quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015 | | 0 comentários

De volta para o futuro (que virou presente)

Quem viveu os empolgantes anos 1980 certamente vibrou com as aventuras de Marty McFly e dr. Emmet Brown em "De volta para o futuro", principalmente o episódio no qual os personagens de Michael J. Fox e Christopher Lloyd vão parar no futuro.

Quem nunca quis ter, por exemplo, aquele skate voador usado por McFly?

E qual era o futuro retratado no filme, afinal? 2015!

Se você, assim como eu, ficou curioso em saber se alguma invenção pensada no filme virou realidade, basta acessar aqui.

* Leia também (acrescentado em 2/3):

- Uma cômica viagem aos anos 80

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Cunha ou Dilma: a culpa é de quem?

Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o novo presidente da Câmara dos Deputados, foi criticado pela esquerda por suas posições conservadoras (o que é verdade). O peemedebista já adiantou que jamais colocará em votação projetos que descriminalizam o aborto ou que tratem da união civil de pessoas do mesmo sexo - temas delicados da chamada pauta progressista.

As críticas surgiram como uma avalanche - com razão, embora escondam muito mais um desconforto político (mesmo pertencendo a um partido aliado, Cunha é identificado como inimigo número um da presidente Dilma Rousseff) do que propriamente questões de mérito. Ao menos no que diz respeito aos eleitores dilmistas.

Afinal, a pauta progressista poderia ter avançado em outros momentos no Congresso durante os mais de 12 anos de governo petista, e nenhum esforço foi feito neste sentido, nem pelo ex-presidente Lula, nem por Dilma. A atual presidente, aliás, manifestou com todas as letras, tanto na campanha de 2010 quanto na da reeleição, no ano passado, que não mexeria na legislação sobre o aborto.

São de uma carta dirigida ao povo brasileiro pela então candidata Dilma em 2010 as seguintes palavras (repetidas em 2014):

Sou pessoalmente contra o aborto e defendo a manutenção da legislação atual sobre o assunto; 
Eleita presidente da República, não tomarei a iniciativa de propor alterações de pontos que tratem da legislação do aborto e de outros temas concernentes à família e à livre expressão de qualquer religião no País.
Portanto, atirar apenas contra Cunha a responsabilidade pelas pautas progressistas não avançarem soa como crítica de ocasião - que, repito, guarda na verdade um fundo muito mais político do que ideológico. 

Afinal, a mesma esquerda que agora critica o presidente da Câmara é a que votou numa candidata que manifestadamente se apresentou contra alteração nas leis vigentes (ou seja, contra itens da chamada pauta progressista).
Só não vê quem não quer!

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A caminho de cidades inteligentes

Durante o EBIF (Ericsson Business Innovation Forum) realizado em novembro em Estocolmo, capital da Suécia, o chefe de pesquisa do ConsumerLab da Ericsson, Michael Björn, apresentou um estudo feito em setembro de 2014 com 9.030 usuários de smartphones de 15 a 69 anos em nove cidades – Pequim (China), Nova Délhi (Índia), Londres (Inglaterra), Nova York (EUA), Estocolmo, Paris (França), Roma (Itália), São Paulo e Tóquio (Japão), representando 61 milhões de pessoas.

O objetivo foi saber quanto os cidadãos gostariam que suas cidades fossem mais inteligentes diante de tecnologias já disponíveis.

Eis alguns resultados:

- 76% gostariam que sensores em espaços públicos avisassem via smartphone quais áreas estão saturadas de veículos para evitá-las (em São Paulo o índice é de 77%);

- 70% gostariam de ter um aplicativo que comparasse o seu consumo de energia com o do vizinho (74% em SP);

- 66% queriam ter um aplicativo que informasse a qualidade da água em tempo real (81% em SP).

“Quanto mais informados, melhores decisões pode-se tomar”, diz Björn. A ideia é que quando os cidadãos usam a Internet para se informar e tomar decisões mais inteligentes, as cidades se tornam mais inteligentes também.

  
O estudo mostrou que há anseios distintos conforme o nível desenvolvimento. “Délhi, Pequim e São Paulo têm os maiores índices de predileção de utilização dos conceitos apresentados, enquanto Paris, Londres e Estocolmo estão em níveis significativamente mais baixos. Por exemplo: só 41% em Estocolmo - conhecida pela grande qualidade da sua água - acham o checador de qualidade da água útil comparando com 92% em Nova Délhi", cita Björn.


A pesquisa apontou outros “desejos” dos usuários:

- 48% usariam um aplicativo que fosse um sensor de postura corporal;

- 29% usariam um identificador biométrico para acessar espaços públicos;

- 74% gostariam de conta com mecanismos de interação entre a rua e o carro/bicicleta.


Um bom exemplo de ferramenta que ajuda o cidadão e torna as cidades mais inteligentes - e que foi citado no EBIF - é o Waze. Trata-se de um aplicativo de smartphone que indica as condições do tráfego em tempo real, aponta os melhores caminhos e as ocorrências no trânsito (como radares e acidentes). Detalhe: ele é abastecido de informações pelos próprios usuários e virou ferramenta essencial em metrópoles como São Paulo.


Ainda conforme o estudo, os usuários manifestaram que a informação gerada por eles via aplicativos deve ficar sob tutela das autoridades. Segundo o estudo, tráfego e formas de comunicação com as autoridades são as maiores demandas.

O ConsumerLab existe há 20 anos e estuda comportamento e os valores do consumidor.

* Leia também:

- No EBIF, o retrato de uma revolução

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015 | | 0 comentários

Jornalismo: o "outro lado" realmente existe?

Nos anos em que trabalhei como editor-chefe de um jornal diário no interior de São Paulo, uma questão costumeiramente me incomodava (embora, eu admita, tenha sido na maioria das vezes uma luta perdida): o mero formalismo do “outro lado”.

Era comum deparar com denúncias ou reclamações em que o repórter trazia apenas o registro de alguém se queixando e a posição do alvo da queixa (via de regra o poder público). Mais que isto, muitos textos eram feitos na condicional. “O mato estaria...”, “a empresa teria feito...”.

Ora, eu perguntava: você, repórter, foi ao local, apurou, investigou, qual a conclusão? O que de fato houve? É dever do jornalista procurar as respostas e oferecê-las ao leitor. Se há um buraco na rua, há um buraco na rua e ponto. Se foi causado pela chuva, foi causado pela chuva. Se a prefeitura há dez dias foi acionada e nada fez, é preciso dizer que há dez dias foi acionada e nada fez.

Apuração, investigação – regras básicas do jornalismo.

Nos textos, porém, apareciam apenas moradores reclamando e o outro lado rebatendo. Em geral, posições opostas.

Travava-se um diálogo interno e silencioso. “Eu, jornalista, fiz minha parte, ouvi os dois lados. Você, leitor, tire a conclusão”. Estava em tese cumprido o “dever” – meramente formal – de ouvir o outro lado.

Como assim?, eu perguntava. O leitor não deve ser obrigado a fazer investigações por conta própria. Ele paga um jornal para ter as respostas, não dúvidas.

O problema não era exclusividade do meu antigo jornal. Recentemente, ao ler a coluna da ombudsman da “Folha de S. Paulo”, Vera Guimarães Martins, deparei-me com um questionamento semelhante:

(...) A toada dos dois lados sugeria mais uma DR (discussão de relacionamento) entre compadres magoados do que o debate de um problema urgente (...). O jornal, de seu lado, relegou o assunto a um texto acanhado, que resumia os argumentos dos atores envolvidos, sem informar suas atribuições e responsabilidades. 

Nenhuma resposta a questões óbvias, daquelas que passam imediatamente pela cabeça do leitor (...). 

Vale ressaltar que matérias que pecam pelo mero registro mecânico do discurso dos entrevistados ou pela falta de contestação de afirmações questionáveis não são exceção à regra nem problema de uma só editoria, embora os exemplos hoje comentados sejam do mesmo caderno. Suspeito que o problema seja fruto de uma leitura apressada da determinação de ouvir todos os lados e deixar que o leitor tire suas próprias conclusões. A prescrição é correta, mas cabe ao jornal desenhar bem o cenário para que ele possa fazer isso. Rascunho é pouco. 

Está aí uma discussão importante e necessária. Alguém se arrisca?

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Há um novo telejornalismo no ar?

Em tempos de mídias sociais, o jornalismo abre cada vez mais espaço para o entretenimento. Arrisca-se ao ultrapassar uma fronteira tênue – e perigosa. Há casos em que o show tem prevalecido em detrimento da informação.

A Igreja Universal do Reino de Deus, não é de hoje, usa a concessão da TV Record conseguida em nome de seu líder, o bispo Edir Macedo, para fazer proselitismo religioso e atender interesses políticos. Caso recente ocorreu no programa “Domingo Espetacular”, que “exibiu uma longa reportagem (26 minutos) sobre viciados em crack com o objetivo, na verdade, de divulgar o trabalho de um bispo da igreja junto a pessoas com este problema”, conta Mauricio Stycer em coluna na “Folha de S. Paulo”.

Na mesma coluna, Stycer cita as manifestações do âncora e editor-chefe do “Jornal Nacional”, da TV Globo, William Bonner, em redes sociais. “Talvez chame um pouco mais atenção pelo fato de se tratar de um jornalista, de quem se espera uma postura mais recatada, e não de um artista”.

Segundo o crítico de TV, a “questão é que esta fronteira está cada vez mais borrada”. “No caso de alguns jornalistas da Globo, parece haver um incentivo da própria emissora no sentido de que os profissionais adotem uma postura mais ‘humana’, mais ‘gente como a gente’”, observa.

Não sei se é uma política da emissora, mas é fato que muitos jornalísticos – da Globo e de outros canais - têm ganhado uma postura cada vez mais popularesca. Na linguagem inclusive. Em reportagens, é comum ouvir “a gasolina ‘tá’ cara” no lugar de “está”. Trata-se de uma concessão à linguagem falada, em confronto com a gramática formal. Mais que concessão, uma escolha.

Também é comum ver apresentadores de telejornais, antes restritos ao formalismo (talvez excessivo, é verdade) das bancadas, aderir a um jeito despojado de chamar as notícias. Adotam até um tom estridente, como se estivessem fazendo animação de auditório. “O jornal fica por aqui, a gente volta amanhã, um beijo pra vocês e juízo hein!” – ouvi dia desses.

