segunda-feira, 8 de dezembro de 2014 | |

Questões sobre jornalismo

Recentemente, li duas críticas jornalísticas que reforçaram convicções que carrego ao longo da carreira - e pelas quais lutei (inclusive "comprando briga" do ponto de vista conceitual com gente que, atrasada, virou-me a cara).

Uma diz respeito a uma noção (contemporânea talvez), reforçada pela explosão de meios, de que a comunicação exige conteúdo e forma - ambas de qualidade e caminhando juntas. Não se tem sucesso sem uma ou outra.

(...) É o modelo que restou à TV aberta, hoje, do jornalismo de tabloide. Como não há produção de notícia policial para tanta demanda, o que se vê continuamente é a sobreposição de coberturas, em canais e programas diversos ou no mesmo telejornal, caso do repetitivo "Hora Um". 

Mas o programa tenta não ser só isso. Seu trunfo, mais que uma tediosa agenda política de Brasília ou um requentado noticiário internacional, é a apresentadora Monalisa Perrone, que consegue tratar com naturalidade os assuntos sangrentos e com proximidade a audiência. (...)

Fonte: Nelson de Sá, “Informalidade do ‘Hora Um’ atenua jornalismo de tabloide”, Folha de S. Paulo, Ilustrada, 3/12/14.

A outra questão envolve os números - que, frios, costumeiramente indicam a prevalência do abstrato sobre o humano, disfarçam deficiências de apuração e escondem a preguiça. Jornalismo é, sobretudo, contar histórias de vida, de pessoas, de gente.

Isto sem considerar que os números, muitas vezes, enganam.
  
(...) Não é novidade que jornais e jornalistas gostam de qualquer notícia que possa ser "traduzida" em percentuais ou rankings. A preferência parte da crença de que algum grau de mensuração torna o conteúdo mais confiável e lhe confere uma aura de precisão ou seriedade. Se, em levantamentos extensivos como o do IBGE, isso é verdadeiro, em boa parte das vezes, é pura balela. (...)

Fonte: Vera Guimarães Martins, “Oh, céus! Oh, vida!”, Folha de S. Paulo, Ombudsman, 7/12/14.

Não sou visionário, apenas procuro fazer o que acho correto - de acordo com o que aprendi nos bancos da faculdade, nos congressos e seminários de que participei e com a vida. 

Um dia, quem sabe, volte a ter oportunidade de estar à frende de discussões como estas.

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