terça-feira, 24 de fevereiro de 2015 | |

Esporte: um negócio em questão

Usar o esporte como fonte de lucro e, ao mesmo tempo, impedir a necessária divulgação daqueles que ajudam a manter a atividade não parece uma boa equação.

Pois é o que ocorre no Brasil há tempos, em várias modalidades. O caso mais recente e flagrante envolveu a transmissão de uma partida do Red Bull Brasil, clube-empresa criado em 2007 que chegou à primeira divisão do futebol paulista este ano.

Para não citar o nome do patrocinador (que, neste caso, mais que patrocinador é o nome OFICIAL do time), a TV Globo alterou até o logotipo do clube em suas transmissões.

A situação não é nova. Envolve, por exemplo, as novas arenas esportivas do país, cujos “naming rights” (os nomes comerciais adquiridos por patrocinadores) são rigorosamente apagados de jornais, revistas, TVs e sites.

No basquete, há tempos os times ganharam apenas o nome das cidades onde atuam. Assim, a Winner Limeira (nome de um patrocinador, mas também nome fantasia OFICIAL da equipe desde sua fundação) é chamada apenas de Limeira.

E assim ocorre com Bauru, São José dos Campos, Rio Claro...

Mas não com Flamengo – que não é chamado de Rio de Janeiro. Tampouco o Paulistano ou o Pinheiros são chamados de São Paulo.

Aliás, por que nas transmissões de Fórmula-1, por exemplo, a tradicional Ferrari (nome de uma marca de automóveis) não vira “Itália”?

Não defendo que os times sejam chamados com nomes de todos os patrocinadores, mas que recebam a nomenclatura que considerarem oficial. O Reb Bull Brasil não é o “time X” que ganhou o nome de um patrocinador; ele nasceu como Red Bull. É o Red Bull.

Por mais que se possa alegar que a emissora nada ganha com o merchandising alheio, não se pode esquecer que ela só paga pelos direitos de transmissão dos esportes em geral porque estes conferem audiência e lucro. Do contrário, não estariam na grade de programação.

Para que este negócio seja sustentável, porém, há que se permitir que meios de angariar patrocínio (e a divulgação na mídia é um dos principais) vinguem. Clubes rentáveis são um passo importante para campeonatos melhores. Neste sentido, esconder os nomes-fantasia não parece ser uma forma de contribuir com o esporte.

Uma última questão: por que os clubes se rendem a contratos “leoninos” em troca de algumas migalhas se, quando podem efetivamente faturar algo mais com as transmissões de TV, são impedidos inclusive de colocar placas de publicidade em seus ginásios, como ocorre na Liga Nacional de Basquete?

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