Repito: num mundo cada vez mais sem fronteiras em razão das mídias sociais, talvez seja mesmo a hora de rever o formalismo dos telejornais (e do jornalismo em geral). Contudo, há que se questionar se a popularização é o melhor caminho.

Um texto, mesmo na TV, continua sendo um texto e tem regras, disse um colega jornalista dia desses.

Veja: não estou dizendo que o novo caminho é certo ou errado, melhor ou pior, apenas que é diferente. Concessões são sempre um risco, abrem espaço para o limiar do entretenimento, do show, da celebrização, que não deveriam se misturar com a tarefa de informar.

Mas e se funciona?

Aí a questão é: para quem? Por qual objetivo? Audiência meramente?

São apenas perguntas (provavelmente ainda sem respostas) para questões que atormentam.

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Trabalhando...

Tirar uma soneca à tarde faz bem para a saúde:


Santos e Lusa voltam a se enfrentar no Pacaembu:

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Esporte: um negócio em questão

Usar o esporte como fonte de lucro e, ao mesmo tempo, impedir a necessária divulgação daqueles que ajudam a manter a atividade não parece uma boa equação.

Pois é o que ocorre no Brasil há tempos, em várias modalidades. O caso mais recente e flagrante envolveu a transmissão de uma partida do Red Bull Brasil, clube-empresa criado em 2007 que chegou à primeira divisão do futebol paulista este ano.

Para não citar o nome do patrocinador (que, neste caso, mais que patrocinador é o nome OFICIAL do time), a TV Globo alterou até o logotipo do clube em suas transmissões.

A situação não é nova. Envolve, por exemplo, as novas arenas esportivas do país, cujos “naming rights” (os nomes comerciais adquiridos por patrocinadores) são rigorosamente apagados de jornais, revistas, TVs e sites.

No basquete, há tempos os times ganharam apenas o nome das cidades onde atuam. Assim, a Winner Limeira (nome de um patrocinador, mas também nome fantasia OFICIAL da equipe desde sua fundação) é chamada apenas de Limeira.

E assim ocorre com Bauru, São José dos Campos, Rio Claro...

Mas não com Flamengo – que não é chamado de Rio de Janeiro. Tampouco o Paulistano ou o Pinheiros são chamados de São Paulo.

Aliás, por que nas transmissões de Fórmula-1, por exemplo, a tradicional Ferrari (nome de uma marca de automóveis) não vira “Itália”?

Não defendo que os times sejam chamados com nomes de todos os patrocinadores, mas que recebam a nomenclatura que considerarem oficial. O Reb Bull Brasil não é o “time X” que ganhou o nome de um patrocinador; ele nasceu como Red Bull. É o Red Bull.

Por mais que se possa alegar que a emissora nada ganha com o merchandising alheio, não se pode esquecer que ela só paga pelos direitos de transmissão dos esportes em geral porque estes conferem audiência e lucro. Do contrário, não estariam na grade de programação.

Para que este negócio seja sustentável, porém, há que se permitir que meios de angariar patrocínio (e a divulgação na mídia é um dos principais) vinguem. Clubes rentáveis são um passo importante para campeonatos melhores. Neste sentido, esconder os nomes-fantasia não parece ser uma forma de contribuir com o esporte.

Uma última questão: por que os clubes se rendem a contratos “leoninos” em troca de algumas migalhas se, quando podem efetivamente faturar algo mais com as transmissões de TV, são impedidos inclusive de colocar placas de publicidade em seus ginásios, como ocorre na Liga Nacional de Basquete?

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Triste diagnóstico

(...) Os estelionatos dos governos federal e paulista, além da corrupção ciclópica, causam escárnio, cinismo ou nojo deprimido entre elites diversas, petistas, tucanas, neutras ou indiferentes a partidos. Mas nada sabemos como o grosso do povo ou os centros nervosos e neuróticos do país (como São Paulo) vão reagir à primeira crise socioeconômica duradoura dos anos petistas, de resto simultânea a um pico alto de desfaçatez dos governantes e à degradação íntima da vida cotidiana.

(...) Nem sabemos o que fazer da provável revolta, maior ou menor. Não temos Syriza, Podemos ou mesmo neofascistas, alternativas europeias que brotaram de uma crise que ainda não vivemos. Afora PT e PSDB, em putrefação, há PMDBs e nenhum movimento social ou político grande ou em formação para captar e dar forma à onda de indignações.

Fonte: Vinicius Torres Freire, “Nojo grande, política pequena”, Folha de S. Paulo, Mercado, 1/2/15.

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No EBIF, o retrato de uma revolução

Tive a oportunidade de participar em novembro do EBIF 2014 (Ericsson Business Innovation Forum), o tradicional fórum de inovação promovido pela empresa sueca em sua sede em Estocolmo. Foram três dias de debates (eu participei de apenas um), tendo como tema central as transformações do amanhã.


A seguir, apresento algumas informações que considero relevantes. Muitos dados até são óbvios diante da realidade que nos cerca, mas vistos de modo cru dão a real dimensão dos fenômenos que vivenciamos nos últimos anos.

Por exemplo: segundo Eva Hamilton, da TV pública sueca, 48% das crianças de 2 anos no país acessam a Internet. Aos 5 anos, elas passam ao menos três horas por dia conectadas. Em tempo: 95% dos suecos têm acesso à Internet.

