segunda-feira, 17 de novembro de 2014 | |

Era Dilma 2: futuro incerto

O prognóstico foi feito neste blog um dia antes do segundo turno.

Com menos de um mês pós-eleição, ele começa a se desenhar.

No campo econômico, a reeleita Dilma Rousseff (PT) enfrenta um desafio sem tamanho: em uma semana ela viu sua equipe adotar medidas duras que atribuía ao adversário, como o aumento dos juros e do preço dos combustíveis, sem contar a manobra para esconder o rombo nas contas públicas.

Considere-se ainda um ministro da Fazenda demitido há dois meses, em plena campanha, mas que segue no cargo. E um futuro ministro que mostra-se cada vez mais incerto, já que as sondagens presidenciais não têm encontrado eco diante do pouco espaço que o caráter de Dilma costuma conferir aos seus auxiliares.

Some-se ainda a artilharia da senadora petista Marta Suplicy, que deixou o Ministério da Cultura criticando a política econômica de Dilma e a falta de credibilidade do governo.

Na política, a presidente enfrenta desafios tão ou mais delicados. Na Câmara Federal, vê seu inimigo Eduardo Cunha (RJ), do “aliado” PMDB, assumir a dianteira na disputa pela presidência da Casa.

No ministério, críticas públicas de Marta e do secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho – ambos lulistas de carteirinha.

A esquerda petista (sim, ainda existe esquerda no PT) também fez uma cobrança pública em carta aberta a Dilma, Lula e ao comando do partido:

Vencemos a batalha eleitoral pela reeleição da presidência da república, mas é evidente que as massas trabalhadoras e a juventude sancionaram severamente nosso partido nas urnas. (...) 
 Apesar de todos os erros do nosso partido e do Governo, a classe trabalhadora deu mais uma chance ao PT. Mas, um partido que ganha a eleição e perde nos centros políticos e econômicos do país está fadado ao fracasso. Para reverter este processo é preciso parar com a agitação sobre uma suposta constituinte e reforma política, que é uma forma de contornar os problemas concretos atuais e remeter sua resolução para um futuro nebuloso, e finalmente não levará a nada. Sem esperar mais, já, imediatamente, é preciso retomar a iniciativa política governando para as massas e atendendo às suas reivindicações (...).

A fatura eleitoral começa a ser cobrada (vem aí Gilberto Kassab como ministro...).

E tem ainda o escândalo da Petrobras a rondar o Planalto.

O que vai ser daqui pra frente é incerto, daí ser prematura qualquer previsão a respeito do futuro de Dilma.

Um fato, porém, é inegável: nenhum presidente (nem Fernando Collor) assumiu o mandato num clima tão desfavorável como Dilma fará a partir de 1° de janeiro.

***

Conforme a carruagem andar, a reeleição de Dilma poderá decretar o fim do PT. Se não oficialmente, ao menos em razão do desempenho nas urnas - hipótese apresentada pelo jornalista Igor Gielow em coluna na “Folha de S. Paulo”:

(...) O escândalo da Petrobras ameaça a todos, mas só um partido corre risco existencial com ele: o PT. 
 Em seus governos, o partido colocou a estatal no topo da agenda; fez controle inflacionário ao represar reajustes de combustível, enquanto Lula embebia as mãos com petróleo, à Getúlio. Para cada descoberta no pré-sal, contudo, parece ter havido uma contrapartida obscura. 
 PMDB, PP e outros estão citados, mas o PT tinha o leme. Depois de sobreviver ao mensalão e sofrer derrotas apesar de reeleger Dilma, o que sobrará do partido se o que se insinua na Lava Jato for comprovado?

Leia também:

0 comentários: