quarta-feira, 21 de janeiro de 2015 | |

Na Suécia, escola ensina a mudar

O jogo surgiu no século 19 como diversão. Virou tênis de mesa quando se profissionalizou. Mas numa escola da Suécia continua sendo o bom e velho pingue-pongue. Pode não parecer, mas os jovens estão aprendendo enquanto se divertem, como ressalta Lucas Morales, estudante e diretor de arte júnior. A Suécia também exporta educação. Um jeito diferente de ensinar. Ou melhor, de mostrar o que é preciso aprender.


Bem-vindo – indica a sala de aula da Hyper Island. É a área que mais se parece com uma classe como as das escolas brasileiras. Os alunos, de várias partes do mundo, estão atentos às explicações para a próxima tarefa. Ficam bem à vontade - tem até quem tira um cochilo. A aula, no sentido tradicional, dura menos de dez minutos. Hora de partir para a criação.

A escola que tem "ilha" no nome é um espaço cercado de pessoas criativas por todos os lados. E é este espírito que ela quer despertar nos estudantes. Os princípios colados nas paredes - como manter o foco e ter energia positiva - já foram vistos por 22 mil alunos.

A diretora Johanna Frelin conta que a escola nasceu em 1996 numa pequena cidade da Suécia com apenas 16 estudantes e um programa sobre novas tecnologias. Foi criada por três homens que queriam revolucionar a educação oferecendo treinamentos de uma maneira diferente porque tiveram experiências ruins na escola. “Na verdade, estamos tentando ensinar as pessoas a aprender, a serem curiosas e a entenderem a forma como a sociedade evoluiu para uma cultura digital que não tem volta. E tentar dar poder às pessoas e encorajá-las a escolher mudar”, diz ela.

Ensinar as pessoas, principalmente os jovens, a viver num mundo que muda numa velocidade nunca antes vista. É este o foco dos programas da Hyper Island. Mais do que ensinar regras ou ferramentas, estimular os alunos a pensar e a lidar com as mudanças que este novo mundo traz.

Por isso a aula tradicional toma só uma pequena parte do tempo dos estudantes. O resto é reservado para a prática - é assim que eles vão aprender. Sempre em grupos. Num espaço que é uma grande sala de aula, tudo pode mudar a qualquer dia. Inclusive os biombos que servem de paredes. E os próprios estudantes é que definem como vai ficar cada espaço. E isto tudo faz parte do aprendizado.








Os papéis coloridos lembram as tarefas e servem de estímulo à criatividade. O ambiente divertido ajuda o trabalho. Os alunos ficam concentrados. Na tela do computador, o filminho ganha forma. Thiago Masci tem 29 anos e chegou aqui em agosto do ano passado para um curso de um ano. Especializado em design de animação, procurou a Hyper Island para se aperfeiçoar.

Em breve, filmes como os do Thiago poderão ser feitos no Brasil. A Hyper Island abriu no ano passado uma filial em São Paulo. Por enquanto são apenas dois cursos rápidos, mas a ideia é ampliar a oferta de programas, inclusive com cursos de longa duração. “A Suécia tem uma longa tradição de proximidade com o Brasil. Nós compartilhamos os mesmos valores e como temos muitos estudantes que vêm aqui e refrescam nossos programas, achamos que seria muito fácil estar no Brasil”, fala a diretora.

Um intercãmbio que ganha novos parceiros e pode ajudar os dois países. A ONG “Young Innovation Hub” em Estocolmo, criada há cinco meses, aposta na troca de experiências para estimular novos negócios. Foi isto que levou o brasileiro Michael Figueiredo a colaborar com o projeto.


Uma das fundadoras da ONG, Sissa Pagels conta que o plano é ambicioso: criar uma comunidade global de empreendedores. Para isso, a ONG conecta os jovens com empresas e investidores. “Quero que eles entendam que podem trabalhar localmente, mas que são globais. Eles estão conectados com outras pessoas ao redor do mundo. Eu quero os jovens conectados com diferentes países”.

* Texto original (com adaptações para o blog) de reportagem feita para o programa “Matéria de Capa” (TV Cultura, dom., 19h30)

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