Só para se ter uma ideia da invasão das redes sociais no nosso cotidiano, proporcionada pelas novas tecnologias móveis, no YouTube são postadas cem horas de vídeos por minuto.




Em 2013, 40% do tráfego móvel eram para vídeos; mais de 10% eram para redes sociais. Quatro em cada dez usuários postaram via celular vídeos no YouTube; 66% dos adultos dizem ter um perfil em rede social; 60% visitam redes sociais mais de uma vez por dia.

Só para registrar: 40% do tráfego digital mundial passam por redes suportadas pela Ericsson.

A conectividade cresceu assustadoramente no mundo na última década. Prevê-se que 9,1 bilhões de assinaturas ativas de celular existirão em 2019.



A GoPro, por exemplo, já é vista não só como uma empresa de hardware, mas também de mídia.

A mídia digital deve contribuir com US$ 4,2 trilhões para o PIB do G-20 (o grupo dos 20 países mais ricos) em 2016. O crescimento anual da indústria de mídia supera o registrado na União Europeia.

O número de usuários de Internet deve saltar de dois bilhões para cinco bilhões até o fim da década. Eles gastam de 20% a 30% do tempo online – ou seja, um terço do dia.

Importante: na Europa, mídia livre é frequentemente considerada parte da - e um pré-requisito para - democracia e qualidade de vida.



* Leia mais sobre a viagem à Suécia no blog Piscitas - travel & fun.

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Frase

“São Paulo, você descobre, é sobre estar profundamente acordado.”
João Paulo Cuenca, escritor, em artigo para a “Folha de S. Paulo”

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015 | | 0 comentários

A lei de mídia argentina: enfrentar ou não enfrentar o problema?

escrevi neste blog sobre a conveniência de discutir uma lei de mídia no Brasil, a rigor do que especifica a Constituição (e sem paixões partidárias ou ideológicas – para deixar claro, não é a “imprensa golpista” que investiga as denúncias da Operação Lava Jato, tampouco manda prender ou soltar; é a Polícia Federal do governo do PT, o Ministério Público e a Justiça Federal a partir de delações de executivos – convenhamos que ninguém aceitaria se incriminar em troca de redução de pena se de fato não tivesse cometido crime).

Feita a ressalva, queria tomar por base a sempre citada lei de mídia da Argentina, sancionada e promulgada em 10 de outubro de 2009. Pelo que tenho lido, o projeto em discussão no Brasil, ainda no forno, traz uma diferença substancial em relação ao que se aprovou no país vizinho.

Aqui, talvez para facilitar a discussão e tramitação da proposta, defensores da lei dizem que não se pretende tirar concessões de ninguém, ou seja, mexer no que já está feito. O objetivo seria, pois, regular o que virá.

Se assim for, perde-se talvez o principal objetivo de uma lei desse gênero, principalmente para fazer jus ao que exige a Constituição, ou seja, evitar oligopólios. De que valerá uma lei de mídia se empresas poderão seguir detendo várias (dezenas?) cadeias de TV, rádio, jornais e revistas?
  
Ley de Servicios de Comunicación Audiovisual N.º 26.522 
 Artículo 45 - Multiplicidad de licencias. A fin de garantizar los principios de diversidad, pluralidad y respeto por lo local se establecen limitaciones a la concentración de licencias. 
 En tal sentido, una persona de existencia visible o ideal podrá ser titular o tener participación em sociedades titulares de licencias de servicios de radiodifusión, sujeto a los siguientes límites: 
 1- En el orden nacional: 
 a) Una (1) licencia de servicios de comunicación audiovisual sobre soporte satelital. La titularidade de una licencia de servicios de comunicación audiovisual satelital por suscripción excluye la posibilidad de ser titular de cualquier otro tipo de licencias de servicios de comunicación audiovisual. 
 b) Hasta diez (10) licencias de servicios de comunicación audiovisual más la titularidade del registro de una señal de contenidos, cuando se trate de servicios de radiodifusión sonora, de radiodifusión televisiva abierta y de radiodifusión televisiva por suscripción con uso de espectro radioeléctrico. 
 c) Hasta veinticuatro (24) licencias, sin perjuicio de las obligaciones emergentes de cada licencia otorgada, cuando se trate de licencias para la explotación de servicios de radiodifusión por suscripción con vínculo físico en diferentes localizaciones. La autoridad de aplicación determinará los alcances territoriales y de población de las licencias. 
 La multiplicidad de licencias - a nivel nacional y para todos los servicios - en ningún caso podrá implicar la posibilidad de prestar servicios a más del treinta y cinco por ciento (35%) del total nacional de habitantes o de abonados a los servicios referidos en este artículo, según corresponda. 
 2 - En el orden local: 
 a) Hasta una (1) licencia de radiodifusión sonora por modulación de amplitud (AM). 
 b) Una (1) licencia de radiodifusión sonora por modulación de frecuencia (FM) o hasta dos (2) licencias cuando existan más de ocho (8) licencias en el área primaria de servicio. 
 c) Hasta una (1) licencia de radiodifusión televisiva por suscripción, siempre que el solicitante no fuera titular de una licencia de televisión abierta. 
 d) Hasta una (1) licencia de radiodifusión televisiva abierta siempre que el solicitante no fuera titular de una licencia de televisión por suscripción. 
 En ningún caso la suma del total de licencias otorgadas en la misma área primaria de servicio o conjunto de ellas que se superpongan de modo mayoritario podrá exceder la cantidad de tres (3) licencias. 
 Artículo 158 - Régimen de licencias vigente. Los actuales titulares de licencias legalmente otorgadas para explotar algunos de los servicios regulados por esta ley, que hayan obtenido renovación de licencia o prórroga, no podrán solicitar una nueva extensión de plazo por ningún título, quedando expresamente habilitados para participar en concursos y/o procedimientos de adjudicación de nuevas licencias.  

