me dessem as condições da "New Yorker", eu me sentiria conformado e não faria o mesmo tipo de trabalho. Os cronistas têm certa dose de masoquismo funcional, o que nos machuca nos fortalece (risos). 

Fonte: Sylvia Colombo, “Para além da tragédia”, Folha de S. Paulo, Ilustríssima, 21/8/11, p. 3. Para ler na íntegra, clique aqui (é preciso ter senha do jornal ou do UOL).