sexta-feira, 23 de janeiro de 2015 | |

As lições de jornalismo do PVC

Trechos da entrevista do jornalista Paulo Vinícius Coelho, o PVC, para o UOL Esporte. Vale a pena ler e refletir, são verdadeiras lições de jornalismo:

UOL Esporte: O PVC repórter é um pouco ofuscado por esse PVC comentarista de televisão e o PVC blogueiro?
PVC: Tem uma diferença de opinião e análise. Opinião todo mundo tem. Estamos em uma era em que todo mundo opina, cria. Eu posso achar qualquer coisa sobre qualquer coisa. Mas isso não quer dizer que tenha profundidade e tenha valor. Uma opinião tem valor? Claro que tem. Mas uma análise que tem apuração, que tem um cara que conversou com um, conversou com outro, checou os dois lados, construiu uma história, conseguiu analisar, citando quais foram as fontes, isso tem mais valor. O que eu tento fazer é esse tipo de análise. Eu não sei se ofusca. O que eu acho que ofusca é essa espetacularização da notícia. É quando você percebe que o jornalista virou quase um artista. O jornalista não é para ser artista. O jornalista é para dar a informação e para analisar a informação. Nesse cenário, não é que o repórter fica ofuscado. Fica ofuscado o jornalista em toda a sua plenitude. Ou seja, o jornalista que apura, que checa, que recheca, que interpreta, que analisa, que junta 20 anos de história, de experiência. Isso tá fora. O cara olha na TV a imagem do cara que tá aparecendo na televisão. E não tem como mudar isso. Tem como você ter a percepção de qual é o seu papel diante de disso. E o seu papel não é ser uma celebridade, é ser um jornalista.

UOL Esporte: De qualquer maneira, ainda te assusta o fato de você virar notícia? Isso te incomoda? Emendando, você é tímido?
PVC: Eu sou tímido. A vida inteira eu falo isso. Eu tinha 14 anos e comecei a esboçar para falar para algumas pessoas que eu pensava em ser jornalista e eu ouvia: "não pode porque você é muito tímido". Até hoje eu sou. Outro dia eu contei para o Flávio Gomes e ele adorou. Quando eu fiz a minha primeira matéria, eu passei pela rua Jurubatuba (em São Bernardo do Campo), e tinha um anúncio: "jornal O Diálogo". Eu bati na porta, subi a escada, tinha lá uma redação e eu pedi um frila. (...) Então eu tinha de aprender a driblar essa timidez. O que me assusta não é você entender que você virou notícia. Para resumir: eu sou jornalista. Se você decidiu fazer uma nota no UOL ou em outro lugar julgando que o que está acontecendo comigo é notícia, eu como jornalista tenho de entender que na opinião de outro jornalista isso tem um valor de notícia. Nesse momento eu virei notícia. Outra coisa é eu ter a percepção que o meu papel não é ser notícia. O meu papel é ser jornalista. Então, não é para ser notícia. Se for, foi circunstancialmente. (...)

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