Sem discutir os limites impostos pela lei argentina, parece-me que o Brasil corre risco de criar uma jabuticaba jurídica, com pouco efeito prático.

* Leia também (acrescentado em 24/2):

Política de mídia está nacontramão da de EUA e Europa

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Trabalhando... (na Suécia - 2)





quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015 | | 2 comentários

3 anos após cassação, Félix diz que apostava na absolvição

Em razão do trabalho, fui ao MIS (Museu da Imagem e do Som), na badalada avenida Europa, em São Paulo, no último dia 23 de janeiro. Eram dez horas da noite quando disse o tradicional "É com você no estúdio" com o qual encerro minhas entradas ao vivo no "Jornal da Cultura". Mal me despedi e vi, à direita, uma figura familiar. Os milésimos de segundo que separaram a dúvida da certeza se deveram unicamente à quase impossibilidade de encontrar tal pessoa naquele momento e lugar. Mas estava lá: Silvio Félix da Silva.

O ex-prefeito de Limeira chegara naquele momento, meio perdido, manifestando a intenção de visitar a exposição que celebrou os 20 anos do "Castelo Rá-Tim-Bum", programa infantil exibido com sucesso pela TV Cultura. Disse-me que tinha ouvido que a mostra ficaria aberta de madrugada. Expliquei que isto ocorreria apenas no fim de semana, e não naquela sexta-feira.

Antes, naturalmente, ocorreram tradicionais e educados cumprimentos, com manifesto espanto de parte a parte pela surpresa do encontro. O prefeito cassado explicou que tinha acabado de deixar a Assembleia Legislativa, onde a esposa e ex-primeira-dama Constância dava expediente como futura deputada-tampão. Como primeira suplente do PDT na eleição de 2010, ela assumiu no último dia 1° de fevereiro uma vaga no Parlamento estadual no lugar do então deputado Major Olímpio (PDT) - que tomou posse na Câmara Federal.

Como a posse dos estaduais ocorre apenas em 15 de março, Limeira voltou a ter, mesmo que por apenas 45 dias e de modo meramente protocolar, um representante na Assembleia após 16 anos. "Ela está lá no gabinete dele (Olímpio)", citou Félix.

Foi a deixa para que eu entrasse nos assuntos políticos. Tinha duas curiosidades. A primeira era saber se o prefeito cassado ainda tinha disposição para permanecer na política. Ele não negou de imediato e com a veemência que eu imaginava. "Ainda estou filiado ao PDT", respondeu. A saída pela tangente na prática quis dizer que ele não pensa em "pendurar a chuteira".  

Contudo, Félix foi claro ao dizer que sua prioridade é se defender na Justiça das acusações de improbidade administrativa e enriquecimento ilícito da família - que levaram à perda de seu mandato na fatídica e tumultuada noite de 24 de fevereiro de 2012. “Minha maior vitória neste momento é na Justiça, não na política”, disse.

Félix contou que acabara de vencer um processo envolvendo a contratação da empresa Prime durante seu governo. Afirmou que há outras ações em que ainda se defende. Para minha surpresa, reconheceu o papel do Ministério Público na avalanche que atingiu sua carreira política e, de modo direto, sua vida. “O Ministério Público fez o papel dele, o meu agora é me defender, é assim que as coisas têm que ser”, comentou.

O ex-prefeito lembrou, num misto de sobriedade e resignação, que está inelegível até 2020 em razão da suspensão dos direitos políticos decorrente da cassação do mandato. Depois disso, resolvidas as pendências judiciais, disse com bastante cautela que pode até pensar em se candidatar a algum cargo. É novo, terá apenas 56 anos quando a punição se encerrar.

Minha segunda curiosidade era a que mais me aguçava. Diante do quadro que se desenhou nos dois dias que durou a sessão de julgamento pela Câmara Municipal, perguntei a Félix se ele realmente acreditava que poderia ser absolvido.

Parêntese necessário: a cassação dependia de dez votos de um total de 14 vereadores, sendo que a base governista, como regra no país, era maioria no Legislativo, embora esfacelada diante do escândalo político que envolveu até a prisão da primeira-dama e dos dois filhos do então prefeito na manhã de 24 de novembro de 2011.

Outro parêntese necessário: a pergunta martelava na minha cabeça por causa da reação de absoluta decepção do então prefeito diante do voto de um dos vereadores – Carlos Rossler, um dos dissidentes da base governista na ocasião. Quinto a votar naquela noite de 24 de fevereiro, Rossler bradou – para delírio da plateia que lotava o auditório da Câmara Municipal – um sonoro e histórico “Não!!!” (que significava sim à cassação). Em tese, Félix ainda teria chances, mas preferiu abandonar o plenário naquele momento, sem esconder seu inconformismo com o que considerou uma traição, tendo deixado de imediato o Legislativo sem esperar o resultado final da votação que lhe tirou o comando da prefeitura.

Não sei exatamente a razão, mas a resposta do ex-prefeito mais uma vez me surpreendeu. “Sim. Eu achava que teria mais dois votos”, falou. Perguntei se ele se referia ao então vereador Antônio Braz do Nascimento, o Piuí, peça-chave na cassação. “Sim, e também o Rossler”, acrescentou.

Comentei com Félix que Rossler havia contado à imprensa na ocasião que, momentos antes da votação, durante breve encontro na sala de reuniões atrás do plenário, ele havia dado ao então prefeito um sinal de positivo. Foi, segundo o então vereador, um “truque” para esvaziar uma eventual pressão que poderia ser feita contra ele – a estratégia parece ter dado certo, já que Félix admitiu que contava com o voto de Rossler.

O ex-prefeito comentou que a posição de Piuí poderia ser compreendida diante de suposta ameaça (ou coação) que teria sido feita por promotores dias antes da sessão de julgamento na Câmara contra o então vereador governista (que havia, inclusive, votado a favor do prefeito na Comissão Processante que antecedeu o julgamento da cassação). “Isto está com o Rodrigo Janot (procurador-geral da República) em Brasília, está sendo investigado”, contou Félix. “Foi você que denunciou?”, perguntei. “Sim”, respondeu o ex-prefeito.

Durante os cerca de 15 minutos do inusitado encontro, houve tempo para comentar a situação de Americana, que também teve o prefeito Diego de Nadai cassado e vive um caos administrativo após nova eleição tampão. Tempo suficiente para Félix, mais uma vez, de modo surpreendente, elogiar o Ministério Público de Limeira. “Se em Americana tivesse os promotores de Limeira não tinha acontecido isso lá”.

***

E como manifestações surpreendentes não faltaram naquela noite no MIS, Félix se despediu dizendo que, "apesar das desavenças", estava muito feliz em me reencontrar...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015 | | 0 comentários

Reflexão

Dia desses, refletindo sobre os desafios da profissão, identifiquei a fonte da subsistência da imprensa no futuro: produzir informação de qualidade. 

Sim, não é nada novo, ao contrário, é bastante óbvio, mas resume bem diversas análises que tenho lido (muitas delas postadas aqui no blog) a respeito do futuro de jornais e do jornalismo em geral.

Porque a Internet trouxe, como nunca antes, facilidades para a existência daqueles que apenas reproduzem informação.

Quem não produz, só reproduz, está de fato ameaçado.

sábado, 7 de fevereiro de 2015 | | 0 comentários

Orgulho nacional

Enquanto a estatal Petrobras agoniza na lama da corrupção e das interferências políticas e econômicas de uma gestão governamental incompetente, a privatizada Embraer segue em voo de cruzeiro e apresenta sua nova joia, o KC-390, o novo avião militar, maior modelo e projeto já desenvolvidos no Brasil:


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015 | | 0 comentários

O dia em que a República caiu (não caiu?)

A impressão ao ver o noticiário sobre a Operação Lava Jato, cuja nova fase ganhou o sugestivo nome de “My Way”, foi a de que a República cairia. E o PT, se possível fosse, acabaria (porque, para mim, o partido que um dia admirei morreu faz tempo).

Se o tesoureiro petista João Vaccari Neto estava tão interessado em esclarecer as “infundadas acusações” que vêm sendo feitas contra ele (não pela “imprensa golpista” nem pelo “pretenso golpista juiz Sérgio Moro”, conforme blogs vermelhos, e sim por executivos em processos de delação colhidos pela Polícia Federal e Ministério Público), uma dúvida: por que se recusou a abrir a porta de sua casa para a PF? 

Se tanto queria esclarecer os fatos, por que precisou de um mandado coercitivo para ser levado a depor?

Quem não deve, não teme – diz o velho ditado.

Ditados, porém, não podem nem devem servir como indício de culpa. A todos os acusados, o benefício (legal, ademais) da dúvida e o princípio da inocência.

Mas que está cada vez mais complicado, está.

* Leia também:

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Impeachment é legal (diz petista!), mas há que ser legítimo

"Qualquer deputado pode pedir à Mesa da Câmara a abertura de processo [de impeachment] contra o presidente da República. Dizer que isso é golpe é falta de assunto." A frase não é de um tucano em busca do 3º turno, mas de um petista insuspeito. Ela foi articulada por José Dirceu em 1999, quando o PT liderava um movimento para afastar o então recém-reeleito Fernando Henrique Cardoso, que, como Dilma, perpetrara um estelionato eleitoral ao manipular o câmbio em favor de sua candidatura. (...)

A frase e o comentário – trazidos à luz pelo filósofo Hélio Schwartsman em coluna na “Folha de S. Paulo” - encerram qualquer discussão.

E reforçam a ligação umbilical entre PT e PSDB, passado e presente de si mesmos. O tal do “eu sou você amanhã”.

De todo modo, quero deixar claro: NÃO EXISTEM motivos para qualquer pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Por mais que o respeitado jurista Ives Gandra da Silva Martins tenha produzido um parecer no qual sinaliza a possibilidade do impedimento por culpa e não necessariamente dolo, não há um elemento fundamental para que tal processo seja colocado no momento: clima social e, decorrente deste, político.

