quarta-feira, 19 de novembro de 2014 | |

A ligação perversa das obras e campanhas eleitorais

A lógica revelada (ou confirmada) pela operação Lava Jato, da Polícia Federal, é a seguinte: as grandes empreiteiras participam de negociatas e garantem as maiores e mais caras obras do país – e, em alguns casos, no exterior, sob patrocínio de influentes políticos locais.

As nove construtoras que hoje estão na berlinda são as maiores do País, responsáveis por boa parte dos R$ 221,7 bilhões que o setor da construção civil faturou em 2013. Elas estão em todos os grandes projetos do governo e na maior obra em infraestrutura do País, a refinaria Abreu e Lima, orçada em R$ 37,4 bilhões e centro da operação Lava Jato. Seja como prestadoras de serviços ou sócias de consórcios, elas também atuam diretamente em projetos estruturais, como a construção da hidrelétrica Belo Monte, no Pará, uma obra de R$ 30 bilhões. 

Também estão presentes em obras emblemáticas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como a transposição do São Francisco, o Rodoanel de São Paulo e a ferrovia Norte-Sul, além das usinas Jirau (RO) e Santo Antônio (RO).
 

Fonte: Lu Aiko Ota e André Borges, “Operação Lava Jato pode comprometer futuro do programa de concessões”, O Estado de S. Paulo, Economia, 18/11/14, p. B1.

Em troca, pegam parte do dinheiro superfaturado que recebem e financiam as milionárias campanhas eleitorais, num círculo vicioso que se retroalimenta infindavelmente.

É tão simples, claro e óbvio como 2 + 2 = 4.

Detalhe: não bastasse a corrupção, ainda pegam dinheiro público emprestado a custo menor que o de mercado no bom e velho BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Como disse o governador eleito do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), em entrevista ao programa "Roda Viva" (TV Cultura, seg. 22h): "Estamos diante de fatos que implodiram o sistema de organização do jogo político. A reforma política se tornou um imperativo absoluto, o Congresso vai ter que deliberar. Só lamento que vai deliberar no meio de um profundo terremoto."

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