Considero o governo Dilma incompetente, mas até aí não há motivo algum para derrubar uma presidente eleita legitimamente.

Contudo, como já mostrou um dia o baluarte petista Dirceu, não há que se demonizar um instrumento LEGAL previsto na Constituição Brasileira, por mais que petistas hoje façam ecoar aos quatro ventos que trata-se de golpismo – visão endoçada por respeitados analistas, como Mario Magalhães. 

Da Responsabilidade do Presidente da República 

Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: 
I - a existência da União; 
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; 
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; 
IV - a segurança interna do País; 
V - a probidade na administração; 
VI - a lei orçamentária; 
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. 
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento. 

Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. 
§ 1º - O Presidente ficará suspenso de suas funções: 
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; 
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal. 
§ 2º - Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo. 
§ 3º - Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão. 
§ 4º - O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.


É legal, é possível, só não é neste momento legítimo.

Enquanto não existir o elemento fundamental da legitimidade (popular e política), o impeachment seria sim uma tentativa de golpe que, creio, não encontraria respaldo no Congresso. Se em algum momento a legitimidade do pedido surgir, não há que se falar em golpismo. O país já fez isto uma vez com um presidente também legitimamente eleito e ninguém falou em golpe – nem se teve no decorrer dele uma quebra democrática ou institucional.

Até porque, como já demonstrado, institucionalizado o instrumento está. E na Constituição!

O resto é mero “blá-blá-blá”.

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"O fado da bola"

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Flor azul

Seu moço,
Faça um favor.
Pegue água cristalina,
Bote neste regador,
e regue aquela flor azul.
Ela é a mais bela 
entre todas as flores,
do Jardim dos olhos de minha Mãe.

(De Rodrigues Lima, dedicado à mãe dele – e, com licença que peço, extensivo a todas as mães)

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Reforma ou ruptura?

Por vezes, ao pensar nos problemas políticos ou esportivos do Brasil - ou mais precisamente na solução destes problemas (que, na minha visão, passa necessariamente pela troca das figuras que hoje protagonizam estes setores) - chego à conclusão de que não haverá mudança se não houver ruptura.

Por ruptura, entenda-se um processo radical, que pode incluir certo grau de violência (refiro-me a invasões, não a agressões). Talvez o exemplo mais próximo do que imagino seja a Revolução Francesa (embora nela cabeças tenham literalmente rolado).

Afinal, não se imagina mudar a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) ou o Congresso Nacional sem que o povo tome o poder (algo próximo do que assistimos nas Jornadas de Junho, em 2013). Na ocasião, defendi que não se fazia mudanças com protestos organizados (hora e local marcado, sem ameaças ou prejuízos). Argumentava que o poder político só se sentiria pressionado pelo poder econômico e este, por sua vez, só pressionaria se tivesse prejuízos.

Em resumo, defendia o radicalismo no lugar do diálogo para situações que considero aparentemente sem solução.

Pois dia desses, conversando com o sempre provocativo filósofo Luiz Felipe Pondé, comecei a mudar de opinião. Pondé comparou a evolução histórica de França e Inglaterra para indicar que a reforma, e não a ruptura, pode levar a mudanças efetivas e estáveis. Demora mais (muito mais), mas cria bases sólidas - e, portanto, duradouras.

Em dado momento da história, os dois países enfrentaram desafios semelhantes - questionamentos aos abusos do absolutismo. Ambos tinham longa tradição monárquica. A França, como já registrado, optou pela revolução. Guilhotinou rei e rainha, entre outros, e derrubou o regime. Como consequência, o país viveu décadas de instabilidade política, com um vai-vem sem fim, ora restaurando-se a monarquia, ora a república.

Sem contar que a ruptura criou um vácuo de poder instantâneo, disputado forte e violentamente por grupos distintos, antes unidos contra um mesmo inimigo - a monarquia. Uma instabilidade que, de certo modo, avançou até o século 20 (não é preciso lembrar as várias convulsões sociais em solo francês).

Já a Inglaterra buscou outra solução. Reduziu poderes reais, mas manteve o regime. Num primeiro momento, o diálogo entre forças da sociedade pode ter transmitido a impressão de falsa mudança. Afinal, o símbolo maior dos abusos - a realeza - permanecia tal e qual (aparentemente). Mas as mudanças de modo lento e progressivo deram ao país uma certa estabilidade que o fez atravessar as décadas seguintes de modo mais seguro - e assim seguiu no século 20.

Segurança institucional que, neste caso, é pré-condição para o desenvolvimento.

Aliás, o processo econômico está intimamente ligado ao político, como bem explicado pelo renomado economista francês Thomas Piketty em “O capital no século XXI”: “No Reino Unido, as coisas foram diferentes – mais lentas e sem tanto fervor” (p. 134).

Para ser justo, em nenhum momento Pondé taxou um modelo como adequado ou melhor que outro. Apenas registrou, nas experiências bastante conhecidas de Inglaterra e França, que às vezes a reforma pode se mostrar, na distância do tempo, mais eficaz do que a ruptura.

No Brasil, portanto, terá que ser mesmo no voto - o que dependerá da qualidade da educação das futuras gerações.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015 | | 0 comentários

Trabalhando...

A família e a escola são as principais responsáveis pela obesidade das crianças:


WhatsApp chega a 700 milhões de usuários:

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Um motivo real contra a pena de morte

Sempre usei como um dos argumentos contra a pena de morte a possibilidade - real e infelizmente não rara - da Justiça cometer um erro e punir, sem chance de volta, um inocente.

Para os que defendem a pena capital como solução para os problemas da violência, recomendo que leiam o depoimento de Ron Keine dado à BBC Brasil e postado no UOL, cujo trecho reproduzo abaixo. O norte-americano enfrentou o corredor da morte nos Estados Unidos e seu relato mostra os riscos da punição máxima num país corrupto como o Brasil:

"Estava viajando com cinco amigos da Califórnia para Michigan para visitar outros amigos. Em um dos Estados por onde passamos, Novo México, fomos presos por homicídio. 

A gente não levou muito a sério, fizemos piada. Então eles nos colocaram na cadeia e pensamos: tudo bem, a qualquer momento, vão descobrir quem fez isso. 

A gente acreditava na Justiça. Eu achava que a Justiça não cometia erros. Meu Deus, anos depois eu aprendi: tantos erros são cometidos! Há 160 pessoas que, assim como eu, estavam no corredor da morte e descobriu-se que eram inocentes. 

Quatro meses depois, nos levaram a julgamento e nos colocaram no corredor da morte. 

Estávamos trancados em celas individuais, num grande corredor. Só saíamos dali se o advogado viesse nos visitar. Não tínhamos direito a exercícios nem a banho. Por dois anos eu não tomei banho. Girava a torneira da pia, sentava debaixo dela e deixava a água cair. 

No corredor da morte eu fazia uma coisa horrível. Tinha um calendário na parede e ia colocando um x em cada dia. Fiz um círculo bem grande no dia que eu seria executado. 

Todos os dias você acorda e pensa: vou morrer em poucos dias. Dói. 

Quando vai chegando mais perto da execução, as pessoas ficam perdidas. Não sabem quem são, o que são. Há relatos de pessoas que foram levadas para o local em que seriam mortas e disseram: deixei minha sobremesa na mesa, vou voltar a tempo de comer? Elas ficam desorientadas, nem sabem que vão morrer. 

O problema é que muitas dessas pessoas são inocentes. A gente tinha esperança porque sabíamos que não tínhamos feito nada. Mas você está lá, tentando provar que é inocente, e ninguém acredita, porque todo mundo fala isso. 

Pensávamos: os promotores cometeram um erro e vão descobrir. Mas meses depois descobrimos que eles não tinham cometido um erro: eles nos incriminaram. 

Nove dias antes da minha execução, um homem estava andando na rua e disse que Deus falou a seu coração. Ele foi até a igreja mais próxima e confessou que tinha cometido o assassinato. E só foi assim que saímos. 

Ele era um policial e, por isso, não foi condenado à morte. Ficou na prisão por sete anos. 

(...) O sistema nos EUA é corrupto. Promotores mentem para matar as pessoas. E se você não tem dinheiro para um bom advogado, você vai morrer. Se você é negro, ou hispânico, não integra júri; se não acredita na pena de morte, não integra o júri. Todas essas leis são contra o pobre. 

Sempre que você dá a alguém o poder de matar outra pessoa, ela vai fazer isso. A única forma de acabar com isso é tirar das pessoas o poder de matar. Este poder corrompe. (...)"

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Arquitetura, cidade & sociedade

(...) Arquitetura é matéria e vazio, história e esquecimento. Cada obra monumental ou ínfima corresponde a algo que deixou de existir, ou que poderia ter sido feito e não foi. O tempo tem sido cruel com as escolhas que São Paulo faz pelo menos desde os anos 1920, com seus rios aterrados, seu modelo de transporte baseado em avenidas, seus tributos ao elo conceitual entre concreto/aridez e progresso/bem-estar - Minhocão, Memorial da América Latina, o Largo da Batata no estado em que se encontra hoje.

Numa cidade que precisa justamente do contrário, ou seja, menos impermeabilização que impeça o solo de absorver a chuva, mais áreas verdes que diminuam o inferno das temperaturas atuais, espaços menos hostis ao convívio comunitário, uma estética de mais harmonia com a paisagem natural e humana se impõe cada vez mais como forma de inteligência. O que é aceito na teoria, mas quase nunca na prática. (...)

Fonte: Michel Laub,
“Feiura e destruição”, Folha de S. Paulo, Ilustrada, 5/12/14.

* Leia também:


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Frase

“Muitas vezes, se concentrar em conseguir levantar de manhã e trabalhar, conseguir olhar para as pessoas à sua volta e ser generoso, pode ser o maior dos milagres na Terra.
Luiz Felipe Pondé, filósofo, em artigo para o jornal “Folha de S. Paulo”

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A falta de água - direto do "Mundo da Lua"

Lucas Silva e Silva, 20 anos atrás, fazia um prenúncio dos tempos atuais...



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Direto do toca-CD (50)

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
Quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
Quando eu estiver fogo
Suavemente se encaixe
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce

Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti
Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti


(“Sutilmente”, de Nando Reis e Samuel Rosa)